"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Fosse numa empresa, privada, e era despedido sem apelo nem agravo nem indemnização ou, em última instância, ficava a trabalhar, com uma parte do salário cativada mensalmente pela entidade empregadora, até que todos os lesados fossem ressarcidos dos prejuízos e depois era despedido sem apelo nem agravo nem indemnização. Como é no Estado, que os liberais de pacotilha querem gerir e administrar com se de uma empresa, privada, se tratasse, não só não é despedido como o Governo que integra ainda nomeia uma comissão para estudar como é que o dinheiro dos contribuintes vai ser usado para pagar aos contribuintes a incompetência, a falta de rigor e de profissionalismo e a cegueira ideológica de um ministro. Como se já não bastasse o prejuízo causado aos alunos e às famílias. É prejuízo vezes dois
O puto, Escola Secundária de Bocage, tinha prof de Geografia. Depois o camarada Crato enfrentou o problema, pegou o touro de caras e não de cernelha, não «sacudiu a àgua do pacote» [a partir do minuo 00:50] e o prof foi para a Bela Vista e o puto agora tem feriado. Parabéns pois aos da Secundária da Bela Vista, e a Pedro Passos Coelho por não se enganar nas escolhas que faz para ministros.
A maior rebaldaria na educação de que há memória desde os idos do PREC é «"grande sentido de responsabilidade" demonstrado pelo ministro da Educação, "ao querer assumir e corrigir" o problema, em vez de "sacudir a água do capote"».
Regista-se a hombridade de um incompetente em querer resolver um problema que inventou para um sítio onde ele não existia.
Desde os idos do PREC que as aulas não começavam depois do dia 15 de Outubro, as que começavam. Desde os idos do PREC e da chegada dos ‘retornados’ que não tínhamos aulas dadas profs que não eram profs mas que eram profs porque tinham perdido toda a documentação na pressa de fugir para a ‘metrópole’. Foi na altura em que os futuros ex ministros Nunos Cratos andavam por aí a sanear, contra a burguesia, o fascismo e o social-fascismo.
E como não há dinheiro para nada vão pôr o dinheiro do suspeito do costume, o contribuinte, a pagar a ligeireza e a incompetência de um maoísta investido em ministro, a brincar com a vida das famílias, dos alunos e dos professores, ao 'grande salto em frente' na Educação, e onde culpa não é do ministro nem do Governo mas da "administração escolar" e do Estado.
Um mancebo do Minho ia assentar praça no Algarve ou um mancebo alentejano que ia fazer a recruta à Beira Litoral. Ambos acabavam a combater em Angola, que era nossa, ou na Guiné, que seria sempre portuguesa. Desenraizar para desmoralizar, dividir e reinar.
Andar anos e anos e anos a perorar exigência e rigor no ensino; andar anos e anos e anos a perorar exigência e rigor no ensino da matemática; andar anos e anos e anos numa cruzada contra o laxismo e a falta de rigor e a falta de exigência e a falta de disciplina no ensino público e na escola pública, apesar de constantgemente desmentido pelos relatórios PISA; andar anos e anos e anos a fabricar uma aura de exigência e rigor que o levaria de escriba de curiosidades matemáticas, aos sábados no Expresso, e de participações de exigência e rigor, na educação na escola pública e no ensino da matemática, em programas de televisão, ao lado de Medina Carreira, na televisão do dono do Expresso, até ao cargo de ministro da Educação, para ter o seu Princípio de Peter às mãos de uma fórmula matemática.
Mas não se demite, um maoista não se demite, faz autocrítica e segue em frente. "Uma incongruência na harmonização da fórmula". Justiça poética é isto.