"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No dia a seguir ao Governo ter baixado o juro nos certificados de aforro para ver se o pagode fugia com as poupanças para a banca Marcelo pediu à banca "um esforçozinho" para um aumento das taxas de juro nos depósitos porque o pagode está a fugir para os certificados de aforro, quando toda a gente esperava que a caixa, o banco do Estado, aumentasse as taxas de juro sobre os depósitos e assim pressionar a banca privada.
"Um esforçozinho" para não sentir uma vergonha imensa pelo Presidente fala-barato que age como se fosse primeiro-ministro e como se todos os actos da governação de si dependenssem; "um esforçozinho" para não sentir uma vergonha imensa por um Governo alegadamente socialista mais rápido que a própria sombra a satisfazer desejos de banqueiros e uma eternidade perante a degradação do Serviço Nacional de Saúde e da saúde dos portugueses.
Não bastou o resgate aos bancos alemães e franceses mascarado de "ajuda a Portugal e à Grécia"; não bastou a transformação da dívida privada em dívida pública; não bastou a "linha de recapitalização da troika"; não basta o financiamento dos bancos pelo Banco Central Europeu a uma taxa de juro negativa, inferior à inflação, para despois emprestarem aos Estados a taxas de juro substancialmente mais altas; não. Ainda foi preciso o Estado, que precisa de financiamento como de pão para a boca, cortar nas taxas de remuneração dos seus produtos fiinanceiros – Cerificados de Aforro e Títulos do Tesouro, de forma a torná-los aos olhos dos depositantes e aforradores menos apetecíveis que os depósitos a prazo e os produtos e aplicações da banca privada, os mui famosos "produtos tóxicos" que deram origem à crise financeira.