Novilíngua
Novilíngua: A Adidas não despede 300 trabalhadores na Maia, a "Adidas dispensa 300 colaboradores na Maia".
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Novilíngua: A Adidas não despede 300 trabalhadores na Maia, a "Adidas dispensa 300 colaboradores na Maia".
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A Altice Portugal vai proceder a um despedimento colectivo de 300 pessoas. Por culpa do Governo. Por culpa da entidade reguladora. Por culpa do atraso do dossier 5G. Por culpa do "contexto muito adverso que se vive no setor das comunicações" em ano de pandemia que originou um tráfego nunca antes visto por via do teletrabalho. Por culpa de todos os outros, trabalhadores colaboradores ou não da Altice, que continuam a trabalhar e a descontar, já que "é o único meio" que pode garantir aos trabalhadores "o acesso a medidas de protecção social, nomeadamente ao subsídio de desemprego". Ainda bem que a mais-valia para os patrões e accionistas não tem nada a ver com isto.
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A Comissão Europeia, que foi contra o aumento do Salário Mínimo Nacional, tem saudades do Governo da direita radical e da reforma que Passos Coelho lamentou ter deixado por fazer - baixar os custos do trabalho, e insinua que Portugal deve ir mais longe na facilitação dos despedimentos e na precariedade.
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António Borges já cá não está, Deus tenha piedade da sua alma. Sérgio Monteiro anda por aí a tratar da vidinha. José Luís Arnaut é o José Luís Arnaut. E Pedro Passos Coelho está de abalada. Se os CTT tivessem sido privatizados por um Governo PS, como estava previsto no Plano de Estabilidade e Crescimento de José Sócrates para 2010, os deputados da bancada parlamentar socialista hoje não tinham 800 razões para fazer prova de vida em defesa dos postos de trabalho e do serviço público. De fazer chorar as pedras da calçada.
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Aparece um senhor em nome da Altice, diz que é o dono, nas televisões a falar português de Portugal, a prova provada de que é possível ficar rico a trabalhar, ou a personificação do Tio Patinhas de Walt Disney, ganhou um tostão, guardou-o numa redoma e a partir daí foi um vê se te avias, até ficar dono de um império, que veio, vieram, para Portugal para fazer investimento, criar riqueza, para os bolsos quem, não disse, para criar emprego, mas os portugueses, esses madraços, com o Governo das esquerda à cabeça, socialista, estalinistas, trotsquistas e outras coisas terminadas em "istas", maléficos como o caralho, não querem. Não querem. Não querem. Sem que nenhum "jornalista", entre aspas e fora de aspas, lhes pergunte "ó faxavor, então se vêm para Portugal para criar emprego porque é que vão despedir três mil?".
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A UGT, que assina de cruz códigos do trabalho a flexibilizar o despedimento e a diminuir o valor da compensação financeira pelo mesmo, é a UGT que está agora muito preocupada com a possibilidade "criminosa" da Altice poder despedir três mil trabalhadores, curiosamente só depois da CGTP ter saído para a rua pela mesma razão.
[Imagem de autor desconhecido]
«Reino Unido. Lloyds Bank vai eliminar 945 postos de trabalho
Estes cortes fazem parte do plano de eliminação de cerca de 9.000 postos de trabalho até 2017.»
E no fim bateram todos muitas palmas.
[Patrick Bateman na imagem]
A Corticeira Amorim anunciou «vendas recorde de 463 milhões de euros até Setembro, mais 7,7% do que no período homólogo, e um crescimento de 43% do lucro, para 41,6 milhões de euros», nove anos depois dos despedimentos por antecipação ao que a crise global iria «certamente evidenciar».
Dos 195, a ganhar o salário mínimo nacional, e das suas famílias já ninguém se lembra, o que vende jornal, assanha a inveja e faz Prós e Contras na televisão é o senhor Américo em primeiros no top of the pops dos mais ricos de Portugal.
