In Memoriam
[Imagem Gavin Bon]
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[Imagem Gavin Bon]
Passar duas, três ou mais horas, muito aconchegadinhos dentro de um avião, perna com perna, braço com braço, passar pelas brasas e encostar a cabeça no ombro do vizinho do lado? Pode.
Passar entre 90 minutos a duas horas, duas horas e picos, dentro de uma sala de espectáculos para ver um filme, um teatro, um musical, um bailado? Não pode. Ou pode, desde que seja à larga, que é o oposto de à Lagardère, exclusivo das companhias aéreas.
Andam a gozar com as pessoas?
Movie Poster of the Week: Social Distancing in Movie Posters
Sign O' The Times, Capítulo XIV
Lembro-me de em 2010 ter ido como convidado ao congresso do PSD em Mafra, o "congresso da Lei da Rolha" proposta por Santa Lopes e do "acho muito bem" de Manuela Ferreira Leite e lembro-me do cheiro; antes da política e do debate, o cheiro; antes dos camiões TIR das candidaturas de Passos Coelho, Aguiar-Branco e Paulo Rangel, ao estilo apoio a equipas de Fórmula 1, estacionados atrás do pavilhão, o cheiro; antes da intriga política e dos jogos de bastidores, o cheiro. A profusão de perfumes, masculinos e femininos, que se misturavam, quando descíamos da bancada onde estavam os bloggers convidados e a comunicação social até ao piso térreo dos delegados ao congresso, e sem pedir licença nos entravam narinas acima até bater no cérebro. Uma mistura inebriante que chegava a fazer doer a cabeça. O cheiro.
E lembro-me de ter ido ver o óscarado Parasitas e do cheiro. Do cheiro não me lembro - há-de chegar esse dia, do cinema com cheiro. O cheiro a "rabanete velho", o cheiro das "pessoas que andam de metro", de que se queixava o marido parasita da família parasitada. "Cheira a senhor Kim" diz ele deitado ao lado da mulher no sofá. O cheiro-ignição para a facada fatal desferida por Kim quando Mr. Park se baixa para apanhar as chaves do carro. O cheiro. E enquanto via o filme lembrei-me do cheiro a Pê Pê Dê no pavilhão de Mafra. Dez anos depois.
[Imagem]
Diz que o Joaquin Phoenix se baldou à festa dos óscarados para ir comer um hambúrguer com a Rooney Mara, não um hambúrguer qualquer mas um hambúrguer vegan, a seco, por causa das marcas de refrigerantes e da água da torneira engarrafada a saber a água, direitos de imagem e contratos publicitários, ambiente, ambiente, negócios à parte, que isto quando se vestem camisolas em Hollywood tem de se ir em coerência até ao fim, mesmo que o fim seja ir até ao segredo da retrete despejar o que se ingeriu para o politicamente correcto dos sign o' the times. Estava o Jaquim mais a Mara a jantar nas escadas à luz romântica da lâmpada led do hall de entrada com o Joker a servir de centro de mesa e, por um daqueles azares do destino, o fotógrafo dos famosos ia a passar no condomínio privado e registou o repasto para a posteridade. E ainda há quem pague a agências de comunicação. Phónix!