"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
“A globalização, como processo resultante do progresso civilizacional, não implica a vassalagem dos estados, o alastramento da pobreza e do desemprego, a destruição das conquistas sociais, a agressão à natureza.”
Não, não é ao maior beneficiário da globalização – a China – e à total desregulação dos mercados; à completa ausência de direitos e garantias dos trabalhadores chineses; ao absoluto desrespeito pelo meio-ambiente; ao poder discricionário dos patrões e das marcas que se refere Aurélio Santos. É “à Dra. Ferreira Leite” e à “responsabilidade de economistas como ela, e com a cumplicidade da «social-democracia»” que contribuíram para o “desenvolvimento galopante em escala mundial do fenómeno da chamada globalização neoliberal”.
Quanto ao resto estamos de acordo.
Na foto roubada ao New York Times, uma família de migrantes originária da Mongólia à porta da sua “casa”, e que se viu na contingência de se mudar para a Província de Ningxia para possibilitar ao pai poder trabalhar perto da fábrica.
O que nos leva a outra parte do Avante!
Alfredo da Silva era cúmplice do regime fascista; explorador da classe operária; sujeitou os empregados a múltiplas violências; ele e os seus descendentes embolsaram fortunas; e tudo o que o Avante! quiser escrever. Mas, a escola dentro da fábrica; o posto médico; a cantina; as instalações desportivas; o bairro de habitação social; para todos os trabalhadores e seus familiares, sem excepção, ainda lá estão no Barreiro.
Repressão por repressão talvez fosse melhor trabalhar para Alfredo da Silva que para uma qualquer marca ou multinacional na China dirigida pelo partido-irmão do PCP…
(Daí a explicação para que, numa cidade onde a Câmara Municipal, com excepção de um executivo PS, sempre esteve nas mãos do PC, nunca ninguém ter ousado retirar a estátua de Alfredo da Silva do coração da então vila, agora cidade)