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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Meh

por josé simões, em 18.07.16

 

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Mindinho Mendes anunciou com ar grave e muita pompa e circunstância e grandes movimentos de mãos e fartura de gestos no tampo da mesa, e as televisões todas e os jornais todos repetiram todos a grande nova e o grande furo jornalístico que foi o acesso a uma carta do Banco Central Europeu, a outra face da moeda dos Estados não terem acesso directo ao crédito – o BCE empresta aos bancos que por sua vez emprestam aos Estados, e que é o BCE decretar que dinheiro dos contribuintes – ler "ir ao bolso ao contribuinte", "esbulhar salários e pensões", "esmifrar poupanças", só para recapitalizar bancos privados, bancos públicos não, never, nein, já-mé. E depois toda a gente de boca aberta comentou a grã descoberta de Mindinho Mendes e as televisões todas e as rádios todas fizeram todas no dia a seguir fóruns de debate mui participados.


Isto é a gozar, certo? Ou falta de assunto, certo? Ou aquela coisa da estação parva que chega com o calor?


[Imagem]

 

 

 

 

Qual foi a parte que eu não percebi?!

por josé simões, em 18.01.08

 

Pego na primeira página do Público.
Paulo Teixeira Pinto saiu do BCP com uma indemnização de 10 – milhões – 10 de euros e uma reforma mensal de 35 – mil – 35 euros vezes 14 meses. Mas como diz a outra, “isso agora não interessa nada!”, já se tornou banal aqui dentro do rectângulo e nem adianta o Presidente da República espernear nos discursos. É assim mesmo “e prontes!
 
O mais interessante está lá dentro; na página 41. Reza assim: “O ex-CEO acabaria por renunciar ao lugar, que ocupava há mais de dois anos, garantindo uma indemnização à cabeça de 10 milhões de euros, o que o impede de voltar a exercer funções em instituições bancárias concorrentes” (negrito meu).
 
O BCP defende-se e preserva-se. Teixeira Pinto sabe muito. Nada de dar trunfos à concorrência.
 
Santos Ferreira passa, directamente e sem passar pela casa da partida, da Caixa, o maior banco nacional, para o concorrente directo, o maior banco privado.
 
Os accionistas que o elegeram não são burros. Miguel Cadilhe ainda não percebeu porque é que levou uma cabazada nas eleições?
 
Ou como diz Scolari : “E o burro sou eu?!
 
(Foto War Veteran de Peter McCollough)
 
 

À espera que chova; qualquer coisinha…

por josé simões, em 10.01.08

 

Se dúvidas houvessem que os jobs existem à medida dos boys, aí está a prova que faltava a alguns cépticos (era para escrever anjinhos…).
 
Armando Vara que se prepara para dar o salto (à vara?) da Caixa para o BCP, quer jogar pelo seguro, e, não vá o diabo tecê-las, pediu licença sem vencimento enquanto a situação no “outro lado” não fica completamente esclarecida.
 
Licença sem vencimento; leram bem! Na minha empresa – privada – não há licenças sem vencimento. Por uma razão muito simples: as pessoas estão na empresa, porque a empresa precisa delas para determinada função. A haver licenças sem vencimento, implicava a empresa contratar outra pessoa para ocupar o lugar da que está de licença.
 
Licença sem vencimento, suportada por um banco ou por uma empresa, significa uma coisa, e só uma: estar ou não estar é igual ao mesmo. E a isto chama-se One Job For The Boy.
 
(Foto de Rion Sanders para o The New York Times)
 
 

O peso das coisas

por josé simões, em 03.01.08

 

“O novo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não vai reconduzir Celeste Cardona na administração do banco público. Segundo apurou o CM apenas transitam da anterior administração Norberto Rosa (ex-secretário de Estado do Orçamento de Manuela Ferreira Leite) e Francisco Bandeira, que ascende à vice-presidência da CGD.”
 
A ser verdade o que aqui se escreve, fica parcialmente explicada a ida de Armando Vara a reboque de Santos Ferreira para a nova administração do BCP. Há que preservar o ganha-pão dos boys. A parte que falta explicar – aguardemos pelo que o futuro nos reserva – é saber da real importância de Vara, o seu “peso” dentro do PS, que justifique esta tipo de benesses.
 
