Viva a Liberdade!
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Pablo Hasél, rapper catalão, detido para cumprir pena de nove meses de prisão, mais dois anos e três meses se não pagar as multas a que foi condenado por insultos à coroa, às instituições do Estado e apologia do terrorismo, sendo que o tribunal de recurso reconheceu que os crimes por que foi condenado não constituíam qualquer risco para a ordem pública nem incitavam à prática de quaisquer crimes, na figura do rap que compôs e gravou com Juan Carlos, rei emérito de Espanha, como objecto de crítica, e que goza uma merecida reforma dourada nos Emirados Árabes Unidos, paga com o dinheiro dos escândalos de corrupção em que está envolvido.
É mesmo aqui ao lado. A democracia e a liberdade de expressão nunca são um dado adquirido e o Estado de direito é sempre mais direito para um lado.
[Imagem com link]
Catalunha, Feveiro de 2021, Joan Mateu Parra & Emilio Morenatti no Instagram [links nas imagens].
A Direita liberal, e empenhada em tirar o peso do Estado da economia [aqui], avisa que acabou o tempo de investir em escolas - à parte o aumento do cheque aos estabelecimentos privados de ensino, eis algo que ainda ninguém tinha percebido, e avisa que o tempo é de "estímulo à economia", não de subsídio-dependência, que é palavra que não consta no léxico liberal, apesar do desfile diário de "empresários" e de detentores de boas ideias e de patrões de empresas e de patrões de corporações e de investidores, pelas televisões e pelos painéis e fóruns para a descoberta da pólvora, os mesmos desde que Portugal descobriu ouro no Brasil, todos cheios de boas ideias e bons projectos e fé no futuro e no dinheiro que há-de vir do Estado, a bem da economia, da Nação, e da criação de riqueza, que se esmifra em contas no Deustch Bank e outros bancos noutras latitudes, a salvo de algum Chipre que por aí apareça.
Pelo meio a Direita liberal, e empenhada em tirar o peso do Estado da economia, mas preocupada com o desemprego e com os desempregados [também aqui] limpa a sua consciência social-cristã e ganha umas indulgências com uns pozinhos de propaganda, na forma de "apoio ao negócio dos cafés".
E se fossem gozar com quem vos talhou as orelhas?
[Imagem]
Metem-se as férias, é um virote de não fazer nada e isto fica logo tudo descontrolado. Ainda vai a tempo. O meu texto no Delito de Opinião:
Dizia um velhote na televisão, a ver a vida a andar para trás à frente da frente de incêndio que, “a minha mata está limpa, limpo-a todos os anos, a do Estado não”. “Porquê?”- perguntava o atrapalhador de serviço aos telejornais – “não sei… nós não mandamos no Estado, o Estado é que manda em nós…”, fazendo com isto as delícias dos blasfemos e insurgentes e outros liberalizadores económicos, e só económicos, porque de costumes estamos liberalizados até demais. Toca pois a privatizar as matas e as florestas do Estado porque assim ainda alguém as limpa. Duas vezes mas limpa, e a primeira a limpar é logo do património comum herdado de centenas de anos de história. Wrong answer. Nós é que mandamos no Estado, assim uma espécie de Luís XIV alargado e democratizado: o Estado somos nós. E esta é a pior frente de incêndio, a da submissão e do medo respeitoso, e que consome há muuuuuitos anos a alma deste povo com várias frentes conjugadas numa só, e que aproveita aqueles que a pretexto da rentabilização económica e da creação (assim mesmo, com “e”) de riqueza e da segurança das populações e das aldeias ensaiam um fast forward a uma espécie de feudalismo século XXI.
Introduzi umas pequenas-grandes alterações ao post roubado a Pacheco Pereira:
«Classificar, nomear, chamar um nome é um poder. Em Portugal ninguém tem problemas em chamar à extrema-esquerda, extrema-esquerda. Mas nunca se chama à extrema-direita, extrema-direita. Mas ela existe, é o CDS/ PP. O discurso de Portas é um típico discurso de extrema-direita como ela é hoje. Tem as mesmas ideias do passado, a mesma visão da sociedade, a mesma mescla ideológica, mas não usa os rótulos e não quer que ninguém os use. A comunicação social situacionista também os evita com muito cuidado.»
Isto só para dizer que o que me preocupa a mim é que José Sócrates «possa vir a ficar refém» do CDS e de Paulo Portas.
Ou se calhar isto resume-se tudo a uma questão (de uso) de gravatas…
(Foto de Guglielmo Sandri)
As empresas deixaram de ter “Trabalhadores” para passarem a ter “Colaboradores”. Ser “Trabalhador” implica haver um vínculo contratual, uma relação deveres/ direitos. Ser “Colaborador” é ser aquele que está ali para quando for preciso; tem conotação de “descartável”. Os trabalhadores são despedidos, os colaboradores são dispensados. Não vejo como se possa falar em «novilíngua do país socrático». Tenho como adquirido que com a Dona Manuela seria exactamente o mesmo. Interpreto antes como sinais dos tempos, e as culpas a serem assacadas devem-no ser às noviempresas e aos noviempresários. O Governo adapta-se à novisemântica.
(Foto de Toby Melville via Reuters)