"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Deve ler-se: "e não convém ir além de meados do século passado", até Teerão em 28 de Novembro e 1 de Dezembro de 1943, quando Ioseb 'O Pai dos Povos' Džuğashvili, em encontro extra-conferência, propôs a Reza 'Rei dos Reis' Pahlavi o estacionamentos de divisões de tanques T-34, acompanhados dos respectivos oficiais, em território Persa. A Estaline não chegava a Polónia, a Checoslováquia, a Roménia e os estados bálticos numa bandeja, queria mais.
Foi diplomaticamente declinado pelo Xá e o resto é História. E estas análises, convenientemente simplistas, da repartição do mundo no pós-guerra criam convenientes hiatos na História.
No dia 21 de Dezembro de 2006, a propósito da conferência negacionista de Teerão, escrevi aqui no blogue isto:
Mau, muito mau.
A forma patética, quase a raiar o ridículo em como Nuno Rogeiro tentou ontem, no jornal das 23 h na SIC noticias justificar o injustificável: a sua quase participação na conferência de Teerão.
Que era a favor de um estado palestiniano, assim como de um estado em Israel, e que o holocausto existiu (obrigado pela informação, o povo agradece), desapareceram milhões de pessoas na Europa mortas pelo nazismo e pelo comunismo (outro dos argumentos usados pelos revisionistas…) e pronto, não o deixaram dizer isto e ficou de papeis na mão à porta da conferência!
Toda a gente sabia ao que ia e, quais eram os objectivos últimos da conferência, excepto Nuno Rogeiro… Grande anjinho! Ou o Pai Natal existe?
E no dia 4 de Janeiro de 2007, recebi este comentário:
Nuno Rogeiro disse sobre na Quinta-feira, 4 de Janeiro de 2007 às 15:12:
1. Dispenso-me de comentar os seus comentários, mas queria só dizer que se tratava de afirmar a historicidade do Holocausto...no Irão, e não a milhares de quilómetros, no conforto do seu blog, em Portugal...
2. Por outro lado, já se explicou que o objectivo da minha "intervenção" era testar a real liberdade de expressão propalada por um sector do governo iraniano. Foi, como se viu, uma boa prova dos nove
3. Estando em Teerão a convite do MNE iraniano, senti o dever moral de escrever o que escrevi, e de tentar lê-lo. Mas este dever, claro, não se pega, sobretudo ao dono deste blog.
4. Se a minha intervenção credibilizaria ("ingenuidade" minha) a conferência, porque é que foi...censurada? Os organizadores não podiam alegar nem "surpresa" (enviei o texto antes de sair de Lisboa), nem "inadequação": aceitaram-no inicialmente, colocaram o meu nome na lista, e na mesa, e só mudaram de ideias sobre a hora... Pelos vistos acharam que aquilo que tinha para dizer podia chocar os presentes, apesar de não servir para chocar o autor do blog .
5. Assim, ao contrário do que pensa, não houve, da minha parte, um acto ingénuo, mas premeditado. Premeditado...e sucedido. Tenho pena que lhe custe tanto, mas é a vida...
Assim, e uma vez que o 10 de Junho está à porta, e com ele a tradição de medalhar tudo quanto é peito neste país, venho por este meio pedir humildemente a Sua Excelência o Presidente da República, que se digne condecorar o nosso ilustre e emérito concidadão Nuno Rogeiro, com a Torre e Espada, a Ordem do Infante, ou outra comenda que ache por bem; pelos serviços prestados em prol da salvaguarda e defesa da verdade histórica recente da Europa, contra toda e qualquer espécie de revisionismo, e, pela coragem demonstrada, ao assumir em pleno coração do "eixo do mal", e com o risco da própria vida, a memória do povo judeu; ao contrário de muito boa gente que se limita a teclar num qualquer blogue, de pantufas e no conforto do lar.
Sem mais de momento, e grato pela atenção dispensada, (segue-se a assinatura).
A forma patética, quase a raiar o ridículo em como Nuno Rogeiro tentou ontem, no jornal das 23 h na SIC noticias justificar o injustificável: a sua quase participação na conferência de Teerão.
