"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O fabuloso governo de Pedro Passos Coelho, do não há dinheiro para nada, nem para a saúde, pública, nem para a educação, pública; do "fazer mais com menos", do "aliviar o peso do Estado na economia"; da "liberdade de escolha" das famílias, traduzida na liberdade de escolha das escolas; da excelência do privado, traduzida na retirada de competências ao Estado para as entregar ao sector privado, subsidiadas pelo Estado; da duplicação de serviços pelos privados, subsidiados pelo Estado em áreas onde o Estado já existia; da "gordura do Estado" traduzida no emagrecimento do rendimento mensal das famílias para ainda assim "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer".
"Ex-ministro da Educação vai depor a favor dos colégios contra os cortes nos contratos de associação na batalha judicial que se avizinha. Aos tribunais podem chegar “dezenas de acções” nos próximos dias."
"Foi uma derrota em toda a linha a sofrida pelos colégios com contratos de associação na guerra jurídica que, em 2016, desencadearam contra o Ministério da Educação (ME): 55 processos judiciais concluídos, 55 decisões favoráveis às posições do ME que levaram a restrições no financiamento do Estado àqueles estabelecimentos de ensino particular."
Com as calças do meu pai também sou um homem, que é como quem diz, com o dinheiro do Estado, para fazer o que o Estado já faz com o dinheiro dos impostos, mais barato, com mais qualidade, sem a trafulhice das notas marteladas para as médias e para os rankings, também sou um empresário, de sucesso, criador de emprego e riqueza e o coise.
Durante a última semana, o tema do financiamento público a colégios privados voltou aos jornais. Tal como aconteceu em 2016, os jornais pareceram fortemente parciais na forma como noticiaram o tema, dando amplo destaque à perspectiva dos privados e parecendo atirar para segundo plano a poupança conseguida pelo Estado - canalizada para reforçar a aposta na Escola Pública.
Nas notícias, pudemos ler títulos como "Colégios privados dizem que novos cortes trazem despedimentos", "Colégios privados criticam novo corte nos contratos de associação", "Novos cortes nos colégios afectam 268 turmas. 'Espantoso e absurdo'" ou "Cortes trazem despedimentos e mudam 6000 alunos de escola". Ou seja, a perspectiva negativa estava sempre presente, concentrando-se nos problemas que esta medida alegadamente causaria, e quase negligenciando os benefícios que ela implica.