"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Nunca ouviu falar no Holodomor ou em Katyn, nunca ouviu falar nos massacres ordenados por Estaline nos estados bálticos, na Bessarábia ou na Bucovina, nunca ouviu falar na “ajuda internacionalista” da União Soviética ao partido irmão de Babrak Karmal para derrubar o menchevique, e se calhar trotskista, Hafizullah Amin, e que levou à “invenção” dos talibans como hoje os conhecemos, mas sabe que no Chile houve um presidente democraticamente eleito e derrubado pelo fascista Pinochet com o apoio dos amAricanos e que Hiroshima, Nagasaki e Dresden foram barbaramente massacradas na II Guerra Mundial. Ninguém é perfeito, dou de barato.
«Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo.»
New York, New York: Esse antro-escola para a formação de conspiracionistas e agentes infiltrados.
“(…) o presidente Saakashvili da Geórgia, antes de o ser, foi advogado numa importante firma de advocacia de Nova Iorque (…) o pai de Lech Walesa era ou havia sido emigrante nos Estados Unidos como tantos outros polacos (…) o arcebispo Marcinkus, braço direito de João Paulo II, o papa de quem se diz (e aplaude) que ajudou a derrotar o comunismo do Leste Europeu havia sido arcebispo de Nova Iorque (…) Nova Iorque parece ser um bom sítio como lugar de estágio para quem queira vir, depois, para a Europa combater os infiéis”
“Mas o muito tempo de antena consagrado ao Festival da música dita jovem, embora correspondendo a um macronegócio gerido por gente não assim tão juvenil, explica-se por ser uma promoção publicitária, assumida ou disfarçada de informação pura, que terá tido aliás excelentes resultados no plano da eficácia.”
Não, não é à Festa do Avante! que se refere Correia da Fonseca. É ao Rock In Rio, que cada vez mais se parece com uma Festa do Avante!
A propósito do trailler de Jogos de Poder, o novo filme de Mike Nichols com Tom Hanks e Julia Roberts, escreve Correia da Fonseca no Avante! estas preciosas pérolas:
“(…) está incluída uma patranha que não é nova, que faz parte do arsenal de caluniosas aldrabices regularmente disparadas contra a defunta União Soviética, mas que nem por ser velha se deve deixar passar em claro. (…) Neste caso, trata-se da «invasão soviética» do Afeganistão, coisa que nunca na verdade existiu excepto nas versões mentirosas, mas caudalosamente distribuídas por todo o mundo, da propaganda norte-americana”
“(…)é que as forças soviéticas que intervieram no Afeganistão ao longo de cerca de dez anos o fizeram a pedido do governo afegão, que se sentia impotente para dominar a acção militar dos mudjahidines que actuavam a partir de bases situadas no Paquistão, já então um efectivo súbdito político dos Estados Unidos, e eram armados pelos patrões norte-americanos”
Mas tudo isto era se Correia da Fonseca não fosse um manipulador manhoso da (sua) opinião pública.
A mesma opinião pública que, por usar palas nos olhos como os muares, não tem um mínimo de inteligência para o confrontar com outra mentira:
“(…) Muhamad Najibullah (…) não teria representatividade suficiente nem reconhecimento internacional. O caso, porém, é que os tinha, à representatividade e ao reconhecimento, e de tal modo que algum tempo antes da vitória da rebelião e de, na sequência dela, ter sido miseravelmente assassinado por enforcamento no candeeiro de uma rua de Cabul, o presidente Najibullah dirigira-se à comunidade internacional a partir da tribuna da Assembleia das Nações Unidas, lugar de onde não pode falar o primeiro sujeito que por ali surja”
Tem tanta certeza assim camaradaCorreia da Fonseca? Pense lá bem; vasculhe lá no baú da sua memória… Na história passada e recente da ONU não é possível encontrar a discursar na tribuna da Assembleia “o primeiro sujeito que por ali surja”?