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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

O ódio da direita aos pobres

por josé simões, em 18.07.24

 

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Interessante seria saber quantos dos abrangidos por esta medida, ou que a breve prazo venham a levar com ela em cima, são eleitores do partido da taberna, pela cruz no boletim de voto, ou por terem ficado em casa no dia das eleições. "É tudo uma cambada de ladrões!", "Querem é todos tacho!", "É tudo a mesma merda!", "A minha política é o trabalho!". Os malandros, manhosos, calaceiros do subsídio de desemprego, que ali se deixam ficar, porque sim e não por um azar da vida, que usufruem duma benesse do Estado, do nosso dinheiro, e não porque descontaram para isso, para o caso de se verem nesta situação. Quem vai procurar activamente emprego com o[s] filho[s] ao colo, o Governo que opta pelo mais fácil - cortar, ao invés de cumprir a sua função - responder às carências das populações, a infância roubada pela ausência de interacção com os outros da mesma idade.

O ódio da direita aos pobres na arte de conseguir com que os menos pobres achem esta uma medida justa e racional.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

Propinas desde a hora do nascimento

por josé simões, em 09.01.20

 

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Quem tem, ou já teve, filhos pequenos, como sói dizer-se, sabe o que é pagar pelos anos de creche e infantário com se de propinas de universidade privada se tratasse. Isso ou em casa dos avós ou à solta na rua. E quem tenciona ter filhos também o sabe. E se calhar ajuda. A não os ter. E a grande "reforma estrutural" que falta fazer, depois da dos passes sociais, é o acesso gratuito a creches e infantários, isto sim um verdadeiro incentivo à natalidade, nada daquelas acções manhosas de propaganda, como os cheques-para-isto e os cheques-para-aquilo ou os abatimentos em sede de IRS.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

A qualidade dos trafulhas que em Portugal dão pelo nome de "empresários"

por josé simões, em 26.11.19

 

Baby With A Handgun” by BiP in San Francisco.jpg

 

 

"Quase dez horas por semana a mais do que a média europeia – é o tempo que os bebés e as crianças portuguesas passam nas creches, amas e jardins de infância", sendo que nalguns países abaixo de Portugal, norte da Europa, as creches ficam na fábrica, na empresa, no local de trabalho dos pais, e não aceitam crianças com menos de 12 meses de idade, que é exactamente o tempo mínimo da licença parental. E isto diz muito da qualidade dos trafulhas que em Portugal dão pelo nome de "empresários".

 

[Imagem]

 

 

 

 

Populismo e peixe assado

por josé simões, em 26.02.18

 

Setúbal, descarregador de peixe, 1952, Américo Ribeiro.jpg

 

 

Afinal parece que o ministro mentiu, ou antes, faltou à verdade, ou antes, desconhecia a realidade, porque um ministro não tem de saber tudo e um ministro só diz o que o gabinete de imprensa lhe diz para dizer e se tiver instinto político inventa logo ali na hora com uma perna às costas, adiante.

 

Afinal parece que  só há uma creche a funcionar ao fim-de-semana, ainda assim só ao sábado e ainda assim privada, adiante.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não uma creche para as cozinheiras, as lavadeiras de pratos, os assadores de peixe e os empregados de mesa e balcão, do contrato de trabalho apalavrado a salário abaixo de mínimo e à gorjeta se a houver, com uma folga semanal, à segunda que é o dia em que não há lota, dos restaurantes onde os trabalhadores da Autoeuropa vão comer peixe assado ao fim-de-semana com a família, adiante.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não uma creche para as empregadas de limpeza, mulheres a dias como se usava dizer, pagas à hora, a qualquer hora do dia, sem subsídio de férias e sem 13.º mês, nas escadas dos condomínios e nas casas do trabalhadores da Autoeuropa, e para as engomadeiras das engomadorias do trabalho pago à peça, quantas mais melhor, na roupa levada em sacos-cesto de plástico com recolha e entrega ao domicilio dos trabalhadores da Autoeuropa.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não a própria multinacional a fazê-lo ou, vá lá, a abrir uma creche dentro da própria fábrica como fazem as fábricas, multinacionais ou não, na Alemanha, contribuindo assim para que as crianças cresçam junto das mães/ pais e criando mais postos de trabalho e riqueza para a região.

