"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Num mundo perfeito Pedro Passos Coelho tinha telefonado a Christine Lagarde e agora tínhamos o @psocialista em peso, mais os avençados e ilhas adjacentes, em pé de guerra nas "redes" e no comentário televisivo, contra a subserviência do poder político ao poder económico e a uma tecnocrata nomeada por interesses mais ou menos obscuros, enquanto ignora a Constituição de um país soberano e as decisões saídas de um Parlamento eleito em eleições livres e democráticas.
A "Festa da Mangueira" era aquela festa muito em voga em Portugal até início dos anos 80 quando entravas na disco e a única mulher "in da house" era a que estava atrás do balcão a aviar copos.
Em verdade, em verdade nunca disseram semelhante coisa nem de Vítor Gaspar, nem de Carlos Moedas que funciona, nem de Bruno Maçães que não sabe falar português nem raciocinar em inglês, nem de miss Maria Luís Swaps Albuquerque, nem do primeiro-pantomineiro, nem do vice-pantomineiro, nem de ninguém deste Governo, nem sequer de Cavaco Silva "o economista fantástico" há mais de 20 anos no poder sem ser político.
«Liberalização dos despedimentos; cortes salariais, diminuição do subsídio de desemprego, na duração e no valor a pagar; eliminação de apoios vários e de outros subsídios; aumento da carga horária; redução dos períodos de descanso e de férias; eliminação da contratação colectiva; privatização de todos os serviços públicos». "Reformas estruturais" são as palavrinhas mágicas e Mario Draghi veio da Goldman Sachs, do you know what i mean?
«A compra de 60 mil milhões de euros de dívida por mês por parte do Banco Central Europeu (BCE) é uma boa notícia para a zona euro, mas tem de ser complementada por acções noutras áreas, defende o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Agora que o FMI foi tomado de assalto por comunistas anda a dizer o mesmo que toda a gente desprovida de "sentido de Estado" com dois dedos de testa e um mínimo de bom senso sempre disse, vai ressarcir as vítimas da sua ligeireza, cegueira e irresponsabilidade, e os responsáveis vão ser julgados e punidos por terem andado a brincar aos mercados com a vida das pessoas?
[Por cá continuamos o "ir mais além que a troika + cortes na despesa do Estado" maquilhado de "hora do investimento + crescimento" com o aval de "o economista fantástico que o senhor é"]
Christine Madeleine Odette Lagarde, militante da UMP, limitou-se a dizer em público o que Dominique Gaston André Strauss-Kahn, militante do PSF, dizia em privado.
[Imagem "Business Personal Next Level" by Ramsey Dau]
O que Christine Lagarde quis dizer foi que África é o último refúgio – e a última bóia de salvação – à face da planeta Terra para o capitalismo das marcas, global e desregulado, da mais-valia absoluta e relativa, da ausência de direitos, liberdades e garantias, e de preocupações e protecções ambientais, e que é necessário apostar e investir numa estabilização política e social, ainda que mínima, do continente, ou está tudo perdido. Não se façam de desentendidos.
A directora do FMI chega e alerta para os riscos da austeridade, o FMI chega e impõe a austeridade. Quantos éfe éme is é que há, o éfe éme i é bipolar, o éfe éme i anda ao Deus dará e cada um diz e faz aquilo que lhe apetece? Qual foi a parte que eu não percebi?!