In Memoriam
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Depois do favela-chic e do homeless-chic, o segundo, e presumo que não o último capítulo, agora dedicado aqueles que estão na sub-sub-cave do "elevador social", que nem uns cobres para o saco-cama homeless-chic têm, e exemplarmente retratados pelo cronista dos tempos que correm, Gabriel O Pensador, em O Resto do Mundo, "eu queria morar numa favela, O meu sonho é morar numa favela".
De fácil arrumação e transporte, evita o ter de se andar ao papelão todas as noites, sabe-se lá os germes e os micróbios que os papelões apanhados por aí podem conter, e, muito mais importante, não fere a vista e é arquitectonicamente enquadrável, permitindo, por exemplo, dormir encostado aos Jerónimos, à Torre dos Clérigos, ou ao Templo Diana, sem chatear por aí além os turistas endinheirados.
Foda-se! É só o que me ocorre dizer.
Diz que a verdadeira moda é aquela que consegue sentir o pulsar da rua e não aquela que ambiciona fazer a rua pulsar. Diz.
E, quando na idade do 1% vs. 99%, a rua começa a ficar de rastos e a arrastar consigo a moda e a banalizar, por via da "apropriação", comercialização e massificação, imagens que antes nos revoltavam, isso quer dizer o quê, para a moda e para a rua?
Depois da "Favela-chic" o "Homeless-chic".
O plástico é translúcido para garantir um interior sempre bem iluminado, pelo sol durante o dia, e pelas lâmpadas de rua [!!!] durante a noite.
É 2 em 1: Resolve o problema da habitação e dos custos inerentes - com um jardim na porta da frente que lhe dá um ar bucólico e classe média-alta ou, como alternativa, horta caseira para ajudar o orçamento familiar; resolve o tão badalado "problema" capitalista neo-liberal da "mobilidade social". Como se toda a evolução da Humanidade não estivesse assente na sedentarização do Homem.
O futuro vai ser tão brilhante que vamos todos ter de usar óculos de sol.
Quando a prioridade deixa de ser eliminar "o problema" para passar a ser acomodar "o problema", da melhor forma possível e com um mínimo de dignidade.
Fico com a letra da canção de Gabriel O Pensador a ecoar-me dentro da cabeça, "Eu queria morar numa favela… Eu queria morar numa favela… Eu queria morar numa favela… O meu sonho é morar numa favela…".