"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Carlos Zorrinho chega atrasado ao Conselho Nacional do PS porque "boa noite, vim agora de um programa televisivo", que isto de ganhar a vida custa a todos, e cruza-se nas escadas com Francisco Assis com quem troca umas breves palavras e que sai mais cedo do Conselho Nacional do PS porque "eu tenho que me ausentar mas ainda espero voltar, tenho um programa eh eh [sic] na televisão e tenho de ir para lá", que isto de governar a vida custa a todos.
Se os próprios conselheiros nacionais não têm respeito pelo partido quem é que vai ter?
«Isso não vai criar uma justiça a duas velocidades? Uma para cidadãos estrangeiros, outra para…
Não, não, haverá uma justiça para grandes investimentos [enfatizado com um grande gesto de braço e mão] e se calhar uma justiça um pouco mais lenta mas até pode ser que haja uma boa contaminação para investimentos mais pequenos» [A partir do minuto 02:28]
Do ponto de vista de Saldanha Sanches, "Arnaldo Matos, o Educador da classe operária" vs. "José Sócrates, o Educador dos taxistas", ou no sentido pejorativo do termo "taxista", recorrentemente utilizado pelos políticos e comentadores e paineleiros televisivos e políticos-comentadores-paineleiros para denegrir e desvalorizar a opinião do adversário, de que José Sócrates escreve conversa de taxista para taxista ler? Quer de uma maneira, quer de outra…
Da boca de um ex-secretário de Estado de José Sócrates, ex-líder parlamentar da bancada do Partido Socialista, his master's voice de António José Seguro, aquele que tem vergonha da história, do legado político e do passado recente do seu partido, merecia pelo menos um esclarecimento extra 140 caracteres.
O PS saúda o acórdão do Tribunal Constitucional por ter declarado inconstitucionais algumas das novas normas do Código de Trabalho a um pedido de fiscalização sucessiva apresentado pelo PCP, Bloco de Esquerda e Verdes, numa votação que mereceu a abstenção… do PS.
Fizeram "um combate político" e, como as propostas de alteração apresentadas não foram aceites pela maioria, foram às suas e não se fala mais nisso. Deve ser a isto que se chama unidade no combate e na acção e "maioria de esquerda".
Ao invés de andar a declarar que a vitória é por mais um voto que o partido no poder e pela conquista da presidência da Associação Nacional de Municípios, assobiando para o lado pelas autarquias emblemáticas que vai perder – para o PSD e para a CDU, ou deixar de conquistar – também para o PSD e para a CDU, capitais de distrito e grandes centros urbanos, o PS parasse para pensar por que razão, por que razões não descola, nas sondagens, do partido do pior Governo da história da democracia, apoiado pelos dois piores grupos parlamentares de que há memória, com o maior défice de cultura política e democrática [maior défice cultural também], desde a Constituinte de 1975, e responsável pela maior dose de austeridade por que algum português vivo alguma vez passou, e pelo maior retrocesso económico e social de que há memória, se calhar não era necessário um apelo patético ao voto.
Ver Carlos Zorrinho, o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição, no telejornal que antes era do Mário Crespo e agora é de uma rapariguita de quem não me consigo lembrar o nome, dizer que movimentos como o de Beppe Grillo devem ser integrados no funcionamento dos partidos.
O que o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, parece não perceber, e nisso é acompanhado por todos os líderes parlamentares de todos os partidos e respectivas bancadas, é que o problema não reside nos custos da Democracia mas, e sobretudo nos tempos que correm, nos custos com estes protagonistas e com esta Democracia. Mas aí, e aqui, já não há nada a fazer, é tarde demais, mesmo explicando ao povo as medidas muito bem explicadinhas como é moda agora dizer-se.
Adenda: Vir, nesta altura do campeonato, falar em diminuição do número de deputados não é populismo. Argumentar com o dinheiro gasto nos carros do grupo parlamentar é populismo. Chama-se a isto ir à merda com dois pauzinhos.
Pressão é começar a fazer contas de subtrair logo a partir do dia 15 de cada mês; pressão é aguentar tudo e mais alguma coisa ao patrão, perdão, ao empresário, porque se tem lá em casa 2 filhos para alimentar e educar; pressão é ir de férias sem subsídio e na volta encontrar a fábrica fechada porque sim. Querem falar sobre pressão?
«Ricardo Rodrigues é um grande deputado que teve um acto irreflectido sob pressão e saberá tirar disso as consequências com elevação.», Carlos Zorrinho dixit.
Uma grande vitória da sociedade civil e do cidadão anónimo, que se soube mobilizar, transversalmente e fora das baias e disciplinas partidárias e/ ou ideológicas, e ir à luta através das redes sociais [arghhh que nome mais manhoso], através do Feiçe Buque e do Tuita e, principalmente, através dos blogues, onde em posts, uns mais técnicos que outros, o Projecto de Lei 118 aka Projecto Canavilhas foi dissecado e desmontado até á última vírgula. Parabéns para todos nós.
Mais curioso que saber quem é quem que, na casa da Democracia, integra organizações de carácter mafioso que, sob a capa do esoterismo, reúnem e conspiram para retalhar o Estado de Direito em negociatas de amigos, é ver as reacções nos blogs e dos paineleiros dos debates televisivos, mais ou menos comprometidos com os dois partidos do bloco central, às notícias: entre a desvalorização jocosa e o pura e simplesmente ignorar.
Já mais fácil é aumentar os custos extra na factura do consumidor, camuflados de incentivo ao investimento e, como que por artes mágicas, transformados nos salários e prémios obscenos recebidos pelas administrações e pelos accionistas da EDP e da REN.
(Na imagem “… drugs & rock n’ roll”, autor desconhecido)