"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A sanha persecutória traduzida na cruzada diária do camarada Vital contra o governo grego, eleito em eleições livres e democráticas mas que ainda assim nunca é o governo grego mas o governo do Syriza [agit-prop pura], explica-a aquela coisa de "um fulano em pequenino ser revolucionário e radical de esquerda mas há medida que vai envelhecendo que vai perdendo a vitalidade ficar conservador e radical de direita [com "sentido de Estado" e "arco da governação", ler tratar da vidinha, porque "em pequenino não conta"], ou explica-a antes Freud, pelos cursos de quadro frequentados pelo jovem Vital e o choque histórico entre estalinistas envergonhados [herdeiros do leninismo que escondeu Estaline dentro da gaveta das moções ao congresso], e trotskistas e literatura sobre radicalismos pequeno-burgueses de fachada socialista? Podem tirar o o camarada Vital do PCP mas o PCP continua vivo no camarada Vital?
Como já lá existia uma antiga fábrica, nada melhor para requalificar a zona que a construção de um centro comercial com um parque de estacionamento à volta para aí tamanho do estádio da Luz e servido por uma via rápida; «pequenas alterações», dizem.
Nunca lhes passou pela cabeça que a melhor maneira de requalificar a zona fosse pura e simplesmente demolir a fábrica, limpar os terrenos e devolvê-los à natureza e às populações, como forma de corrigir uma barbaridade ambiental e aumentar a qualidade (de)vida.
Se calhar passar pela cabeça passou, mas e depois a joint-venture construção civil/ partido que é sempre muito útil para financiamentos vários em campanhas várias?
A esta prosa que cheguei via João Tunes, e cujo post assino por baixo, só me resta acrescentar uma coisa.
Todos os anos são milhares os portugueses que trilham novamente os caminhos da imigração. Tudo seria muito mais saudável – para os que partem e para os que por cá ficam – se, ao invés da imigração ser aos milhares, fosse às unidades.
O PS de Ferro, Pedroso & Ana Gomes, à época, não incomodava ninguém. E de tanto não incomodar até se atrapalhava a si próprio. Barroso dá de frosques para Bruxelas e Ferro dá de frosques do PS zangado com Sampaio pela opção Santana Lopes. Que foi o que se viu e que proporcionou ao PS a primeira maioria absoluta da sua história, com Sócrates a liderar, depois de ter ganho o partido com uma goleada à antiga.
E por demais óbvio que quem beneficiou da suposta decapitação politica do PS foi… o PS de Sócrates.
Era (é) aqui que Ana Gomes quer chegar?
(Na foto roubada no New York Times, Estaline, o mestre da Teoria da Conspiração, retocando, retocando, retocando o negativo, até ficar sozinho…)
Assim sendo, e segundo entendi – corrigiam-me se estiver enganado –, é legitimo que quando uma greve é decretada, todos sem excepção sejam obrigados a fazer greve, estejam ou não de acordo com os fundamentos e reivindicações, e de caminho legitimem-se também as bordoadas generosamente distribuídas pelos piquetes de greve nos “amarelos fura-greves”. Afinal os benefícios adquiridos com a luta são para todos sem excepção…
E nunca é demais insistir: também uma taxa para financiar os partidos políticos. Afinal são sempre a mesma meia-dúzia de militantes que se esforça e labuta na militância partidária e nas campanhas eleitorais para o “bem comum”.
Ouço no telejornal que, o CDS/ PP apresentou um conjunto de recomendações ao Governo, com o objectivo de combater o fenómeno do carjacking.
É compreensível. Enquanto o povo andar embasbacado com as notícias do carjacking e do primeiro assalto do género em Vila Real, com honras de abertura de telejornal e tudo, não se lembra de outro fenómeno bem mais preocupante e que dá pelo nome de documentojacking ou fotocópiajacking.
