"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Como diria a primeira-dama, pela boca do marido, já de abalada, Deus os proteja e quando lá chegarem mandem saudades que é coisa que cá não deixam, "com a ajuda da Nossa Senhora de Fátima":
«Fundo junta-se aos que duvidam que a receita líquida do IVA possa continuar a crescer ao mesmo ritmo nos próximos meses, uma condição essencial para que ocorra uma devolução da sobretaxa de IRS.»
Descontando aquela parte do estudo do FMI abranger o período compreendido entre 2008 e 2012 e o acção de propaganda do Governo reportar a 2011/ 2015, a gente faz de conta que acredita, que é "gralha".
Roma Locuta, Causa Finita Est, pelo "membro alinhado" e depois do "soldado disciplinado". Panem et circenses. Sobra o circo, falta o pão e ainda há Spartacus. Cada vez mais.
Adenda: a frase é em latim mas não é "dos romanos", é de Santo Agostinho. Começa a faltar-me a paciência para a fauna que pensa que a História começou com A Riqueza das Nações do senhor Smith.
Como no single de 1977 da banda punk dos singles 999, "I' m Alive / Quite Disappointing", 999 é o número mágico que marca a fronteira entre estar vivo e a decepção, numa via com dois sentidos.
Bem vindos ao admirável mundo liberal, recalibrado e liberto do peso do Estado na economia, da riqueza a partir dos € 1 000.
«Don't like pretty bureaucracies and detentions, Don't wear those funny clothes, Get into schemes or pensions, Do the same thing every day, I can't stay up to late, Watch out for me now cos. I'm alive? I'm alive? I'm alive?»
O roubo de 5% e 6%, respectivamente, aos subsídios de doença e de desemprego, não é roubo é "contribuição". O aumento de impostos aos funcionários públicos, por via dos descontos para a ADSE, como forma de compensar o chumbo do Tribunal Constitucional aos cortes nas pensões, não é aumento de impostos é "contribuição". O esbulho aos pensiomistas da Caixa Geral de Aposentações não é esbulho é "Contribuição Extraordinária de Solidariedade", e o esbulho generalizado não é esbulho generalizado é "alargamento da base de incidência".
Isto no país em que o trabalhador não é trabalhador mas colaborador, não vende a sua força de trabalho ao patrão, colabora com o empresário. Colaborar é as tarefas divididas lá em casa entre o casal, e os filhos se ou houver, por exemplo.
Contribuição de solidariedade é quando os meninos vestidos de parvos, vulgo escuteiros, andam na rua com as caixinhas a catar moedas para a Liga Portuguesa Contra O Cancro, e o povo dá porque lhe apetece dar e porque sim, também por exemplo.
A novilíngua vai de vento em popa. O mexilhão, além de se lixar como diz o provérbio, ainda leva com a novilíngua pela proa. E a passividade com que tudo isto é aceite é resumida na perfeição pelo corrector do Word quando quer alterar novilíngua por novilhada.
Desfeito o mistério, os misteriosos "pareceres jurídicos aprofundados" revelaram que o Presidente que nos calhou em sorte tem dúvidas sobre se fez bem em optar pelas pensões que mal dão para sustentar uma esposa, professora universitária reformada ou se, antes pelo contrário, deveria ter optado pelo ordenado inerente ao cargo que desempenha e à instituição que representa.