"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E depois há dois pê-esse-dês e duas à-dês, o dos figurões, do mindinho ao cherne passando pelos do lugar cativo nas televisões, os que estão no Governo e os que se sentam no Parlamento, que sim senhor, que o é óptimo para o prestígio nacional, que o Governo apoia o Costa apesar das diferenças que são mais que muitas e coise, e o outro, o dos aios, escudeiros e minions de plantão nas redes, que o Costa não é digno de nada e muito menos de confiança, não estão a ver as notícias que saem todos os dias? Só não vê quem não quer, socialistas, se procurarem na minha timeline podem dar com os links.
O mais fácil, chegar a acordo e aprovar verbas, já está feito, agora vem o mais difícil, e o mais difícil é convencer os portugueses de que os €750 mil milhões serão bem aplicados e que não irão directamente para o bolso dos mesmos de sempre, os da engorda à sombra do Estado, as clientelas políticas e empresariais, os fiéis de nascimento e baptismo e os cristãos novos, convertidos pela pandemia às virtudes do Estado e ao "socialismo". O fartar vilanagem.
Os patriotas holandeses, também conhecidos por "Verdadeiros Portugueses", sempre a servir de capacho mas julgando-se ao lado dos Dieselbooms desta vida e desta União, a assinarem por baixo intenções de fazer depender a ajuda comunitária a direitos de veto e mais ingerência de países terceiros em políticas nacionais, a pretexto da boa aplicação dos fundos e do malbaratar de dinheiros públicos europeus, infelizmente uma história que vem de longe e que faz com que Portugal fique mal na fotografia e que nunca saia do círculo vicioso de mais fundos a troco de mais ingerência, são os patriotas holandeses, também conhecidos por "Verdadeiros Portugueses", que estiveram ao lado, atrás, à frente e a toda a roda dos fundos comunitários de Cavaco Silva, os famosos 9 milhões por dia para as fraudes, o enriquecimento ilícito, o desmantelar da agricultura e das pescas, as apostas erradas - a ferrovia preterida em favor do alcatrão, por exemplo, da ausência de reformas estruturais, do nascimento da lenda e da má-imagem que leva a que agora os holandeses da Holanda exijam contrapartidas.
Se fosse em Inglaterra, por exemplo, ganhávamos dinheiro com isto, tipo uma bolsa de apostas sobre qual o dia em que Pedro Passos Coelho não ia pregar uma mentira ao país. Assim só perdemos, o contribuinte dinheiro, os portugueses vergonha alheia pela imagem na Europa.
Ainda sou do tempo de Paulo Portas ter sido o primeiro governante europeu ocidental a aterrar em Trípoli para fazer negócio com o novo regime "democrático", eleito pelos bombardeamentos da NATO ao exército de Muammar al-Gaddafi. As oportunidades de negócio, as empresas de construção civil na reconstrução do país, as exportações, os amanhãs que cantam para ambas as economias, blah-blah-blah, botões de puto e sorriso Pepsodent.
E perguntam-me vocês: o que é que uma coisa tem a ver com a outra, Paulo Portas em Trípoli e os milhares de fugitivos e desesperados, diários, em barcos nas costas de Itália e os outros tantos milhares de mortos nas águas do Mediterrâneo? Não perguntem que vos fica mal a ignorância.
O que é que leva um primeiro-ministro e um ministro do ambiente, insuspeitos de ligações ao maoísmo como muitos que por aí pululam, a fazer a defesa instrasigente dos interesses de uma empresa nacionalizada pelo Estado chinês e que vende a energia aos portugueses e às empresas a preços proibitivos?
A união faz a força, é senso comum, aprende-se logo em pequenino, praticamente que se nasce a ouvir dizer isso.
Os fascistas estamparam a ideia na bandeira com o facho, o molho de varas – o poder do povo, unidas em torno do machado – a autoridade do Estado; os comunistas idem, com a foice e o martelo símbolo da união entre os operários e os camponeses e reforçaram a ideia com a máxima "proletários de todo o mundo, povos de nações oprimidas, uni-vos!".
As pessoas começam a perceber que não é pela estigmatização do outro, do "nós não somos aquele", qual leproso na Idade Média, que vão conseguir fazer ouvir a sua voz, antes pelo contrário, pelo que aprenderam desde pequeninos, que a união faz a força. E o que faz a elite política, eleita pelo povo para fazer ouvir e valer a voz do povo? Faz nada e ainda atrapalha. Estamos entregues à bicharada.
«O primeiro-ministro garantiu que o programa de ajustamento português não foi tópico de discussão durante o Conselho Europeu. "Estamos muito confortáveis com as decisões tomadas a nível europeu sobre o programa português", acrescentou.»
Que do discurso do obediente e cumpridor bom aluno passa ao de homem de Estado, superior à pequena política das intrigas e dos interesses nacionais, e que até se permite questionar a Europa e apontar caminhos. Para onde corre Cavaco Silva?
É não perceber que para “denegrir” e “deteriorar a imagem dos magistrados perante a população” o Governo não precisa de fazer absolutamente nada. Basta-lhe ficar quieto e mudo e esperar que senhores juízes e os senhores juízes-sindicalistas, na vertigem mediática, venham para os jornais e para as televisões com as habituais declarações e reivindicações.