Um trapo encharcado nas fuças ainda era pouco
No dia em que milhares desciam desde a Alameda até ao Martim Moniz num protesto contra o racismo, a xenofobia, e a instrumentalização política das forças da ordem, a televisão do Correio da Manha, sem til, optou por cobrir uma contra manifestação convocada pelo líder do partido da taberna, contra a imigração e, alegadamente, em solidariedade com as polícias, onde as ramonas da polícia eram em maior número que os contra-manifestantes.
No dia a seguir, Eduardo Dâmaso, alegado jornalista e director-adjunto do Correio da Manha em papel, sem til, assina uma artigo sobre o "mundo pequenino" do taberneiro, e que ele, o taberneiro, "não existe sem polarização, sem maniqueísmo, sem ódio, sem uma retórica nacionalista pacóvia, sem uma liturgia popularucha de um alegado amor pátrio importada da mais rasca cinematografia americana", convenientemente esquecendo-se de que antes esta gente ficava a falar sozinha na rua ou ao balcão da taberna e que agora ganha projecção mediática, e tempo de antena contínuo, através de televisões e jornais com opções editoriais como as do Correio da Manha, sem til.
Um trapo encharcado nas fuças ainda era pouco.