Outra é, se com a exclusão de Celeste Cardona da futura administração da Caixa, o silêncio sobre a situação no BCP se vai manter por estas bandas
 
A ser verdade o que aqui se escreve, sublinho.
 
(Foto roubada no New York Times)
 
 

Espionagem com aval (III)

por josé simões, em 30.12.07

 

De Gabriel Silva do blogue Blasfémias, recebi na caixa de comentários do post “Espionagem com aval (II)” o seguinte comentário:
 
“Disparate.
Quem pode ficar contente com a intromissão do estado nos negócios privados são todos os socialistas/sociais-democratas. Não é isso que defendem?
Mas de tão envergonhados que são na defesa do intervencionismo, nem sequer isso fazem, coitados.”
 
Caro Gabriel, disparate é não ver o óbvio. E o óbvio aqui é o Estado dar de mão beijada ao maior banco privado nacional informação classificada e confidencial sobre os meandros do seu concorrente directo, a Caixa. A haver, a presumível intervenção do Estado no mercado foi em favor do sector privado – um “empurrão” –, em flagrante prejuízo do banco do Estado, por mera coincidência aquele com quem o BCP disputa ombro-a-ombro o espaço vital….
 
Mas há por aí mais gente a disparatar. Este senhor obviamente só pode ser um mau administrador – do ponto de vista privado, claro. No fundo, no fundo, está a defender os interesses da Caixa ao dar-se ao luxo de desprezar a informação estratégica na bagagem de Santos Ferreira
 
 

Espionagem com aval (II)

por josé simões, em 28.12.07

 

Sobre as trocas & baldrocas no BCP envolvendo a CGD, já aqui havia escrito que se estava a assistir a uma operação de espionagem industrial com o aval do Governo e do Banco de Portugal. João Duque, Professor Catedrático do ISEG, assina hoje no Público Economia um artigo com o título “Quem defende o interesse a CGD?”:
 
“Calos Santos Ferreira não é um qualquer trabalhador da Caixa. É, simplesmente, o seu Presidente! E das duas umas: ou conhece a CGD, conhece os seus pontos fortes e as suas vulnerabilidades, sabe quem são os seus clientes conhece a sua estrutura de custos, é a sua “cabeça”, o seu líder e o motor de estratégia da Caixa, quem sabe o que quer para a empresa e sabe como o vai conseguir (conquistar quota, aumentar o lucro, etc. à custa de esmagamento de margens, de “cross-selling” agressivo, de campanhas estratégicas, etc.) ou não sabe nada disto e então não se percebe como se mantêm essa incompetência à frente da Caixa.
(…)
Achará o próprio Carlos Santos Ferreira, bem como os promotores da ideia que ele esquecerá tudo o que sabe sobre a Caixa no dia em que dela se demitir?
(…)
Se tomar posse como Presidente do BCP que fará Santos Ferreira na sua guerra contra a Caixa? Imagine-se que Pinto da Costa ia dirigir o Benfica. Quem é que ele iria defender depois de tomar posse?
Ora admitindo-se que Santos Ferreira vai mesmo defender os interesses do BCP os accionistas deste banco aplaudem! Isto é como o Tottenham tentar ir buscar José Mourinho ao Chelsea, coisa que terá tentado! No entanto, o patrão do Chelsea sabe defender os interesses do seu clube e deixou claro na cláusula de rescisão o impedimento deste treinador para conduzir qualquer clube concorrente em Inglaterra nos três anos subsequentes!”
 
(Ler na integra aqui – clicar na imagem para aumentar)
 
Por isso espanta-me que alguns blogues que visito diariamente e que me habituei a considerar e respeitar, conotados à esquerda, por exemplo, este e este, embarquem no lamiré de alguma direita da blogosfera a discutir amendoins, quando o que está em causa não é ser do PS, do PSD, ou outro P qualquer. Não é o PS "OPAr" o BCP. Nem tão pouco uma renacionalização.  Ao que se assiste neste momento é a um ataque maquiavélico concertado ao único banco do Estado, e que disputa palmo a palmo o terreno ao BCP. Quais, ou qual o objectivo, ainda não percebi… Quem sabe uma futura privatização?
No fundo, no fundo, estes aqui e mais estes, até estão a esfregar as mãos de contentamento!