Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Critérios editoriais?!?

por josé simões, em 21.12.07

 

Os factos:
 
- 20 de Abril de 2004; no âmbito do processo Apito Dourado, Valentim Loureiro, Pinto de Sousa e José Luís Oliveira, entre outros, são detidos pela Polícia Judiciária. Em quase directo e em todos os telejornais, era possível identificar perfeitamente a cara dos elementos da PJ envolvidos na operação. A façanha viria a ser repetida no dia seguinte nas primeiras páginas do Correio da Manhã e do 24 Horas.
 
- 3 de Dezembro de 2004; Pinto da Costa comparece voluntariamente no Tribunal de Gondomar para depor no âmbito do processo Apito Dourado, depois de na véspera a PJ ter falhado uma busca em sua casa com mandato de detenção. As imagens referentes ás detenções de 20 de Abril tornam a passar nas televisões, com as caras dos elementos da Judiciária perfeitamente identificáveis, e o Correio da Manhã, pelo menos e que me lembre, repete a façanha no dia seguinte nas páginas centrais.
 
- 16 de Dezembro de 2007; a Judiciária do Porto desencadeia uma operação com vista a detenção do chamado Gangue da Ribeira liderado por BrunoPidá”; são detidas 14 pessoas. É impossível identificar quem quer que seja pela cara uma vez que todas as televisões passam as imagens desfocadas. O mesmo sucede nos dias seguintes à medida que os suspeitos vão entrando e saindo do TIC para, e após as audiências, pela juíza de instrução criminal.
 
- 29 de Dezembro de 2007; Ferro Rodrigues testemunha no julgamento do processo Casa Pia arrolado pelos arguidos Carlos Cruz e Carlos Silvino; à saída as televisões não se inibem de mostrar grandes planos da viatura em que se deslocava; marca, cor, modelo, e respectiva matricula.
 
A questão que interessa:
 
- Ignorando deliberadamente, aqui e para o caso, o código deontológico, a ética, a isenção, a notícia acima de tudo e blá-blá-blá; e porque nos tempos que correm a promiscuidade entre jornalistas e poder político é de tal forma escandalosa - saltitando alegremente das redacções para os gabinetes ministeriais em assessorias de imprensa, mais as agências de comunicação e o diabo a sete - que só por si dava um blogue; qual é o critério editorial que leva a sacrificar na praça pública a identidade de agentes das forças de segurança, um ex-líder e ex-deputado de um partido referência no sistema político nacional, para o caso do PS, e a poupar a de um bando de presumíveis malfeitores?
 
Fui aluno de jornalismo e não era isto que ensinavam na escola!
 
(Foto fanada no Guardian)