Shakespeare, Cervantes, e Camões
Shakespeare, Cervantes, e Camões, os três autores perceberam bem que em dado momento é possível que figuras enlouquecidas emergidas do campo da psicopatologia assaltem o poder e subvertam todas as regras da boa convivência. Quando ficarem em causa os fundamentos constitucionais, científicos, éticos, políticos, e os pilares de relação de inteligência homem-máquina entrarem num novo paradigma que lugar ocuparemos nós como seres humanos? O que passará a ser um humano? Consta que em pleno séc. XVII dez por cento da população portuguesa teria origem africana. Essa população não nos tinha invadido, os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui, e nos miscigenámos . O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade, cada um de nós é uma soma, tem sangue do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco e do negro, e de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou, filhos do pirata e do que foi roubado, mistura daquele que punia até à morte e do misericordioso que lhe limpava as feridas. Um ser humano é um ser de resistência e de combate, é só preciso determinar a causa certa.
Em Lagos, Lídia Jorge, comissária para as comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, num dos mais brilhantes discursos proferidos desde que o Dia da Raça morreu, explica também porque é que a cultura, a educação, o conhecimento, são os primeiros alvos dos fascistas quando tomam o poder. E nem é preciso recuar até à imagem que ilustra o post, vamos só até ali à América, e às universidades e museus sob ataque da administração Trump.