"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Pela televisão ficámos a saber que "existem mais de 4 000 livros na Amazon com referências a Ró náldo [como se diz na televisão]", um gajo que nunca na vida leu um livro.
Pela televisão ficamos a ver o eleito presidente da maior potencia mundial com um léxico ao nível de uma criança de 7 anos a assinar decretos com um marcador de ponta 2,0 mm, ele que não sabe interpretar um texto literário do 9.º ano de escolaridade.
Depois dizemos aos putos para estudarem, lerem, cultivarem-se, para serem alguém na vida.
Na antevisão ao Eslováquia vs Portugal a contar para o Euro 2024 tivemos na sala de imprensa Cristiano Ró náldo [assim mesmo, com dois acentos, como dizem nas televisões] para falar dos recordes que já bateu, dos recordes que ainda vai bater, em como é muito bom, ele e o Messi, mais ele que o Messi, os clubes por onde passou, e ele e o umbigo dele e o umbigo dele e ele, que no estado islâmico o futebol é bué bom, as mulheres, as minorias, religiosas ou outras, os homossexuais, isso nem os jornalistas do pontapé-na-bola sabem o que é quanto mais ele que é o melhor do mundo e arredores, e isto tudo numa antevisão a um jogo da selecção, e que o futebol em Portugal é uma palhaçada. E tem razão. Na parte do palhaço rico.
Ró náldo, que foi oferecido a todos os grandes da Europa e por todos recusado para a acabar na Arábia, diz que não volta à Europa porque o futebol na Europa coise. E os palermas do jornalismo Farinha Amparo de micro esticado sem reacção. Fala filho, fala, não porque te estejas a enterrar todo mas porque nós não sabemos mais que isto e costumamos deixar o cérebro em casa quando vimos para estas merdas. Estas ou outras. E ele falou. E ficámos a saber que até Ró náldo ir para Itália não havia futebol em Itália, depois Ró náldo foi para a Arábia e o futebol na Arábia passou a ser o melhor do mundo. O Ró náldo está para o futebol como o Paulo Querido está para as redes sociais, foi ele que inventou tudo. E finalizou "Estão a ver como eu sou bom? Já bati este recorde e este recorde e ainda a semana passada bati este recorde aqui. E até já bati o recorde do gajo que consegue falar mais vezes do próprio umbigo. Estão a ver aquela canção do Jovanotti, o L' ombelico del Mondo? Foi-me dedicada pelo próprio. #Chupa"
* Ró náldo, que é assim mesmo que todos os palermas nas televisões lhe dizem o nome, com dois acentos agudos.
O alegado melhor do mundo, a quem a mãe e as irmãs, no intervalo da mama, delas, não souberam ensinar que difícil não é chegar lá, difícil é saber sair, que por ser o melhor do mundo o umbigo não cabia numa Liga Éropa, como dizem nas televisões, e que a agência de comunicação Mendes meteu a correr a Éropa, com a Éropa alegadamente a correr atrás dele, oferecido em todos os campeonatos, do bife ao boche, passando pelo esparguete, o franciu e o dos olés, suscitando os desmentidos mais rápidos da história da comunicação, plantada em primeiras páginas, ao alegado interesse no alegado, acabou a assinar por um clube do estado islâmico, ele que tem a mesma ideia das mulheres, de Las Vegas a Riade, um clube de topo da Liga Allahu Akbar, que meteu um palerma comentadeiro com lugar cativo na televisão do militante n.º , "quer dizer", "quer dizer", a afiançar que agora o campeonato dos Laurences vai ter uma projecção mediática nunca antes vista, e outro, um lagarto sofredor com idade para dar lugar aos novos, a jurar que isto lhe vai dar minutos e pernas para ser seleccionado até aos 40, o Milla que se cuide, isto antes de se saber que o alegado melhor do mundo foi segunda escolha, depois de descartado o melhor do mundo, em tom de brincadeira, claro. Como diria o beato foge aos impostos, o maior cagão com a maior vaca da história das selecções, "O que é que eu posso dizer? É o melhor do mundo". O comprovado melhor idiota talvez, na maneira como gere o sunset da carreira.
Da primeira vez que tivemos onze jogadores em campo a jogarem à bola entre si, e a divertirem-se, em vez de os habituais dez, em esforço, a jogarem a bola para um, Portugal deu chapa seis à Suíça, com Gonçalo Ramos, o jogador mais jovem depois de Pelé a assinar um hat trick em jogo de estreia num mundial, o gajo que só foi convocado porque é do Benfica, segundo os cabeçudos da clubite futeboleira, duas horas depois de terminado o match que consagrou Gonçalo Ramos o "Man of", nas televisões portugueses continuava-se alegremente a falar de Ró Náldo [com dois acentos, como eles pronunciam], a sua "mais que prevista e anunciada decadência", os mesmos que até anteontem juravam que o crack ia bater o recorde de Roger Milla. Numa coisa há que tirar o chapéu ao 7, sem que fique a descoberto a caspa e a oleosidade, é que nem Beckam, a solo ou em parceria com a posh girl, conseguiu alguma vez projectar a sua imagem desta maneira, que falem de mim, dele, bem ou mal, mas que falem.
Depois de uma magistral derrota frente à Ucrânia o melhor que ocorreu à única Selecção do mundo onde os melhores não jogam, vítimas dos medos de um seleccionador a que os comentadeiros e analistas chamam de conservadorismo, foi uma exaltação no Twitter do capitão e dos objectivos e metas a que se propôs. Não explica tudo mas ajuda a perceber a lusitana cultura e crença no homem providencial, o D. Sebastião que numa jogada genial do sistema de jogo de 9 para 1, nos vai guiar à glória só ao alcance das selecções nacionais que teimam em jogar num colectivo de 11.
Ver Cristiano Ronaldo, valorizado no estrangeiro [Inglaterra e Espanha], na Gala da Federação Portuguesa de Futebol a fazer discurso contra valorização dos jogadores estrangeiros em Portugal. É por causa de palermas destes que os Andrés Venturas desta vida triunfam. [E a propósito do futsal ainda rematou com o quão difícil é um português ser português em Espanha, as "tribulations" de um jogador tuga num balneário em Madrid. Como não joga sozinho, o futebol é um jogo de 11, alguém que lhe faça um desenho. A mãe, por exemplo, mê rique menine]
Errado, Cristiano Ró-náldo. As pessoas, cumpridoras das suas obrigações fiscais, sentem-se incomodadas quando vêem alguém, que ganha num dia o que elas ganham num ano, em prejuízo do bem comum usar da chico-espertice chamada "planeamento fiscal" para fugir com umas migalhas do seu rendimento aos cofres do Estado e que, quando levado perante o juiz, o melhor que lhe sai da boca para fora é uma imbecilidade com quatro pontos de exclamação sobre a inveja e a cobiça, numa "rede social" onde ganha dinheiro com a indignação das pessoas que ganham num dia o que ele ganha num ano.