Que era a favor de um estado palestiniano, assim como de um estado em Israel, e que o holocausto existiu (obrigado pela informação, o povo agradece), desapareceram milhões de pessoas na Europa mortas pelo nazismo e pelo comunismo (outro dos argumentos usados pelos revisionistas…) e pronto, não o deixaram dizer isto e ficou de papeis na mão à porta da conferência!
Toda a gente sabia ao que ia e, quais eram os objectivos últimos da conferência, excepto Nuno Rogeiro… Grande anjinho! Ou o Pai Natal existe?
Menos Mau.
O cuidado evidente de Pacheco Pereira ontem na Quadratura do Circulo, antes de cada intervenção sublinhar que os males de que padece esta maioria absoluta, são os mesmos de que padeceram as de Cavaco Silva e que ele foi deputado dessas maiorias.
Demorou mas chegou! Valeram a pena as constantes chamadas de atenção da blogosfera para a estranha amnésia de Pacheco Pereira.
No seguimento dos posts anteriores (Holocausto e Holocausto II – o negacionismo), recebi algumas mensagens de leitores; umas chamavam a minha atenção para o facto de eu me estar a cingir única e somente aos 6 milhões de judeus assassinados, outros, por existirem ou terem existido mais totalitarismos igualmente sanguinários à face da terra.
Para esses e/ ou futuros leitores impõem-se um esclarecimento.
Não está em causa, nem nunca esteve da minha parte que o numero de mortos pela barbárie nazi é muito mais superior a 6 milhões (só em território da então União Soviética estimam-se 10 milhões de mortos), nem tão pouco foi, é ou será intenção minha, branquear ou esconder qualquer outro totalitarismo, com a “peneira” do nazismo.
Não existem totalitarismo bons, seja qual for a sua cor.
A questão aqui era a “conferência” negacionista e revisionista de Teerão, onde tema em debate é “esclarecer” se houve ou não holocausto; e nessa ordem de ideias restringi os posts à (falsa) questão judaica.
Agora se me permitem, e até porque me é impossível responder uma-a-uma às mensagens recebidas, não era minha intenção encaminhar os leitores para uma conclusão que a meu ver me parece óbvia, mas o teor das mensagens e dos comentários recebidos, levam-me a crer que grassa por aí muita inocência nas mentes de muito boa gente (e isto sem qualquer intenção ofensiva).
O que me parece óbvio é que o objectivo primordial e subjacente à “conferência” de Teerão, é o direito à existência do Estado de Israel, e não qualquer outro como o Holocausto.
Gato escondido com o rabo de fora.
Ahmadinejad – o louco que governa o Irão – que nunca escondeu publicamente e em discursos que gostaria de ver Israel varrido do mapa, convoca através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, uma “conferencia” de supostos “sábios” que vão desde um dirigente da Ku Klux Klan até membros da Naturei Karta (fundamentalistas judeus que rejeitam a existência do estado de Israel por motivos Bíblicos), para assim cientificamente legitimar os seus intentos.
Nessa medida é que é muito importante fazer um “rewind” na nossa história recente (afinal Auschwitz foi há pouco mais de 60 anos…), para que o “filme” não seja reposto em exibição.
No início da década de 20 do século passado, quando se começaram a delinear as bases teóricas nas quais iriam assentar as politicas nazis para a “questão judaica”, Alfred Rosenberg escreveu:
“Um judeu é aquele cujos pais, por qualquer dos lados, são nacionalmente judeus. Qualquer pessoa que tenha um marido ou mulher judeus é, doravante, um judeu”.
Temos assim que para efeitos da solução para a “questão judaica” o leque abria-se dos cerca de 600 mil praticantes ao nível do religioso, para uma cifra na ordem dos 6 milhões que com base nessa premissa, por motivos de “sangue” na sua ascendência, descendência ou laços matrimoniais eram aí incluídos.
O primeiro passo estava dado e a propaganda pela batuta de Joseph Goebbels fez o resto.
