"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Nunca quem tem uma casa, nunca quem tem um crédito a um banco, pagou tão pouco como hoje. Estamos a falar em termos históricos, não em termos de um ou três anos. O atual ambiente de nível de taxas de juro nunca foi tão baixo"
Paulo Macedo, que é principescamente pago pelo contribuinte para fazer bem feito o trabalho para o qual é pago, vai receber um prémio de gestão por ter aplicado taxas e taxinhas a pensionistas, reformados, e funcionários públicos em todas as operações bancárias existentes na Caixa Geral de Depósitos e em todas as que no futuro vierem a ser inventadas, e por ter metido os depositantes a pagar ao banco para usar as suas economias, mal habituados que estavam a receber juros por emprestarem dinheiro à Caixa, vulgo depósitos. Muito bem.
Se um desses quaisquer tropa fandanga responsáveis por decidir empréstimos de 3 500€ num balcão qualquer da Caixa Geral de Depósitos alegar que não se lembra do empréstimo que decidiu e que correu mal a gente até acredita, devem haver milhares de pedidos dessa ordem todos os dias, vai-se lá lembrar daquele especificamente?
Se o Governador do Banco de Portugal alega não se lembrar da autorização dada pelo banco central que governa para a entrada de Joe Berardo no capital do BCP, com um empréstimo contraído no banco do estado no valor de 350 milhões de €, mesmo que posteriormente corrija para não ter estado na reunião que o decidiu, está a mentir com quantos dentes tem na boca porque não é todos os dias em que um valor daquela ordem aparece em cima da mesa das reuniões.
E se Vítor Constâncio mentiu é porque tem/ tinha a clara noção de que o que estava a ser feito não era correcto. Tão simples quanto isto.
Passam uns quantos cheques sem cobertura e têm o nome escarrapachado no sítio do Banco de Portugal e impresso em papel atrás do balcão de todas as lojas do país.
Atrasam-se num pagamento, qualquer que seja o motivo, que o Fisco só vê números de contribuinte não vê corações, e ficam com o nome em exposição no online das Finanças.
Injectamos 23,8 mil milhões na banca nos últimos 12 anos e a lista dos ladrões é "segredo de Estado", não autorizada a consulta pelo escudeiro dos banqueiros, em flagrante desrespeito pelos representantes eleitos pelas vítimas do roubo em eleições livres e democráticas, e que ainda se dão ao luxo de pagar com o dinheiro dos seus impostos o principesco salário a quem, no Banco de Portugal, devia ter por princípio último zelar pelos supremo interesse dos contribuinte e não por fechar os olhos ao fartar vilanagem dos banqueiros.
Como diria o malogrado "camarada" Arnaldo Matos, "é tudo um putedo".
Se as comissões parlamentares de inquérito em Portugal tivessem o mesmo peso institucional e o mesmo valor jurídico que as comissões de inquérito do Senado norte-americano os Berardos desta vida pensavam duas vezes antes de se deslocarem ao Parlamento para gozar com a cara de todos os portugueses que lhes garantem com esforço e sacrifício um nível de vida acima das suas possibilidades. [E não nos estamos propriamente a referir à foto que ilustra o texto].
Todas as privatizações de sectores estratégicos da economia começaram com uma abertura a "investidores" privados, a maioria do capital detido pelo Estado, e uma blindagem estatutária ou "golden share" a impedir o privado de ultrapassar 49% do capital da empresa ou da sociedade.
"Presidente do PSD admite que a Caixa Geral de Depósitos pode vir a ser alvo de privatização, mas mantendo a posição de maioria do Estado."
Independentemente da responsabilidade política e da responsabilidade dos políticos, nomeados administradores pelo cartão da universidade do partido, do ponto de vista de quem passa 25 anos a trabalhar para pagar escrupulosamente o empréstimo que contraiu e que de repente se encontra numa situação de desemprego, ou com salários em atraso, não interessa, numa situação de incumprimento, e vê o olho da rua como habitação e o banco a ficar-lhe com a casa, às vezes já paga, o resto eram os juros, dar de caras com Joe Berardo, um dos metralhas da Caixa Geral de Depósitos, na porta da Quinta da Bacalhoa a receber Manuel Luís Goucha com sorriso de orelha-a-orelha enquanto o contribuinte se desunha para injectar 13, 4 mil milhões de euros na banca.
Sete - 7 - sete do PSD, quatro - 4 - quatro do PS, dois - 2 dois do CDS. O mui famoso e badalado "arco da governação", sem o qual Portugal ainda estava a sair do feudalismo. Acusa a direita radical o PCP e o BE de "hipocrisia" por quererem uma Comissão Parlamentar de Inquérito que não queriam à Caixa Geral de Depósitos.
[Na imagem manchete do Correio da manha em 26 de Janeiro de 2019]
A propósito do post "E se fossem gozar com quem vos talhou as orelhas?" diz-me o João Galamba no Twitter que "O retorno é sobre o investimento no banco que é do Estado, não nos bancos que não são". Pois bem, que seja. E então já que não há retorno do dinheiro do contribuinte, enterrado a fundo perdido num banco privado propriedade de um fundo abutre a quem o Estado pagou para ficar com o banco, porque é que não ficámos, nós, o Estado, o contribuinte, com ele como pretendiam Bloco de Esquerda e PCP? Se era para ter prejuízo era preferível ficar com o banco do que pagar para o vender, certo? Ou nem por isso quando o medo e o respeitinho é muito bonito é condição para não invocar o interesse nacional e bater o pé a Bruxelas.
Se "O retorno é sobre o investimento no banco que é do Estado, não nos bancos que não são", ler a Caixa Geral de Depósitos, e uma vez que o dinheiro não se evapora de dentro dos cofres dos bancos, por que razão ou razões, o Estado, o dinheiro dos contribuintes, nós todos, os accionistas do banco do Estado, os tais que segundo o ministro Mário Centeno vão investir na mira do retorno, não podemos saber para onde é que foi o dinheiro que estava na Caixa e deixou de estar, para os bolsos de quem, e quem é que autorizou que o dinheiro passasse de um lado para o outro?
"Sem o efeito Caixa, o défice foi apenas de 0,9%, um valor que fica abaixo do previsto pelo Governo e supera já a meta traçada pelo Executivo para este ano."
"Não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades", Cavaco Silva em Maio de 2011, prontamente secundado pelo presidente do Lloyds Bank, Horta Osório, por Vítor Bento, conselheiro de Estado e o escolhido para presidir o BES, e por Pedro Passos Coelho no encerramento do XIV congresso regional do PSD-Madeira.
Porque assim as pessoas vão ficar a saber os nomes da[s] razão[ões] por detrás de não haver dinheiro para nada, nem para a saúde, nem para a educação, nem para pensões e reformas, enquanto continuam a ser impostadas e taxadas para pagar créditos ruinosos concedidos sem garantias que não fossem as do amiguismo, do compadrio e do clientelismo partidário, enquanto lhes apregoavam as virtudes das boas contas, da sobriedade e da vida regrada e austera.