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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Sábado de Aleluia

por josé simões, em 11.04.09

 

E também haviam as fardas.

No tempo do Conta-me Como Foi a preto-e-branco, a polícia andava fardada, a tropa andava fardada, os contínuos das repartições públicas e dos ministérios andavam fardados, assim como os motoristas dos transportes públicos e as hospedeiras da TAP, as da Ryanair só não andavam fardadas porque a Ryanair ainda não existia. Até as criancinhas iam para escola fardadas na forma de uma bata branca por cima da roupa, coisa só vista agora nos colégios privados. E em Inglaterra. Sítios onde, como é sabido, o 25 de Abril ainda não chegou. Em Inglaterra até têm o desplante de argumentar que uma farda é inter-classicista e esbate a estratificação social porque não andam cá a olhar para as etiquetas na roupa de cada um. Uns comunas do caralho é o que os bifes são (ou uns fascistas do caralho? Agora fiquei na dúvida; há aqui uma fronteira muito ténue entre os dois). Até os cauteleiros no tempo do fascismo salazarista usavam uma espécie de farda na forma de um chapéu com uma chapa identificativa, que os distinguia dos imigrantes romenos ilegais que vendem Bordas D' Água e pensos rápidos nos semáforos, se naquela altura houvessem os tais dos imigrantes. E os escuteiros também tinham uma farda, mas o que ficou para a História foi a da Mocidade Portuguesa com o cinto “S” agora a 50 euros cada (bom preço!) na Feira da Ladra. O “S” vale muito. Era de Salazar agora é de Saudade.

 

Só a PIDE e respectiva bufaria não usavam farda. Não era porque não quisessem, mas porque não podiam. Entretanto, um entretanto com 35 anos de idade, toda a gente deixou de usar farda. Aparentemente deixaram de se preocupar com a forma e passaram a prestar mais atenção ao conteúdo. Mas é mesmo aparentemente porque a forma ficou a mesma na mesma ausência de conteúdo. A boa forma, parece bem e tem bom aspecto. Um potencial enorme para exportação, o tuga way of life do bom aspecto. Com ou sem farda.

 

Sem farda ficou mais difícil de identificar a PIDE. Só quando abrem a boca para falar. Ainda assim uma vantagem, porque dantes a PIDE não falava. E também não se preocupava com a forma. Dantes a “luta” da PIDE era com o conteúdo.

 

(Foto fanada na Life Magazine)