"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Em quem votou Américo Amorim nas Presidenciais de 2006 e de 2011? Em quem vai votar nas Presidenciais de 2016, o homem a quem 2 – dois – 2 milhões de pobres não superam a fortuna e que em 2009, quando já estava no Top of the Pops dos mais ricos, não teve pejo em despedir 195 a ganhar o salário mínimo nacional, por antecipação ao que a crise global iria «certamente evidenciar»? Em quem vota Américo Amorim?
Dos paineleiros-comentadeiros, com lugar cativo nos media e agenda governamental para cumprir, não são de esperar milagres argumentativos depois do "t’arrenego!" a Mário Soares. De Paulo Portas, sempre mui pio e temente na primeira fila, logo à frente do ambão e de boca aberta para tomar O Senhor, é esperado mais um milagre contorcionista, ou o milagre com que é, pela Graça de Deus, atendido bastas vezes: o de passar pelos intervalos da chuva.
E confirma por ver, e sentir na pele cada vez mais osso, no dia-a-dia, e quando começa a cheirar a dinheiro fresco e os Pá Triques Monteiros deste país não se tiram das televisões em declarações e entrevistas e debates, e às portas dos ministérios com os investimentos e os desenvolvimentos e os apoios e a criação de emprego e a sustentabilidade das empresas e todo o léxico que nem de longe possa soar a subsídio:
Sua Excelência, o Presidente da República que nos calhou em sorte, chega, com pelo menos 20 anos de atraso e um dia após ter promulgado o Código do Trabalho, às preocupações que afligem meio mundo desde o pós II Guerra Mundial, para depois, numa qualquer futura declaração ou num livro de memórias, vir dizer que há já 10 anos que vinha alertando para o facto. Haja paciência.