"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Tempo para recuperar declarações dos nossos grandes democratas "A Venezuela! A Venezuela" que com a sua abstenção contribuíam para a vitória no Brasil de um saudoso do fascismo, da repressão e da tortura: Assunção Cristas. "Entre Bolsonaro e Haddad, escolhia não votar".
A direita radical que passou dias inteiros no Twitter e no Facebook a arremeter contra Baltasar Garzón pelo pedido de extradição de Pinochet, posteriormente cooptada na horda de "técnicos" e "especialistas" que inundou ministérios, secretarias de Estado e agências estatais avulso nos idos do Governo Passos/ Portas, é a mesma direita radical que exulta com a nomeação de Sérgio Moro ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Tire o cavalinho da chuva quem pensa que isto tem a ver com corrupção, isto tem a ver com ditadura e repressão.
Mário Soares também disse que "estamos a caminho de uma nova ditadura" mas, como pelo seu passado e pelo seu percurso político, era demasiado imbecil acusá-lo de estar a legitimar uma ditadura, e como tinham de reagir, de dizer qualquer coisa, invariavelmente na linha do ou entra mosca ou sai asneira, saiu asneira, e pegaram na legitimação da violência, um tema sempre caro à Direita, mui defensora da ordem e da legalidade e das hierarquias e de cada macaco no seu galho e expert em usar a violência legislativa do Estado sobre os cidadãos e a violência, legitima e legitimada, das polícias para a fazer acatar. Polícias que parece, agora, lhe estarem a fugir ao controlo, o que vem baralhar as contas e não deixa até de ter a sua piada.
"Portugal não será o Chile da Europa", gritava-se nas manifs logo a seguir à revolução de Abril de 74, enquanto as salas de cinema esgotavam meses a fio para ver Chove em Santiago de Helvio Soto.
Personagens como Joe Berardo, que está morto em casa há pelo menos 37 anos sem que o fisco, a vizinhança, ou a comunicação social tenham dado por isso, devem ser estimulados e incentivados a virem a terreiro dizer o que lhes vai na alma como forma de trazer os jovens de volta à política e à contestação.
Fazendo de conta que até nem percebi que as declarações vinham carregadas de ironia direccionada ao suposto autismo e teimosia de José Sócrates, mas que lhe saíram (mais) um tiro no pé. Subitamente o país inteiro perdeu o sentido de humor…
Fazendo de conta que o tiro no pé foi precisamente porque Manuela Ferreira Leite deixou cair nas entrelinhas que, se um dia for Governo, não contem com ela para nada, porque fazer reformas contra as corporações em Portugal, é tarefa impossível. Um inesperado laivo de sinceridade-compreensiva para um futuro fracasso das reformas empreendidas por este Governo.
Fazendo de conta tudo isto, pode a líder do PSD tocar a arrebanhar no seu partido os discípulos dos Chicago Boys (que os há) , e começar desde já a preparar na sombra a alternativa à governação. Podemos depois voltar todos para as ruas a gritar “Portugal não será o Chile da Europa!”
Ainda assim não consigo ver grande diferença entre o modus operandi dos tempos da ditadura, para os tempos daqueles que se advogam de terem «contribuído para a consolidar (a democracia), em Portugal»
Recordam-se do 28 de Maio de 1926 em Portugal? Faz hoje anos.
Entretanto no outro lado do mundo, também a 28 de Maio, só que de 2007, portanto hoje – ano zero; é instaurada oficialmente uma ditadura.
Hugo Chávez não renovou a licença à cadeia RCTV, o que por consequência levou ao seu encerramento. Em seu lugar vai aparecer (mais) uma cadeia do Governo.
Entretanto por cá, na Europa, anda tudo a assobiar para o lado…