O Governo convoca os sindicatos para dia 20 Junho para discutir a reposição dos cortes salariais de 3,5% a 10% nos salários acima de 1500 euros e que o Governo aprovou no dia 12 de Junho, oito dias antes.
Os cortes salariais que o Governo aprovou e que vai propor aos sindicatos ficam dependentes da aprovação no Parlamento, onde o Governo tem uma maioria absoluta que o suporta, acéfala e em modo correia de transmissão e câmara de eco da acção governativa, que se demitiu das suas funções de fiscalização.
Depois destas etapas do "processo democrático", os cortes decididos pelo Governo, propostos aos sindicatos e aprovados pela maioria no Parlamento, ainda têm de passar pelo crivo do camarada conivente do Governo, o Presidente da República.
O mesmo Presidente da República que, baseado em "profundos e estudados pareceres técnicos", não pediu ao Tribunal Constitucional, nem a fiscalização preventiva nem a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado com os cortes salariais, posteriormente chumbados pelo Tribunal Constitucional, a pedido dos partidos da oposição e que, vá-se lá saber por que cargas de água, a vai pedir agora.
No final deste circo de total nonsense que é uma notícia que parece feita de encomenda pelo Governo para transmitir a ideia de que o processo é muito complexo e cheio de perigos e escolhos, ficamos com a dúvida se o jornalista é ignorante, se está de má-fé, se é mais um actor circense, não necessariamente por esta ordem, cada uma por si ou todas em conjunto.
[Imagem de autor desconhecido]