Terça-feira gorda
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[Caretos de Podence no Facebook]
As escolas estão fechadas para férias; as câmaras municipais, mesmo aquelas onde comemorar o Carnaval não é tradição, dão tolerância de ponto aos empregados; a Autoeuropa dá dispensa, assim como todo o tecido empresarial do distrito de Setúbal, da Visteon à Lisnave, passando pela Navigator [antiga Portucel], Inapa, Secil, etc. ; há empresas onde a terça-feira de Carnaval é considerada dia feriado em contrato colectivo de trabalho [trabalhadores dos transportes rodoviários, por exemplo], mas se há coisa que nunca falha é o Carnaval calhar todos os anos numa terça-feira e todos os anos o PS votar ao lado da direita contra a terça-feira de Carnaval passar a ser feriado.
[Imagem de autor desconhecido]
Panem et circenses [pão e circo] foi inventado pelos romanos como forma de manipular as massas. E Roma começou a desmoronar-se precisamente quando o império deixou de ser capaz de produzir e fornecer pão [ler Heinrich Eduard Jacob em 6000 Anos de Pão] porque circo sempre houve com fartura até aos últimos dias.
Falta o pão nos dias do fim do ditador Maduro.
"O Presidente venezuelano decretou dois feriados nos dias 28 de Fevereiro e 1 de Março, "a pensar na cultura nacional"."
Maduro alarga Carnaval e carrega o cartão da pátria com um "bónus"
[Na imagem o cabeçalho do venezuelano Últimas Noticias]
Faz de conta que a bancada parlamentar do Partido Socialista que chumba a terça-feira de Carnaval como feriado nacional não é a bancada parlamentar que suporta o Governo do Partido Socialista que concede tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval.
Faz de conta que a terça-feira de Carnaval não existe, faz de conta que o país não pára na terça-feira de Carnaval, faz de conta que quem no privado faz a ponte entgre o domingo e a terça-feira não gasta um dia de férias para o efeito, faz de conta que as grandes empresas não têm a terça-feira de Carnaval consignada em contrato de trabalho ou em acordo de empresa, faz de conta que empresas como a Volkswagen Auroeuropa não concedem a terça-feira de Carnaval, faz de conta que o Partido Socialista anda a brincar ao Carnaval.
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[Via]
Post-scriptum: Em conversa com a Shyz, porque é que seria este um "fato de refugiado" e não outro fato qualquer, consta que é por ser uma réplica do fato recebido pelos meninos judeus fugidos da Alemanha nazi para Inglaterra em 1938/ 1939. A etiqueta na gola do casaco servia para anotar o número de registo.
Adenda: É Carnaval e muitos cliques levam a mal
Coerência é a imprensa económica do pensamento único dominante que andou 4 anos a dar améns ao Governo da direita por ter acabado com feriados, tolerâncias de ponto e pontes, que eram feitas às custas de dias de férias que levaram um corte de 5 dias, tudo em nome da produtividade, do crescimento e da recuperação económica do país, nada por causa da mais-valia do patrão e accionista, não ter edição em papel à terça-feira de Carnaval, que não é, nem nunca foi, feriado.
[Imagem retirada do SAPO/ Jornais/ Economia]
Os jornais de economia – Jornal de Negócios e Diário Económico, não tiveram edição em papel, não estavam nas bancas, hoje, terça-feira de Carnaval, dia útil, dia de trabalho. Alguém devia fazer alguma coisa acerca disto, privatiza-los, por exemplo. Os calaceiros. Pensam que o país vai lá com descansos e carnavais. É que nem o CDS de Paulo Portas – o partido dos feriados, foi tão longe.
Em 6 de Outubro de 1974, decorria o PREC [período revolucionário em curso], é proposto pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves e pelo ministro do Trabalho Costa Martins "Um dia de trabalho para a Nação". Um domingo é transformado em dia útil de trabalho oferecido gratuitamente pelos trabalhadores ao país. A adesão é significativa […]»
Trinta e nove anos depois, em Fevereiro de 2013 decorre outro PREC [período reaccionário em curso] e, à semelhança do que já tinha acontecido em 2012, para que a tradição se cumpra, como forma de salvar as economias locais e os investimentos efectuados pelo poder local, o povo, as autarquias, as empresas, ignoram olimpicamente a recusa do Governo Pedro Passos Coelho/ Paulo Portas em dar tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval, a pretexto do aumento da produtividade e da situação de emergência financeira em que o país se encontra.
O povo, definitivamente, perdeu o respeito a um Governo que não respeita o povo, que não tem a mínima noção daquilo que anda a fazer nem das implicações e dos danos colaterais provocados por aquilo que faz.
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Carnaval sem cabeçudos, Governo sem cabeçudos, Parlamento sem cabeçudos.
[Imagem de autor desconhecido]
O pão, que não é distribuído gratuitamente, começa a faltar no circo que vai acabar. Lições de História precisam-se.
[Imagem Parade Snapshots, circa 1935, collection Jim Linderman]
No Dia Internacional da Mulher dizia, em directo para o telejornal, um elemento da organização do Carnaval de Torres ‘O Mais Português de Portugal’ Vedras que as matrafonas surgiram nos idos de 1921 porque, como «as mulheres não podiam sair de casa” (sic), os homens começaram a travestir-se para colmatar a ausência feminina, uma vez que, e isto já sou eu a especular, Carnaval sem a presença do mulherio não é Carnaval. Cabeçudos sempre houve, sempre puderam sair de casa, dos castrati [oficialmente] não há memória. Não é todos os anos que o Carnaval calha no Dia Internacional da Mulher.