|| O III Reich em Lisboa
"nunca tinham sido feitas sequer em animais"
[Richard Baer, Dr. Josef Mengele, and Rudolf Höss na imagem]
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"nunca tinham sido feitas sequer em animais"
[Richard Baer, Dr. Josef Mengele, and Rudolf Höss na imagem]
Culpadas todas as mães e todos os pais que ousam denunciar os abusos sobre os seus filhos quando deviam ficar calados.
Culpadas todas as crianças e jovens adultos que ousaram denunciar os abusos de que foram vítimas quando deviam ficado calados.
Inocente o legislador pelo edifício jurídico cheio de portas falsas e alçapões e esconderijos que vai construindo ao longo dos tempos.
Inocente o investigador pela displicência e superficialidade com que alinhava provas.
Inocente o acusador pelo enfado que estas coisas lhe parecem causar.
Culpados também todos nós porque um é daqui, o outro é dali, e aquele outro é não sei quem, e mais o outro que é não sei quantos.
Inocentes também todos nós porque um é aquele, o outro é não sei quem, e aquele outro que é dali e mais o outro que é dacolá.
[Imagem]
Um sistema judicial que permite que um advogado transite directamente do gabinete jurídico de uma televisão tablóide, líder de audiências nas notícias sobre uma rede de pedofilia, para a defesa de um dos arguidos no processo; um sistema judicial que permite que durante 6 – seis – 6 longos anos advogados de defesa empastelem um processo e um julgamento invocando todas as questões imaginárias e aquelas que estão para além da imaginação; um sistema judicial que permite que um processo possa ter 900 – novecentas – 900 testemunhas, é o mesmo sistema judicial que tem de se explicar perante a opinião pública, contra o risco de criar dano na imagem que a opinião pública tem da Justiça, por causa de um erro informático que deu azo a que o acórdão do julgamento seja entregue com uma semana de atraso em relação ao previsto. Qual foi a parte que eu não percebi?!
O problema é ser tudo muito pequeno - e nem estou a referir a dimensão fisica - uma proximidade (ia escrever promiscuidade mas arrependi-me) muito grande entre poder político, poder judicial e jornalistas (basta ver o tratamento de excepção que os agora condenados, e nomeadamente Carlos Cruz, tiveram nos media enquanto durou o processo,comparativamente com as vítimas), que não permite olhar e ao mesmo tempo manter uma distância de segurança e a necessária independência.
Ao contrário do que se diz por aí, e bastava estar minimamente atento às conversas cruzadas na rua, nos cafés ou nos transportes públicos, a surpresa foi o ter havido culpados e condenados. O resto, e voltando ao início, é conversa do sítio onde tudo é muito pequeno.
(Na imagem Alfred Hitchcock por Sandro Becchetti)
Comparativamente com as vítimas e os outros arguidos, é incrível o tempo de antena que o senhor Carlos Cruz tem nos jornais, nas rádios e nas televisões, todos os dias e a todas as horas.
É imaginar o que seria o mesmo lobby a mesma pressão com um líder dum partido ou um primeiro-ministro, por exemplo, numa qualquer outra situação. Haja respeito.
(Imagem de autor desconhecido)