"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Rui Rio, o íntegro, o economista da "escola alemã" [Colégio Alemão do Porto], das boas contas, das "contas à moda do Porto" [o que quer que isso signifique], contra o despesismo e o compadrio sócratista, na festa do PSD no Chão da Lagoa "já imaginaram se em vez de um, houvesse mais quatro ou cinco Alberto João por esse país fora?". Sim já imaginámos. Antes o passista e mui liberal Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, tinha aquecido o pagode na primeira parte do concerto interpretando temas como "os socialistas da treta que levaram o país à falência". Sai mais uma rodada de shots de poncha.
Com Agosto à porta e com as pessoas a irem de férias com mais dinheiro na carteira, depois de salário mínimo actualizado e feriados repostos, resta-nos Passos Coelho no Chão da Lagoa a espalhar o ódio e a anunciar as bestas do Apocalipse com um sorriso de satisfação a iluminar-lhe as fuças, depois de ter feito a ronda por todas as tascas é, de certeza, um pormenor.
Que as faladas sanções não são referentes a 2015 e ao Governo da direita radical, que teria as metas flexibilizadas e adaptadas à realidade como as teve em 2011, 2012, 2013 e 2014 sob vigência da troika; que as faladas sanções são sobre um Governo que ainda não falhou uma única meta, sob pena de se provar que é possível alcançar o acordado sem empobrecer o país, sem empobrecer as pessoas, sem lhes retirar direitos e garantias, as tais reformas estruturais que estão a ser revertidas; tem medo Passos Coelho que as faladas sanções, se aplicadas, sejam revertidas pelos tribunais, um acto de insubordinação para quem está habituado a baixar a cabeça e obedecer sem questionar e a ver os tribunais como um empecilho.
As empresas querem governos que, numa Parceria Público-Privado, limpem as listas do Instituto do Emprego e Formação Profissional de desempregados, através de estágios, formação profissional e emprego em empresas privadas, subsidiado pelo dinheiro do contribuinte, não emprego no Estado, mas emprego pago pelo Estado. É o mui famoso "aliviar o peso do Estado na economia". Para esses todos [os desempregados] desesperados, é um emprego, qualquer que seja, que interessa, já que é sempre o Estado quem cria emprego e riqueza, ainda que por interposta pessoa.