Os donos da democracia
O que menos se espera ouvir de um dos partidos donos da democracia era uma discussão sobre voto secreto depois de 46 anos a atirar o voto de braço no ar à cara do PCP.
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O que menos se espera ouvir de um dos partidos donos da democracia era uma discussão sobre voto secreto depois de 46 anos a atirar o voto de braço no ar à cara do PCP.
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O Chaga inventou um evento para o mesmo dia do congresso do PCP para logo de seguida desmarcar o que nunca tinha sido marcado e para no entretanto ter toda a comunicação social, mais a direita bonitinha, que é aquele que só se atreve a pensar em privado o que a direita trauliteira e matarruana grita alto e bom som em público, a dizer "Estão a ver? Até o Ventas desmarcou o Conselho Nacional mas os comunistas não. Acham que são donos disto tudo e podem fazer o que quiserem". Depois aparece a desmontagem da propaganda, mas o que está dito, está dito, o mal está feito, mission accomplished, e o papel de idiotas úteis, o da comunicação social, já ninguém lhes tira, a mensagem do intruja passou, e o empenho em mostrar o "sentido de Estado" dos neo-facistas não é o empenho em desmontar a propaganda dos discípulos de Goebbels.
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Até percebemos o "problema", para as lideranças, dos mais ou menos ilustres que não apoiam candidato nenhum, ou o dos que apoiam o que está a dar e que, no segredo da caneta e do papel, votam no que pode vir a acontecer, mas foi com o braço no ar que Estaline purgou o Partido e povoou a Sibéria. No entanto não é crível que Rui Rio entregue os opositores encapuçados ao sadismo escrupuloso militante de um qualquer Lavrenti Beria.
"Eles querem é tacho". "Eles vão a lá é para se governarem". "Isso é lá com eles". "Eles é que têm os livros". "Eles é que sabem". "Eles é que mandam" A força do "eles" no imaginário discursivo popular de quem, por contingências da vida, ficou toda a vida pobrezinho de espírito, sem grande poder argumentativo e capacidade de interpretação, coitados do "a minha política é o trabalho".
Ele é um personagem perigoso, não porque não saiba mais do que eles, mas porque se dirige a eles, por interpostas pessoas e por boa imprensa em prime time, não parecendo falar para quem fala e recorrendo a uma linguagem que eles percebem, não percebendo eles mais do que aquilo.
[Imagem de Sammy Slabbinck]
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«Portas prepara programa eleitoral para legislativas de 2015»
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Carlos Zorrinho chega atrasado ao Conselho Nacional do PS porque "boa noite, vim agora de um programa televisivo", que isto de ganhar a vida custa a todos, e cruza-se nas escadas com Francisco Assis com quem troca umas breves palavras e que sai mais cedo do Conselho Nacional do PS porque "eu tenho que me ausentar mas ainda espero voltar, tenho um programa eh eh [sic] na televisão e tenho de ir para lá", que isto de governar a vida custa a todos.
Se os próprios conselheiros nacionais não têm respeito pelo partido quem é que vai ter?
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É uma frase que Groucho Marx nunca disse mas que Miguel Relvas pensou. 'Partindo do nada se alguma dia regressar à miséria não regresso sozinho', é uma frase que Miguel Relvas nunca disse mas que deixou subentendida na carta de demissão que, à laia de aviso para terceiros, fez questão de dar conhecimento ao povo. 'Partindo do nada, cheguei à miséria'. A gente percebe estes 'marxismos', facção Groucho.
E agora, no partido do "foge, cão, que te fazem barão. Para onde? Se me fazem visconde…", como é que os doutores vão tratar o "doutor" Miguel Relvas no seu regresso à vida política activa, inspirado pela máxima, adaptada, do mui liberal Passos Manuel: "a Rainha o Presidente é o chefe da nação toda. E antes de eu ser de esquerda liberal de direita já era da Pátria. A Pátria é a minha política"?
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[Imagem de autor desconhecido]
O sistema de "checks and balances" [freios e contrapesos] é bom quando se quer dar um ar da sua graça e parecer muito erudito e responsável e prenhe de sentido de Estado e democrata e liberal e essas coisas que se dizem sem rir. Mas é só lá na América, quanto mais longe melhor.
Governação condicionada, forças de bloqueio, e rápida revisão constitucional.
"Mas o que é o próprio governo, senão a maior das críticas à natureza humana? Se os homens fossem anjos, não seria necessário governo algum. Se os homens fossem governados por anjos, o governo não precisaria de controles externos nem internos", James Madison.
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«Conselho Nacional aprova voto de louvor a Miguel Relvas»
[Image Lara Stone by Tyrone Lebon for i-D magazine, spring 2013]