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Paulo Portas que na campanha eleitoral veio insinuar que os empresários só estavam à espera de saber se ele e o brother-in-arms Passos Coelho seriam reeleitos para decidir dos investimentos na economia, na economia que cria emprego, do emprego que cria riqueza, da riqueza que traz bem-estar às pessoas e crescimento económico ao país, blah-blah-blah, assim mesmo, tudo chavões em modo Twitter que entram nas orelhas dos mais distraídos e fazem as delícias da comunicação social câmara de eco, só precisou de esperar 4 – quatro - 4 dias para ter a resposta dos empresários, que investem na economia, que cria emprego e coise. Foi tiro e queda.
[Imagem de autor desconhecido]
Sendo o Governo Regional da Madeira o maior empregador das ilhas, directamente via serviços e administração pública, ou indirectamente por via de concessões várias e das obras públicas adjudicadas a empresas "do regime", e estando o PSD, e as vitórias eleitorais do PSD, dependentes da rede clientelar assente nesta relação promíscua, como é que Miguel Albuquerque vai implementar a sua reforma do Estado sem “exterminar” o partido que dirige?
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Os Brâmane/ Os amigos, do Estado e da sociedade civil libertada:
Os Shudra/ Os outros/ Os intocáveis, aqueles até cuja sombra é impura:
«480 funcionários da Segurança Social dispensados a partir de amanhã.
Em causa estão, de acordo com as contas do Negócios, 460 assistentes operacionais e vinte professores e educadores. Estas 480 pessoas somam-se às 150 que já tinham sido colocadas em requalificação.
[Conta Twitter de Pedro Passos Coelho]
O Governo fora-da-lei [para os mais esquecidos o David deu-se ao trabalho de compilar todas as violações da Lei fundamental da República], o Governo da austeridade para além da troika custe o que custar, o Governo de "o FMI e a Comissão Europeia não deixam", o Governo do "está escrito no memorando de entendimento que os outros assinaram" [como se não houvesse internet nem fotografias do Blackberry do senhor pintelhos], o Governo do "ja, ja, Herr Schäuble", teve de súbito um arrufo de legalidade e de preocupação social e até bateu o pé à troika e tudo, com o ministro do CDS por detrás de todos os cortes em subsídios e prestações sociais e da TSU e da TSU dos pensionistas, sem que nunca ninguém desse por ele, a aparecer agora, todo lampeiro e de cara lavada, que «apresentou vários argumentos que acabaram por convencer a troika a recuar na recomendação». Há uma linha vermelha que o Governo e principalmente os ministros do CDS não deviam ultrapassar nem sequer pisar: a do respeito pela inteligência dos portugueses.
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Adenda: Os sindicatos podem dizer o que quiserem, estão no papel deles, que a gente que trabalha e anda na rua todos os dias bem viu a contestação social e as "jornadas de luta" que levaram o Governo a recuar nas suas intenções, perdão, a bater o pé à troika.
Ao "fora-da-lei" no currículo, tantos são os chumbos no Tribunal Constitucional, o Governo junta a "protecção à ilegalidade" e demite-se de uma das suas funções – a defesa do Estado de Direito, numa altura de maior exposição dos trabalhadores a abusos e violações da lei por parte de patrões com menos escrúpulos. Depois das sucessivas desvalorizações do valor do trabalho e dos subsídios e apoios sociais a etapa seguinte só podia ser esta. Mais uma medida em prol da mais-valia dos patrões e accionistas, com a assinatura do CDS "das famílias", com o álibi de "um mercado de trabalho mais dinâmico e eficiente":
«Indemnizações por despedimento ilegal podem baixar»
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E a saga continua, com a UGT a fazer-se de início muito esquisita e a rejeitar, para a seguir se fazer de responsável e de sentido de Estado e assinar, sem ganhos substantivos, para depois vir protestar que as outras partes faltam à palavra dada e não cumprem a sua parte no acordo assinado. Dizem que é uma negociação. Negociação, aquilo que o vice-trampolineiro Paulo define como um acordo em que ambas as partes ficam a ganhar. E andamos há mais de 30 anos nisto.
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Adenda: Ainda estamos à espera que João Proença denuncie o acordo de concertação social por o Governo continuar a não cumprir e a adiar as medidas para o crescimento e emprego.