"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"O doutor Durão Barroso é o português vivo mais importante de sempre" disse a páginas tantas Cavaco Silva, com a maior cara de pau e rancor imagem de marca, na apresentação do livro onde se propõe ensinar aos outros a não serem Cavaco Silva.
Ver na televisão Durão Barroso, o primeiro-ministro que serviu de mordomo na Cimeira das Lajes, e Paulo Portas, o ministro da Defesa que organizou o encontro que decidiu a invasão ilegal do Iraque, com as consequências que perduram desde 2011 - terrorismo islâmico, vagas sucessivas de refugiados para a Europa, nascimento e ascensão do ISIS, guerra na Síria, milhares de mortos no Mediterrâneo, instabilidade em toda a região, mais fome e miséria, a comentarem a invasão russa da Ucrânia. Não ter a puta de vergonha na cara, não deles, que nunca a tiveram, mas das televisões que os convidam para o prime time, pagam principescamente, e de todos os que assistem, passivos e amorfos, sem se dignarem a fazer zapping.
O ex-subsecretário de Estado no Ministério de Assuntos Internos, ex-secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação, ex-ministro dos negócios Estrangeiros, Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, ex-deputado eleito à Assembleia da República, ex-presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros, ex-primeiro-ministro do XV Governo Constitucional, ex-mordomo da Cimeira das Lajes que decidiu a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, ex-presidente da Comissão Europeia, Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, ex-professor convidado da Universidade de Genebra, chairman do Banco Goldman Sachs International, José Manuel Durão Barroso: "Elites portuguesas não têm estado à altura da capacidade de resiliência do povo".
Durão Barroso, o português cuja nacionalidade não foi impedimento para chegar a presidente da Comissão Europeia, acusa a Comissão Europeia de discriminação por ser ele, um português, a "assinar" pela Goldamn Sachs.
Curioso, ou nem por isso, ver um maoista passar-se para o outro lado, para o lado da Goldman Sachs que lucrou milhões – custou milhões aos contribuintes europeus durante a maior crise financeira de que há memória desde a Grande Depressão; para a Goldman Sachs que maquilhou as contas públicas gregas – custou milhões aos contribuintes gregos e aos contribuintes europeus, passar-se para o lado dos inimigos do povo, sem o reconhecer – a mui famosa auto-crítica, um dos pilares do maoismo, antes pelo contrário, vitimizando-se qual Calimero. Para ele reeducação pelo trabalho – outro dos pilares do maoismo.
[Na imagem Li Fanwu, governador de Heilogjiang, com o cabelo cortado por membros da Guarda Vermelha numa praça de Harbin, após ser acusado de se tentar parecer a Mao. Li Zhensheng, Contact Press Images, 12 de Setembro de 1966]
Como se a questão não fosse o privilégio que Durão Barroso teve em ser presidente da Comissão Europeia; como se a questão não fosse o conhecimento privilegiado adquirido por Durão Barroso enquanto presidente da Comissão Europeia; como se a questão não fosse a agenda de contactos metodicamente preenchida por Durão Barroso presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso vai tornar-se no primeiro ex-presidente da Comissão Europeia a ver retirados os chamados "privilégios de passadeira vermelha" por Bruxelas, na sequência do cargo que ocupa na Goldman Sachs [...]
Ricardo Costa: "Como é que reage quando lhe lembram a Cimeira das Lajes e o papel que teve na Cimeira das Lajes [...]?"
Durão Barroso: "Bom... como é que reajo... ouço as críticas, conheço as críticas, [...] aaa... aliás na altura com o apoio [o rosto ilumina-se-lhe com um esboço de sorriso] do Parlamento português e com o apoio do Presidente da República de Portugal doutor Jorge Sampaio [...]"
Durão Barroso não foi o mordomo das Lajes. O mordomo das Lajes foi Jorge Sampaio. O mordomo das Lajes foi Durão Barroso porque Jorge Sampaio e o Parlamento disseram que sim. O mordomo das Lajes não foi um foram dois, foram Jorge Sampaio e o Parlamento português com Durão Barroso no papel de mordomo do mordomo, se calhar até contra vontade.
Agora os meninos e as meninas vão escrever 50 vezes no caderno "não foi a troika que criou a crise, foi a crise que criou a troika", disse Durão Barroso na Universidade [cof, cof] de verão do PSD com um sorriso eureka de orelha a orelha e sem que ninguém na sala de aulas lhe tivesse perguntado quem é que afinal criou a crise, já que não aparece explicado na charada para T. P. C. .
Era mais, muito mais, honesto terem posto o Matt Groening a discursar.
«Em causa negociatas, tentativas de branqueamento e enriquecimento ilícito e figuras públicas, políticos, estruturas partidárias, altos funcionários do Estado e firmas privadas. É esta a índole dos envolvidos. São Pedro da Cova, crime ambiental, corrupção, branqueamento, fraude fiscal e tráfico de influências que já duram há quase 20 anos. Crimes que continuam por investigar. Cavaco Silva, Durão Barroso, Valentim Loureiro, Nuno Melo, Assunção Cristas e Marco António Costa são as personalidades que, directa ou indirectamente, estão ligadas a esta sucessão de acontecimentos.
«El hombre detrás de los negocios-fiasco de los portugueses en Colombia
El eurodiputado Mario David aprovechó el TLC para beneficiar socios suyos y a su hijo, con el apoyo del gobierno Santos. La hermana de la canciller terminó de gerente de uno de las firmas lusitanas»
Durão Barroso, que o povo grego mentiu e deu instruções para mentir, sem nunca falar em Nova Democracia. Aliás o Syriza que se desenmerde. Durão Barroso preocupado com uma possível saída da Grécia do euro que leve por arrasto Portugal e Espanha. Vai daí o bullying, de "sentido de Estado", à Grécia por parte dos governos português e espanhol, desde o primeiro dia, não da vitória do Syriza mas da derrota da Nova Democracia. A Nova Democracia que recebeu ordens do povo grego para dar instruções ao banco central e ao tribunal de contas para manipular os dados e agora povo grego está a pagar um enorme preço por isso e por ter votado no Syriza. Aliás o Syriza que se desenmerde.