"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E enquanto proferia esta genialidade era muito aplaudido no Parlamento pelas bancada do PSD e do partido que não existe enquanto o ministro da Habitação abanava a cabeça em sinal de concordância.
[Imagem poster de propaganda sovietico "Every kitchen-maid must learn how to rule a state (Lenin). Forget about your kitchen and join Soviet elections!"]
Pergunta a gaja, doutora, que enquanto ministra das Finanças do governo da Troika queria cortar 600 milhões euros nas pensões a pagamento. Não ter a puta da vergonha na cara é isto:
Luís Montenegro anuncia que propôs "a Ursula von der Leyen a doutora Maria Luís Albuquerque para comissária europeia". Uma é doutora a outra nem por isso. #chupa, como se usa nas redes. A doutora dos swaps, do corte de 600 milhões de euros nas pensões, dos orçamentos rectificativos. A doutora que não via incompatibilidade entre o lugar de deputada e o cargo na Arrow Global depois de sair do ministério das Finanças. A doutora cuja única participação cívica conhecida desde que passou a andar à paisana foi apresentar um livro de Gabriel Mithá Ribeiro, deputado do partido da taberna, dedicado a Donald Trump e a Jair Bolsonaro. Carlos Moedas apareceu logo todo lampeiro nas televisões a dizer que "para se trabalhar na Comissão Europeia é preciso ter experiência". Sem se rir. Ele, que antes de ter sido moço de fretes da troika no Governo da troika, tinha tido grande relevância a escrever meia dúzia de merdas num blogue. O Núncio do CDS, o da lista VIP das Finanças, dos offshores e da amnistia fiscal, acha que é uma excelente escolha. Até à data, Paulo Portas, o vice, continua irrevogavelmente calado. Para o que é, a doutora na Europa, bacalhau basta. Encaixa que nem uma luva numa comissão que comissiona em função do privado ignorando o interesse público. Vai ficar tudo bem.
O que é mais ridículo, Costa a fazer-se de sonso acerca de uma sua hipotética carreira europeia, ou Marcelo, sem noção, a pensar que tem uma palavra a dizer na hipotética carreira europeia de Costa?
Cartilheiros militantes e militantes cartilheiros nas "redes", mais paineleiros e comentadeiros avulso com lugar cativo remunerado no prime time das televisões, que em 8 - oito - 8 meses de guerra mais que recusar condenar o fascismo russo justificaram a invasão e o genocídio na Ucrânia pelas tropas e mercenários de Putin, muito indignados pela saudação institucional da presidente da Comissão Europeia à neo-fascista eleita chefe do governo italiano.
[Na imagem de autor desconhecido tattoo de soldado soviético]
Quando era de esperar uma reacção coordenada e conjunta à "crise Covid-19" a Comissão Europeia anuncia que "vai suspender as regras impostas aos orçamentos dos países da União Europeia", que é como quem diz "amanhem-se, é cada um por si", que é como quem diz está outra vez em cartaz o filme de 2009, quando a ordem foi endividar e injectar dinheiro na economia como reposta à crise de 2008 provocada pela falência da Lehman Brothers, para depois virem os países do norte da Europa, de dedo em riste apontado ao sul, despesista, que vive acima das suas possibilidades e ainda gasta o pouco dinheiro que tem em putas e vinho verde. NÃO!
A gente lê e não acredita: António Costa, que desde sempre, e um dia havemos de saber porquê, quer ver Pedro Marques comissário europeu com o pelouro dos fundos estruturais, como se a partir do momento da investidura qualquer comissário passasse a ser o comissário do país e a beneficiar o pais de origem em relação aos outros, avançou com a candidatura de Elisa Ferreira para a pasta da Economia e Finanças, sabendo antecipadamente das diminutas possibilidades do nome ser aceite, por causa da presidência de Mário Centeno no Eurogrupo e da "improbabilidade de a nova presidente da Comissão colocar dois portugueses como interlocutores directos em matérias estruturantes da União, como a economia e as finanças", conseguindo assim que o objectivo primeiro - Pedro Marques nos fundos estruturais, seja alcançado. E Elisa Ferreira prestou-se ao papel de ser bisca lambida num jogo de cartas na "gamela de Bruxelas"...
Mais uma vez a extrema-direita a cumprir a função para a qual foi criada: perpetuar no poder a direita do "sentido de Estado", com o voto da "aliança europeísta" constituída para derrotar a extrema-direita e salvar a Europa. Se o ridículo matasse...
De um lado Trump, do outro Putin, do outro Erdogan, pelo meio o Brexit e os novos fascismos que, aqui e ali, vão nascendo na Europa, em Itália, na Polónia, na Hungria de Órban, com assento no Parlamento Europeu na mesma bancada do PSD e do CDS, a do PPE. E estamos entregues a isto...
Jean-Claude Juncker que, enquanto primeiro-ministro do Luxemburgo,foi o responsável pelo que ficou conhecido como escândalo Lux Leaks, aconselha os italianos a "mais trabalho, menos corrupção e seriedade". Não ter a puta da vergonha na cara é isto.