"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quase uma semana passada desde que o huno Christian Fischer representou, no Esprit Arena de Dusseldorf, a morte mais espectacular da história desde que os filmes de caubóis eram rodados em Almeria, Espanha, e ainda nenhum jornalista foi, a correr, de microfone estendido, para que Sua Excelência, O Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa [o pormenor das maiúsculas] dissesse de Sua Justiça, desse largas ao ódio e acirrasse os hooligans, com aquilo que eufemísticamente se convencionou chamar de "sentido de humor". What the fuck?!?
Um Governo ideologicamente apostado em desmantelar o Estado para o melhor repartir pela elite da clientela político-partidária encomenda um "estudo" onde as fundações exclusivamente privadas dominam o ranking das 190 fundações.
Podia ser uma paisagem idílica do Portugal rural dos pequeninos - «O primeiro-ministro foi esta tarde à Feira do Livro de Lisboa com a mulher, numa visita que se pretendia particular e informal» - pintada em tons sépia, assim houvesse Instagram aplicado às câmaras das televisões nas reportagens dos telejornais, e às objectivas dos fotojornalistas – «Deteve-se demoradamente nos pavilhões e comprou livros».
«O passeio foi quase perfeito até aos últimos 20 minutos» - não se desse o facto de o SIS ter deixado de fazer clipping - «quando algumas dezenas de indignados […] o vaiaram exibindo cartazes» - coisa verdadeiramente surpreendente em 38 anos de Democracia, e obrigando uma força policial a «sair do nada», para surpresa de todos, jornalistas incluídos.
"Os homens nascem sem alma", foi o primeiro título a chamar a atenção de Passos Coelho. E aos jornalistas, chamou a atenção?
Ou onde se dá conta de que o ministro das Finanças é “fã de Milton Friedman” e a razão pela qual, na Feira da Ladra, Don DeLillo é mais barato que o preço de capa do jornal, e o Tennessee Williams, por ter morrido em bom tempo, leia-se antes de ter sido entrevistado, não. Sorte igual à do Martin Amis, este por démodé [só a citar de cor o Top of the Pops das citações].
Ainda não é esta semana que compro o Expresso. E não é por ter anunciado que o FMI que já não vinha afinal vem pela segunda vez.