Um "Viva!" ao fim da Festa
por josé simões, em 27.11.06
Correndo o risco de ser politicamente incorrecto, estou de acordo com o fim da “Festa da Musica”. E nem sequer vou entrar pela questão da subsdio-dependencia tão na agenda politica nacional.
Poder-se-iam pedir a Isabel Pires de Lima explicações do porquê, mas sendo a Ministra da Cultura uma das “bête noire” deste governo, por mais claros e honestos que fossem os argumentos, temo que seriam uma espécie de “Sermão aos Peixes” nos ouvidos dos opinion makers do Condado.
No entanto algumas pistas foram e são deliberadamente ignoradas.
Em entrevista ao “Expresso” de sábado passado, Isabel Pires de Lima, apesar da decisão de acabar com o evento não ser sua e de sublinhar que o Ministério por si presidido não interferir em questões de programação do CCB, deixa cair: “ (…) um orçamento que não deve ser esgotado em dois terços num período de três dias.”
Não está de parabéns António Mega Ferreira, presidente do Conselho de Administração do CCB, pela gestão da entidade. A decisão de acabar com o evento só foi tomada devido ao garrote orçamental, senão continuava tudo na mesma; vivia-se acima das possibilidades, subvertendo a ideia original (à portuguesa) da iniciativa importada de França, que é integralmente financiada por mecenas privados.
È caso para dizer, abençoado garrote. Ou recorrendo a uma expressão popular: “Não há dinheiro, não há palhaço!”.
Dois terços de um orçamento duma entidade como o CCB, é muito orçamento para gastar num abrir e fechar de olhos de 3 dias.
Passa pela cabeça de alguém a quantidade de eventos de elevadíssima qualidade, possíveis de organizar ao longo de um ano, com 1, 2 milhões de euros de orçamento que foi o custo da edição de 2006 da “Festa da Musica”?
Acho que até deve passar… Mas convém ter em conta que as cabeças por onde passa, são as que acham natural que continuemos a gastar o que não temos; o Estado paga. O Estado Providência elevado ao seu mais alto expoente!
Ainda no “Expresso”, a propósito do fim da “Festa da Musica”, Duarte Lima: (…) muito contribuiu para levar a grande música à generalidade do público português “.
Ao menos que tenhamos regressado ao tempo de que Lisboa era Portugal e o resto era paisagem…
“À generalidade do público português” ?! 1, 2 milhões de euros?!
Não me recordo de ter havido “Festa da Música” em Setúbal, Évora, Braga, Guarda, etc., etc., etc.
Também não tenho memória de excursões com famílias inteiras que vieram de Bragança, Viana do Castelo, Beja ou Vila Real de Santo António ao CCB para assistir ao evento…
No entretanto, o mesmo semanário lança uma cruzada “Vamos salvar a Festa da Musica!” (no melhor pano cai a nódoa…) que consiste em ouvir a opinião de proeminentes personalidades da vida portuguesa (!). Obviamente todos contra o fim da Festa.
Mais interessante seria o Sr. Balsemão começar já, por disponibilizar uns euritos para a festa, dos lucros das suas empresas do ramo da comunicação social, e com esse exemplo tentar converter outros à causa.