"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Depois de quatro anos de Governo da direita radical com a lengalenga do "fazer mais com menos", base de trabalho para cortar a torto e a direito sem olhar a quem e ao quê e para estrangular serviços e administração pública, entramos agora no laxismo esquerdalho-geringonço, na fase do pleno emprego e emprego para todos, do "fazer menos com mais", por cima de toda a folha, caduca ou persistente, que de cada vez que a cor da Câmara muda é imperioso mudar com ela a clientela e o séquito, até para equilibrar as contas e impedir o boicote da clientela cessante, mais que não seja pela inércia. Haja quem pague.
Ainda ninguém o disse. E o jeito que dava dizer. E até nem era difícil construir uma narrativa. Na base do "efeito borboleta" era sempre possível encontrar alguma coisa que, por A mais B mais C mais D mais... colocasse o ex-Governador do Banco de Portugal na origem de todos os males que assolam o Banco Espírito Santo.
Mas isso foi ontem e, como o mundo nunca pára de nos surpreender, hoje há que saber distinguir os negócios da família Espírito Santo dos negócios do BES, coisa aparentemente fácil se nos conseguirmos abstrair de que os negócios da família Espírito Santo são o BES. O que não exclui a culpa do PCP e do Bloco e, remotamente, do laxismo de Vítor Constâncio que deixou tudo armadilhado para Carlos Costa, actual governador.