Em 1944 num livro de instrução da Wehrmacht era possível ler-se:
“Quem acredita na possibilidade de melhorar o parasita (por exemplo, o piolho)? Quem acredita que existe uma maneira de chegar a acordo com um parasita? Apenas temos a escolha entre sermos devorados pelo parasita ou destruí-lo. O JUDEU DEVE SER ANIQUILADO SEMPRE QUE O ENCONTREMOS!”
O derradeiro passo era agora dado, reduzir um ser humano, não só pelo credo religioso mas também pela consanguinidade, à escala de parasita. Literalmente, pois a solução para a eliminação do problema passava pela utilização de um produto originalmente criado para a desparatização, o Zyklon-B.
(Pelo meio temos toda a questão jurídico-legal nazi, que abordarei noutra altura.)
A questão agora dá um “salto em frente”.
Questionar com base em premissas “científicas” a existência do Holocausto, mais a “capa” da questão palestiniana, para pôr em causa a existência do estado de Israel.
Desde tenra idade que ouço dizer “uma imagem vale mais que mil palavras”, como tal peço a vossa atenção para as seguinte imagens:
Em cima à esquerda, foto de comício do Partido Nazi no Pavilhão dos Desportos de Berlim em 1935, subordinado ao tema: "os judeus são o nosso infortúnio".
Em cima à direita, Joshep Goebbels ministro para a Educação do Povo e Propaganda efectuando um discursso.
Em baixo, Sinagoga de Berlim em chamas na Noite de Cristal.
Agora com um exercício de imaginação, substituímos o comício pela conferência, Goebbels por Ahmadinejad e a mesquita pelo Estado de Israel…
Na próxima segunda e terça-feira, vai-se realizar em Teerão com o alto patrocínio dos ayatollahs e do louco que governa o Irão - Ahmadinejad - uma conferência para esclarecer se o holocausto realmente existiu.
A organização da iniciativa cabe ao Instituto de Estudos Políticos e Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão e promete ser um dos maiores encontros de que há memória de revisionistas e negacionistas que pôem em causa que o extreminio de judeus na Alemanha nazi tenha realmente acontecido.
O blogue terrorista deixa aqui ficar o seu humilde contributo para o devido esclarecimento da questão.
Foto do forno crematório do campo de concentração de Dachau
"A resolução criminosa de exterminar fisicamente os judeus foi tomada por Hitler durante a guerra".
"Freud previu de forma quase exacta o que aconteceria no futuro e o que aconteceu realmente no que se refere às atrocidades e aos assassínios em massa (...) viu o sadismo e a crueldade inerentes a Hitler (...)".
Hans Frank, 1900 - 1946. Advogado pessoal de Hitler, governador da Polónia durane a II Guerra Mundial.
No seu diário confessou ter relatado a Hitler que matara mais 150 mil polacos e que Hitler teris dito: "Óptimo".
Plano de construção do forno crematóio de Auschwitz
"(...) depois do assassínio de Reinhard Heydrich, Hitler deu ordem para se assassinarem 50 mil checos".
Wilhelm Frick, 1877 - 1946. Ministro do Interior alemão entre 1933 e 1943.
Carta da empresa Topf dirigida à administração do campo de concentração de Auschwitz, para fornecimento de detectores de gás Zyklon-B.
"Não antevi o assassínio em massa, nem os programas de extermínio".
"Vão acusar-me, e com alguma razão, de ter feito parte de um Governo criminoso (...) que me irão acusar de haver ouro depositado no Reichsbank oriundo de fontes SS, de vitimas dos campos de concentração.
"Otto Ohendorf (...) tinha a seu cargo o Einsatzgruppe que matou 90 mil judeus (...).
"Quanto ao extremínio dos judeus (...) isso foi ideia de Heydrich".
Walter Funk, 1890 - 1960. Ministro da Economia alemão entre 1937 e 1945.
Desenho efectuado por um prisioneiro Sonderkommando em Auschwitz onde se pode ver a recolha de cabelos e dentes de ouro de gaseados judeus.
"As pessoas como Hoess e Himmler, e os subalternos da SS que executaram essas ordens (extremínio de judeus) (...)".