(Na foto fanada ao Daily Telegraph, o príncipe Carlos, antes de ser “O Orelhas”, com a sua Excelentíssima mãe-Rainha)
Cada um é livre de exprimir as suas opiniões e de argumentar com os seus pontos de vista e interpretações como muito bem lhe aprouver. São as regras da Democracia; diz-se. Agora gozar, perdão, insultar a inteligência dos portugueses… há limites para tudo!
“vai depender de negociação colectiva”. Qual negociação colectiva? Para haver negociação implica haver duas partes, e um jogo de cedências mútuo, até se alcançar um entendimento. O que acontece na Função Pública, aliás, à imagem do que vem acontecendo de há muitos anos a esta parte no sector privado é, o patrão (no caso da FP, o Estado) apresenta a proposta, os sindicatos contrapõem; o Governo (ou o patrão) aplica a sua proposta inicial, unilateralmente, e como medida administrativa. Hajam as greves que houverem; hajam os protestos que houverem. Ponto final.
Somos todos bastante crescidos e adultos para dispensar as gozações do sr. Vital Moreira; que aliás sabe bem do que estamos todos a falar. Ou como diz Jorge Coelho na entrada d’A Quadratura do Círculo: “Há muita fraca memória na política…”, e Vital Moreira já se esqueceu por onde andou antes de ser o Vasco Graça Moura de Sócrates???
Este argumento é muito primário – era para escrever manhoso… –, nada digno de um constitucionalista e professor universitário. Para um argumento primário, uma interpretação e duas perguntas também primárias. Recorrendo ao futebol, a ideia que se quer fazer passar é, que podemos sempre rescindir o contrato e deixar de jogar neste campeonato. A questão que se levanta é onde vamos passar a jogar depois; no campeonato do Mercosul? E ainda há outra questão não menos importante: E depois, caso enveredássemos pela rescisão, haveria indemnizações compensatórias a pagar ao clube pelo dinheiro – e que não foi tão pouco como isso – na nossa formação como jogadores?
Como já aqui foi escrito, o blogue é contra o referendo, este e outros; mas este argumento – e agora é que é –, é muito, mas mesmo muito manhoso!
Que haja respeito pela inteligência das pessoas é o mínimo que se exige; o povo não é “qualquer coisa” para ser levado ao sabor da capa, assim ao jeito de um animal na festabrava.
“Os que defendem o referendo sobre o Tratado de Lisboa já experimentaram lê-lo? E acham que algum cidadão comum consegue passar da segunda página? Não será tempo de deixar de brincar aos referendos?”
Sou contra os referendos como instrumento de consulta e decisão; defendo que em democracias representativas como a nossa, as decisões devem ser tomadas em sede própria – a Assembleia da República. Nunca fomos chamados a dar opinião em assuntos europeus, nem sequer sobre a adesão à então CEE, agora que já lá estamos – como na cantiga dos GNR – e como europeísta convicto, defendo que devemos ir no barco até ao fim.
O que se depreende das palavras de Vital Moreira, e ao contrário do que se possa pensar, não é que o povo é inculto e sofra de iliteracia em assuntos de leis, tratados ou constituições, o que ele nos diz direito por linhas tortas é que, após dois chumbos em referendo – Holanda e França – se optou por passar as coisas ao papel, de tal forma que seja impossível ao “cidadão comum passar da segunda página”. E isto é que é grave. Confirma a ideia geral que em matéria de construção europeia o povo é dispensável.
Como já disse, por mim dispenso o referendo; mas isso sou eu. O que não dispenso são as explicações dos políticos sobre as matérias constantes no Tratado. E também aceito sem qualquer objecção que o povo seja chamado a dizer de sua justiça sobre se o quer ou não. Como pode ser lido no programa do actual executivo: “O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deve ser precedida de referendo popular.”
Se José Sócrates anda ofendido com o povo, como disse na célebre manif. de Montemor-o-Velho: “confunde o direito de se manifestar com o direito de insultar”, e não quer que lhe continuem a chamar mentiroso em todos os sítios a que se desloque, o melhor é não se esquecer do que apresentou no programa de Governo.
Post-Scriptum: Projecto de alteração do tratado da União Europeia, aqui, via Apdeites.