"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Em 16 de Março de 2003, Durão Barroso, então primeiro-ministro, servia de mordomo numa cimeira que juntava W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar na base aérea das Lajes e que com base numa mentira antecedia em quatro dias a invasão de um país soberano, a desestabilização de toda uma região, inventar uma guerra onde ela não existia, estar na génese do nascimento do ISIS, dor e sofrimento, criar milhões de refugiados que se fazem diariamente ao Mediterrâneo em busca de paz e de uma vida decente na Europa. Hoje, 21 anos passados sobre um crime de guerra, um dos criminosos implicados, Durão Barroso, vem dizer com a maior cara de pau que "os europeus não querem muito mais imigração e que há limites para o multiculturalismo" como se não tivesse nada a ver com isso. Não ter a puta da vergonha na cara é isto.
A seguir a Cavaco Silva é o político há mais tempo no activo em Portugal, mesmo sem contar com os anos em que, disfarçado de jornalista, fazia política todas as semanas na primeira página de um semanário contra... Cavaco Silva. De cada vez que foi para o Governo foi sempre para fazer exactamente o oposto daquilo que havia prometido em campanha eleitoral. De todas as vezes que saiu do Governo deixou sempre o país sempre pior do que no dia em que entrou. E nunca se cala e nunca se cala e nunca se cala. Não ter cara para não ter a puta da vergonha na cara é isto.
O Governo que, enquanto jura a pés juntos e com o ar mais sério do mundo, não ter um modelo chinês de baixos salários para o país enquanto os vai baixando, seja pelo aumento da carga fiscal, seja pelo aumento do horário de trabalho, seja pela eliminação de dias de descanso, seja pela baixa do valor a pagar pela hora de trabalho e pela hora de trabalho extra, seja pela caducidade das contratações colectivas, vem agora colocar os recursos naturais e ambientais do país a saque "de Lei", por cima de toda a folha, tal e qual o modelo chinês, dos baixos salários, que o Governo não quer para o país. É fartar vilanagem.
«Governo quer legalizar explorações em conflito com normas de ordenamento
«Dias Loureiro "garantiu-me solenemente que não cometeu qualquer irregularidade nas funções que desempenhou" em empresas ligadas ao grupo Banco Português de Negócios. "Não tenho qualquer razão para duvidar da sua palavra".»
"Posso testemunhar, como poucos, a atenção que o doutor Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país e a valiosa contribuição que deu para encontrar soluções, minorar custos, facilitar apoios e abrir oportunidades de desenvolvimento. Portugal e os Portugueses, […], muito lhe devem."
«É mais difícil desfazer do que fazer». "Roma e Pavia não se fizeram num dia", vox pop. O "blitzkrieg" das invasões bárbaras é dos livros e aprendia-se [aprende-se?] na escola.
"Na vida um vintém é sempre um vintém e um cretino é sempre um cretino", Manuel Machado, treinador de futebol, antes da destruição de Roma e Pavia, num só dia às mãos dos cretinos, nos árduos trabalhos de deixar o pagode sem vintém e a que pomposamente chamam de "sabedoria".
Não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que há muito não davam credibilidade ao Governo português e já olhavam para a nova equipa de gestão como uma boa notícia; não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que já tinham incorporado a informação de que o Governo PSD/ CDS-PP ia respeitar as metas do défice, e que faria tudo o que fosse necessário para que se cumprissem essas metas, até porque foi o PSD que andou sempre anda atrás do Governo socialista-despesista-irresponsável para cortar; não fosse o Tribunal Constitucional e as agências de notação financeira que já se preparavam para restituir a credibilidade a Portugal e subir o rating da Nação com as medidas do PSD; não fosse a militância política do Tribunal Constitucional deitar tudo a perder e os mercados já não se fiarem no Governo PSD/ CDS-PP em Portugal que precisa agora de um fiador para regressar aos mercados, de rastos e com a economia destruída. Estava tudo a correr tão bem, não fosse o Tribunal Constitucional.
Daqui para a frente, até à queda, vai ser sempre assim, "não fosse o Tribunal Constitucional…".