"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Todas as semanas o SL Benfica leva à cena a verdadeira Cimeira Ibero-Americana, conseguindo pôr "inimigos", que nos ensinaram na escola e nas tradições centenárias serem figadais, num trabalho de grupo com objectivos definidos. Argentina-Brasil, Portugal-Espanha, vizinhos-vizinhos, ex-potências colonizadoras-ex-colónias, como cantava Paul McCartney "ebony and ivory live together in perfect harmony, side by side on my piano keyboard", e a demonstrar que as Batalhas de Aljubarrota e as Guerras de Cisplatina foram/ são artificialidades político-administrativas e ódios instigados e outros valores mais baixos que se levantam, deixando o resto da estrofe "oh lord, why don't we?" para os governos e governantes.
O que aqui e aqui foi escrito não tem razão de ser.
Juan Carlos tem todo o direito – aliás tinha o dever! – de mandar calar Hugo Chávez; mais que não fosse por uma questão de respeito e boa educação. Haja alguém que diga a Chávez que aquilo era a cimeira Ibero-Americana e não o seu programa semanal na tv onde fala sem se calar quatro ou mais horas seguidas., e onde se dá ao luxo de insultar e vilipendiar quem quer e lhe apetece.
O Rei de Espanha não é nenhum “ungido pelo Criador”; é o Chefe de Estado de uma democracia parlamentar europeia, legitimado por uma Constituição referendada pelo povo espanhol e que consagrou a monarquia parlamentar como sistema político. Ao contráro da constituição portuguesa. Ponto final. Pelo contrário, quem está em vias de se tornar num monarca absoluto é Chávez, pela via das sucessivas alterações à Constituição venezuelana, a acrescentar ao facto de ter sido eleito numas eleições onde concorreu sozinho.
Como já aqui havia sido escrito, não sou monárquico, nem pouco mais ou menos; mas é por via destas coisas, a que somamos mais esta, que a monarquia, nomeadamente a espanhola, vai conquistando pontos na minha consideração.