"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Assim de repente: o muro que é mau entre Gaza e Israel e na fronteira dos Estados Unidos com o México é o muro que era bom em Berlim, apesar de ter caído para o lado de cá;
a CGTP, a força sindical representativa dos trabalhadores e das suas reivindicações, o Solidariedade na Polónia, uma manipulação da CIA e do Vaticano;
os milhares nas ruas de Lisboa e do Porto em genuínos protestos contra a troika, contra a governação à direita, contra o que quer que seja, os milhares manipulados pelos 'amaricanos', pela União Europeia, e pela NATO nas ruas de Kyiv, Tiblissi, Erevan;
o imperialismo 'amaricano' no Vietname e na Coreia, a invasão de Granada, as ditaduras sul-americanas patrocinadas pelos Estados Unidos e as invasões da Hungria e da Checoslováquia que nunca aconteceram nem tampouco a do Afeganistão, tudo pedidos de ajuda de governos legítimos;
a justeza das eleições na Venezuela, na Bielorrússia, em Cuba, a fraude que é Zelensky na Ucrânia e Jaruzelski a fazer o que tinha de ser feito na Polónia em defesa dos trabalhadores.
"Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, podemos ter muitos defeitos, mas se há coisa que somos é coerentes". É a chamada coerência do caralho.
[Imagem: "According to the precepts of Ilyich" Soviet poster, 1980]
Temos uma vara de porcos neo-fascista no Parlamento guardada por um taberneiro mas a preocupação deste gajo, doutor gajo, é a alegada destruição por dento da "direita democrática" pela, também alegada, "extrema-esquerda".
A extrema-direita enobrece, eleva e engrandece a direita, quiçá até robustece a democracia, Tony Blair, a terceira via, Gerhard Schröder, nunca existiram, o Bloco de Esquerda não está hoje no lugar onde os partidos socialistas estavam nos 70s.
Que gentinha desonesta e mal-formada, benza-os Deus.
O advogado de Salazar n' Os Grandes Portugueses indignado com a [falta de] democracia e a manipulação do judicial pelo poder político a propósito das eleições na Roménia. Estas coisa não se inventam...
Para rejeitar categórica e veementemente a Riviera do Médio Oriente de Trump com a exigida deslocação de 2 milhões de palestinos não havia necessidade de meter o "mundo livre" e a "democracia liberal" ao barulho nem elencar as maldades que os impérios europeus fizeram em África para explorarem os recursos naturais, nem a expulsão pelos alemães dos herero e nama da actual Namíbia, ou o "Caminho das Lágrimas" dos índios norte-americanos, nem os aborígenes australianos, a "natureza selvagem e predatória do capitalismo", sobretudo quando deliberadamente se deixam de fora 18 milhões de deslocados por Estaline, desde cossacos a nómadas cazaques, passando por azeris, curdos, tártaros, calmucos, tchetchenos, e outros etno descendentes avulso. Deslocando o título do filme de Walter Salles, alguma alegada esquerda "ainda está aqui" com grande prejuízo para a esquerda.
Morre Fausto, um dos nomes maiores da música popular portuguesa de sempre, no panteão ao lado dos dois Zés, o Afonso e o Mário Branco, e no dia a seguir são estas as primeiras páginas dos três jornais generalistas que ainda restam nas bancas. Melhor que isto só a peregrinação de um Papa a Fátima. Merecemos tudo o que nos cai em cima.