"(...) o assassínio em massa de inocentes, como foi o caso do extremínio dos judeus, não tem justificação".
"Deve ter sido Himmler quem se lembrou dessas experiências (temperatura de congelação em seres humanos vivos)."
"(...) eu ouvia rumores de assassínios em massa de judeus, mas eu não podia fazer nada (...) estava ocupado com outras coisas (...)".
Hermann Goering, 1893 - 1946. Comandante-em-chefe da Força Aérea, Presidente do Reichstag, primeiro-ministro da Prussia.
Folha do tempo de trabalho semanal no crematório II do campo de concentração de Auschwitz.
"Já se percebeu que eu fiquei a saber mais sobre o que se passava - as atrocidades, os campos de concentração, os assassínios em massa, as cãmaras de gás (...)".
"O extermínio de judeus em campos de concentração (...) aconteceu por Himmler obedecer cegamente ao Fuhrer".
Ernst Kaltenbrunner, 1903 - 1946. Chefe do Departamento Central de Segurança de Estado (RSHA).
Desenho efectuado por um prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz onde se podem ver as mulheres e as crianças serem encaminhadas para a camara de gás.
" (...) a longo prazo, em termos históricos, o extremínio dos judeus continuaria a ser uma mancha na história da Alemanha (...) a grande questão histórica não foi os judeus terem sido extreminados, mas sim a Alemanha ter sido oprimida (...)".
Joachim von Ribbentrop, 1893 - 1946. Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Trabalhos de construção da camara de gás em Auschwitz.
"Os excessos, atrocidades e extremínios cometidos dentro e fora dos campos de concentração não eram do conhecimento de homens honrados como ele e poderão ser atribuidos a Himmler".
Frtiz Sauckel, 1849 - 1946. Plonipotenciário-geral para a mobilização de mão-de-obra entre 1942 e 1945.
Chegada de comboio de judeus ao campo de concentração de Auschwitz, e os mesmos prisioneiros já separados por sexos.
"Veja lá! Arrancar dentes a cadáveres! Veja lá!" (sobre os depósitos e ouro no Reichsbank.
Hajalmar Schacht, 1877 - 1970. Presidente do Reichsbank até 1939, Ministro sem pasta até Janeiro de 1943.
Prisioneiros no campo de concentração de Auschwitz, e separação dos bens dos judeus gaseados na secção do campo conhecida por "Canada".
"(...) Himmler e Hitler disseram que era preciso acabar com os judeus, com a tendencia que os alemães têm para o perfeccionismo e para o exagero, tomou-se isso no sentido literal".
Baldur von Schirach, 1907 - 1974. Líder da Juventude Hitleriana, Governador de Viena.
Embalagem de gás Zyklon-B e foto clandestina tirada por um prisioneiro Sonderkommando onde se vê a cremação de cadáveres a céu aberto.
"...penso que não é nada desportivo matar crianças. É isso que mais me incomoda no extremínio dos judeus."
Hermann Goering, 28 de Maio de 1946.
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Crianças no campo de concentrção de Ravensbruck, e mulheres SS enchendo uma vala com cadáveres no campo de concentração de Dachau.
"...não entendo o que quer dizer com ficar perturbado com estas coisas porque eu, pessoalmente, não assassinei ninguém. Eu era apenas o director do programa de extermínio em Auschwitz."
Rudol Hoess, 11 de abril de 1946.
As citações são retiradas do livro "Entrevistas de Nuremberga", Tinta da China edições, e são o resultado das anotações efectuadas pelo psiquiatra americano Leon Goldensohn, responsável pelo acompanhamento do estado de saúde dos prisioneiros nazis, altas patentes, no julgamento de Nuremberga.
Mais livros para consulta:
- Os Crematórios de Auschwitz de Jean-Clçaude Pressac, Editorial Noticias
- O Livro da Deportação de Marcel Ruby, Editorial Noticias
- Justiça Nazi - A lei do holocausto de Richard Lawrence Miller, Editorial Notícias
- Auschwitz - Os nazis e a solução final de Laurence Rees, Dom Quixote
- O Gueto de varsóvia de Miriam Assor, Âncora editora