 

Ma zisse é converrsa de populisme, vames mazé comerr peixe assade a Setúble [Setúbal accent].

 

[Imagem "Setúbal, descarregador de peixe, 1952" do insigne fotografo setubalense Américo Ribeiro]

 

 

 

 

||| E se fossem gozar com quem vos talhou as orelhas?

por josé simões, em 30.07.15

 

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Página 7 do programa eleitoral da coligação Portugal à Frente:


«É necessário sobretudo encontrar soluções, tendo em conta que os estudos demonstram que os portugueses gostariam de ter mais filhos, mas sentem muitos obstáculos à concretização desse desejo [...].»


«Por nossa iniciativa, foi promovido um amplo debate em redor das questões da natalidade, que permitiu a apresentação de um conjunto de medidas legislativas, quer na Assembleia da República, quer no Governo [...]»


«O caminho está iniciado, mas é necessário ir mais longe, levando à prática medidas adicionais que removam os obstáculos à natalidade que favoreçam a harmonização entre a vida profissional e a vida familiar, que permitam uma participação efetiva dos pais na vida dos filhos, nomeadamente no que toca ao acompanhamento do seu percurso escolar, que melhorem os apoios à primeira infância [...]»


Assim, como a baixa natalidade é um problema nacional, como os portugueses gostariam de ter mais filhos e até há estudos que o comprovam e tudo [vejam só!], depois de se aumentar o horário de trabalho, diminuir os dias de férias e de descanso, cortar os salários e aumentar a carga fiscal, precarizar as relações laborais, reduxir ou até eliminar a prestação do Abono de Família, «o objectivo é claro: queremos um Estado mais amigo das famílias e que se oriente pela preocupação de remover os obstáculos à natalidade», resolvemos abrir as creches 24 horas por dia para assim os pais poderem desatar a fazer filhos à vara larga pois sabem que podem ficar nas fábricas, nos escritórios, nas limpezas, nas colocações de trabalho temporário, nos bancos e empresas privadas, com 12 e mais horas de carga laboral sem direito a remuneração do trabalho extra, nos estágios e nas acções de formação profissional, descansadinhos da vida de sol-a-sol porque sabem que os filhos estão na creche, de sol-a-sol, em boas mãos, nas mãos das IPSS’s pagas com o dinheiro do contribuinte.


Página 8 do programa eleitoral da coligação Portugal à Frente:


«Facilitar uma maior flexibilização dos horários das creches. A maioria das creches pratica um horário das 8h às 19h, nem sempre coincidente com as necessidades das famílias. Assim, propomos a majoração dos acordos de cooperação para as creches que anteciparem o horário de abertura ou adiarem o horário de encerramento, como forma de promover um apoio reforçado e mais compatível com as necessidades das famílias e dos seus horários de trabalho.


E se fossem gozar com quem vos talhou as orelhas?


[Imagem de Vivian Maier]

 

 

 

 

|| Quando a ficção se torna realidade

por josé simões, em 31.08.11

 

 

Eram muito à frente os Irmãos Marx nos idos de 1935. Cabe sempre mais um:

 

"Dependendo da vontade das instituições, temos um número potencial de 20 mil lugares em creches". Voluntários serão chamados para reforçar os cuidados.

 

 

 

 

 

|| 40 lugares sentados, 101 de pé, uma cadeira de rodas e motorista (*)

por josé simões, em 30.08.11

 

 

O principio “autocarro da Carris” aplicado às creches e infantários:

 

«Ministro Mota Soares apresenta medida para aumentar vagas nas creches»

 

(*) Assim como o motorista é sempre só um quer transporte 10 quer transporte 140 passageiros, os educadores e auxiliares…