Um partido de mágicos (II)
por josé simões, em 21.02.08
“O trabalho realizado pela Novodesign para o PSD, pago pela Somague, que culminou numa condenação por financiamento ilegal de partido, anteontem divulgada pelo Tribunal Constitucional (TC), não teve apenas que ver com a produção de material de propaganda, mas implicou toda a mudança de imagem que o partido viria a promover nos anos seguintes – nomeadamente a reformulação do símbolo do partido.”
(Link)
“O hospital… aquele edifício bonitinho, pintadinho de branco, mas por dentro é o micróbio aos montes!”, era uma deixa do meu amigo Manuel Bola, numa comédia de que não me recorda o nome, e levada à cena pelo Teatro de Animação de Setúbal há uns anos (muitos) atrás.
Podia bem ser a metáfora que define bem toda esta trapalhada no PSD. Mudou-se a imagem, mas os lixos e os vícios antigos ficaram todos lá, pintadinhos, não de branco como no hospital da peça, mas de cor-de-laranja brilhante.

Mas há mais. Carlos Coelho, o homem por detrás da Novodesign é um activista fundador do Compromisso Portugal. Com a ilustre companhia de Diogo Vaz Guedes.
Ou como escreve hoje Paulo Ferreira em editorial no Público:
“Menos surpreendentes são certas práticas empresariais. É fácil ir para os palcos do Compromisso Portugal e fóruns semelhantes falar de transparência, da separação entre o Estado e os negócios e da promoção da concorrência. Tão fácil como, à primeira oportunidade, financiar por baixo da mesa um partido, subvertendo de uma assentada todos esses bons princípios. Foi isto que fez Diogo Vaz Guedes.
Ele e os restantes envolvidos, sabendo todos que estavam a alimentar o cancro do financiamento partidário ilegítimo e tudo o que ele implica. São estas as elites que temos: prometem-nos a Suécia mas só nos levam para o Sul de Itália.”
Pena é que a investigação tenha morrido na praia. Faltou, por exemplo, dizer as contrapartidas recebidas pela Somague por este financiamento…
Era disto que Marinho Pinto falava?