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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Em contrapartida deve ter subido uns quantos lugares no ranking das mais-valias

por josé simões, em 04.09.13

 

 

 

Dois anos de redução de salários, dois anos de redução do preço da hora extraordinária, dois anos de aumento do horário de trabalho, dois anos de diminuição do número de feriados e do número de dias de férias, dois anos de redução das indemnizações pagas por rescisão de contrato, dois anos de redução do valor do subsídio de desemprego e de doença, dois anos de marcha à ré, dois perdidos em nome da competitividade.

 

«Portugal voltou a perder lugares no 'ranking' mundial de competitividade de 2013-2014»

 

[Imagem de Lewis Hine]

 

 

 

 

 

 

|| Uma vitória da estratégia traçada pelo ministro Álvaro para a economia

por josé simões, em 13.05.13

 

 

 

Foi dado o primeiro passo para tornarmos a ser competitivos no mercado global da indústria têxtil.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Surpresa é ainda aparecer no ranking

por josé simões, em 05.09.12

 

 

 

Baixam-se os salários, aumenta-se a carga horária, retiram-se dias ao descanso, retiram-se direitos e garantias, diminuem-se as indemnizações por rescisão de contrato, liberaliza-se o despedimento, diminui-se o valor e a duração do subsidio de desemprego, põem-se os beneficiários do RSI a trabalhar de borla, tudo isto em nome da competitividade e do emprego, para o resultado final ser o desemprego a disparar para os 15, 7% e uma descida no ranking da competitividade, inversamente proporcional ao aumento da mais-valia do patrão, que não é posteriormente canalizada para a economia, para o investimento, para a criação de mais emprego e mais riqueza.

 

Obviamente a culpa é do Governo, da Troika, da crise internacional, dos malandros dos gregos, da conjuntura, de Barack Obama, de Angela Merkel em particular e dos alemães em geral, dos discípulos de Hayek que nunca leram Hayek, e por aí, não obrigatoriamente por esta ordem, e cada uma por si e todas em conjunto. O sindicalismo responsável, e com [muuuuuito] "sentido de Estado", da UGT, que assinou de cruz as alterações ao Código do Trabalho, não tem nada a ver com isto e vai aparecer, mais rápido que a própria sombra, a apontar o dedo e a exigir medidas.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Uma frase que é toda ela um programa

por josé simões, em 22.08.12

 

 

 

«[…] aquilo que cada empresa gasta por cada funcionário […]». Depois de ter sido despromovido à condição de "colaborador", o trabalhador, com dignidade, já não vende a sua força de trabalho, agora a empresa "gasta" com o funcionário.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

Vamos fabricar um Carro ou vamos fabricar um Trabant?

por josé simões, em 09.11.07

 

Leio hoje no Público “Luta pelo futuro monovolume em risco na Autopeuropa, a fábrica que era de topo no ranking passou a reportar falhas, teve de abrandar a produção e exige mais dos fornecedores (…) portugueses” que por sua vez se queixam “da mudança de atitude do grupo alemão e as mudanças internas decididas pela nova gestão têm levado os trabalhadores a reclamar mais diálogo.” Mais à frente “o caso” é deslindado: “O Facto do novo homem forte da VW vir da Audi, Martin Winterkorn, é a explicação para inspecções mais exigentes.”
 
Confesso que me apetecia escrever já aqui uma quantidade de barbaridades, daquelas mesmo feias, mas vou fazer um esforço de contenção. Então andam para aqui há um ror de anos a apregoar que a viabilidade da economia portuguesa e das empresas nacionais, face a um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, passa por elevar os padrões de qualidade como forma de conseguir lutar ombro-a-ombro com as novas economias emergentes, nomeadamente as asiáticas, que estão nos mercados pelo baixo custo e mão-de-obra barata, e depois reclamam!? Mas reclamam do quê? O que é que o diálogo reclamado pelos trabalhadores tem que ver com produção baseada em altos níveis de qualidade?
 
O problema é o homem vir da Audi. Elucidativo. O problema não é a tradicional balda portuguesa, e como tal vamos dar-lhe um tempinho até ele se adaptar a Portugal, aos portugueses, à especificidade dos povos do sul da Europa e outras tretas do género. Já alguém parou para pensar porque será que Audi é sinónimo de prestígio e qualidade? Vamos fabricar um Carro ou vamos fabricar um Trabant; é a questão.
Outra questão é que estão com a corda na garganta e fingem não perceber, que é ainda mais grave do que não perceber…
 
Adenda: Aqui há uns anos tive um director que para pôr os novos colaboradores da empresa “na ordem” quando a coisa começava a descambar para a conversa, tipo muita parra e pouca uva, perguntava: “Óh meu amigo! O senhor veio para aqui para conversar ou para trabalhar?”
 
(Foto via La Reppublica)