Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Vitória, vitória, acabou-se a história!

por josé simões, em 16.03.11

 

 

 

 

 

Ou como nos tornámos numa família 2.0

 

Obrigado a tod@s

 

 

 

 

 

 

 

 

|| Já teve do pé-ré

por josé simões, em 27.02.10

 

 

 

Eu andava na escola primária no tempo em que a escola primária não tinha número nem agrupamento escolar, era a escola “do Sousa” porque “o” Sousa era o director e a escola “do Sousa” era a escola onde andavam os filhos dos pescadores do bairro das Fontainhas, só até à 3ª classe, vá lá até à 4ª, e depois iam alinhar nas traineiras que a vida custava a toda a gente. Com um bocadinho de sorte conseguiam ir trabalhar para a estiva que era menos perigoso dava mais dinheiro e acesso a garrafas de uísssquee e tabaco estrangeiro e outras coisas do contrabando. Andava na escola “do Sousa” que ficava no bairro das Fontainhas que já foi bairro de pescadores e que agora é bairro onde os “turistas” de Lisboa vão ao fim-de-semana comer peixe assado, parece uma reserva de índios mas eles acham very tipical e vão felizes para casa e nos ficamos felizes por os ver ir felizes, adiante… e morava no bairro Santos Nicolau, bairro de pescadores e rival do bairro das Fontainhas, daquelas rivalidades de meter porrada de três em pipa só por olhar para a mulher quando ela passava na rua. E no bairro Santos Nicolau, “colonizado” por pescadores oriundos da zona de Ovar, as mulheres, as varinas, enquanto os maridos andavam ao mar com os filhos, trabalhavam nas fábricas de conserva que existiam na ladeira das Fontainhas e ao início do bairro Santos, mesmo encostadas aos muros do cemitério de Nossa Senhora da Piedade.

 

Serve esta conversa da treta para tentar explicar que brincava com eles na rua e na escola e falava como eles e quando chegava a casa vinha a falar como eles, era humanamente impossível tal não acontecer, e era repreendido e corrigido pelos meus pais. Aqui ninguém carrega no erre nem ninguém troca o éne pelo . Não era por nada, mas quem falava assim era gozado e para gozações havia o Zé Maluco e o Engenheiro da Sapec e o Finuras, personagens típicas, e os discos do Raul Solnado. Era assim Setúbal por alturas do Conta-me Como Foi, uma aldeia um ‘cadinho mais pequena do que é agora.

 

Mas quem sabe nunca esquece, é como andar de bicicleta, e quer-me parecer que já teve do pé-ré e cagorra tá prraia marre. Nã asses mai bogas cu lume tá frraque.

 

(Na imagem o Engenheiro da Sapec, foto de Américo Ribeiro)