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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Uma fogueira

por josé simões, em 22.10.09

 

 

 

Só não vão todos para a porta da Editorial Caminho gritar palavras de ordem e fazer fogueiras com os livros não é por que não lhes apeteça, é porque têm vergonha.

 

(Imagem de autor desconhecido)

 

 

 

|| O idiota útil que dá (o corpo) a cara

por josé simões, em 20.10.09

 

 

 

Martim Moniz ficou para a História de Lisboa e de Portugal como o herói que se sacrificou morrendo entalado no portão do castelo de S. Jorge para impedir que o mesmo fosse fechado e assim possibilitar que D. Afonso Henriques e os Cruzados tomassem a cidade aos mouros. A verdade é outra: é que Martim Moniz era o que ia à frente e foi empurrado pela turba. No PSD e no que toca a coisas das letras em particular e das artes em geral há sempre um Martim Moniz que é empurrado para morrer na aduela do portão. Foi assim com Sousa Lara, o ajudante de Santana Lopes no Governo de Cavaco Silva – também falou em nome individual, e foi assim na Assembleia Municipal de Mafra – o PSD nacional também não teve nada a ver com o caso.

 

(Imagem de autor desconhecido)

 

 

 

|| "a Bíblia é um manual de maus costumes (…)"

por josé simões, em 19.10.09

 

 

 

Segundo percebi, manifestações contra os cartoons de Maomé são inadmissíveis porque a liberdade de expressão e a separação entre o Estado e a Igreja são bens preciosos e grande conquista da graaaaande civilização Ocidental, mas José Saramago dizer o que lhe vai na alma, é um inadmissível ataque sem pés nem cabeça à Santa Madre Igreja da parte dum velho com os pés pra cova e ainda por cima incorrigível comunista.

 

Aplicar a sharia é sinónimo de primitivismo e obscurantismo e fundamentalismo e um claro desrespeito pelo Estado de Direito e pelos Direitos Humanos, mas condenar alguém à morte por consulta efectuada na Bíblia ninguém ouvir falar. Quê? Onde? Eu?!

 

Como diz “o outro”: “Como eu os compreendo!”

 

 

 

 

 

|| Caim

por josé simões, em 18.10.09

 

 

 

Mesmo sem ter lido o livro – o que espero vir a fazer – e estando 100% de acordo com o que aqui se diz e escreve, como soi dizer-se: “Saramago sabe muito mas anda a pé”. O livro teria de ser rigorosamente Caim, o criminoso. Nunca Abel, o inocente.

 

Escreve Karl Marx no capítulo “Teoria da Mais Valia” do Capital:

 

«O criminoso produz crimes. Se olharmos mais de perto as relações que existem entre este ramo de produção e a sociedade no seu conjunto, ultrapassaremos muitos preconceitos. O criminoso não cria apenas crimes: é ele que cria o direito penal. (…) Mais: o criminoso cria todo o aparelho policial e judiciário – polícias, juízes, carrascos, jurados, etc. – e estas diferentes profissões, que constituem igual número de categorias da divisão social do trabalho, desenvolvem diferentes faculdades do espírito humano e criam ao mesmo tempo novas necessidades e novos meios de as satisfazer.

  

O criminoso cria uma sensação que participa da moral e do trágico e ao fazê-lo oferece um «serviço», mobilizando os sentimentos morais e estéticos do público. Não cria apenas tratados de direito penal: cria igualmente arte, literatura, ou seja, tragédias, sendo disto testemunhas não só La Flaute de Müllner e Les Brigands de Schiller; mas também Édipo e Ricardo II. O criminoso quebra a monotonia e a segurança quotidiana da vida burguesa, pondo-a assim ao abrigo da estagnação e suscitando a interminável tensão e agitação sem a qual o estímulo da própria concorrência enfraqueceria. Estimula assim as forças produtivas (…).

Descobrindo incessantemente novos meios de se dirigir contra a propriedade, o crime faz nascer incessantemente novos meios para a defender, de modo que o criminoso dá à mecanização um impulso tão produtivo como aquele que resulta das greves. Para lá do domínio do crime privado, teria o mercado mundial nascido se não houvesse crimes nacionais? E as próprias nações? (…).»

 

Leitura aconselhada. Ver também Marxismo em estado puro

 

(Na imagem Malcolm John Taylor aka Malcolm McDowell em A Clockwork Orange)