Haircut One Hundred
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O poder sempre teve um problema com o cabelo. Na tropa é rapado à chegada e nunca tem ordem de grande crescimento até à hora da saída. Durante o PREC, quando a autoridade dentro dos quartéis andou pelas horas da amargura, os tropas deixaram crescer abundantes guedelhas e fartas barbas e patilhas, é ver as fotos da época. Reza a história que o botas de Santa Comba mandava ministros e secretários de Estado comprar um chapéu. Os hippies deixaram-no crescer até tamanhos nunca vistos, os punks eriçaram-no e meteram cristas à moicano, e os skinheads, antes da conotação política, rapavam-no como imagem distintiva da classe operária e dos imigrantes jamaicanos à margem do sistema. Rui Barros quando chegou a Turim com um vasculho na cabeça, antes de pisar o relvado, foi mandado à barbearia por Agnelli, o dono do clube, e com isso fez abundantes primeiras páginas em Portugal sobre o exemplo do profissionalismo do futebol italiano por oposição à lendária rebaldaria do tugão. À imagem das mulheres tapadas nos países governados por barbudos, também eles com o cabelo enrolado em trapos, em Portugal nos idos do fascismo a mulher andava na rua com um lenço na cabeça, e se enviuvasse era o lenço para sempre nos meios rurais ou em comunidades do litoral como as piscatórias. Quem tinha o cabelo um dedo por cima da orelha era apodado de guedelhudo, daí o cabelo à foda-se ou crescidinho atrás, característicos dos betos, que sem mais nada para se revoltarem, mantinham a aparência da insurgência dentro da ordem da classe a que pertenciam. É ver nos mais antigos que ainda por aí circulam, Balsemão por exemplo, ou nos mais novos de idade mas com a mesma idade mental, Lobo Xavier, João Almeida e restante betaria do defunto CDS.
* Não corto meu cabelo, de jeito nenhum vou cortar
Sou jovem avançado, estou na onda, o que é que há
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"Um preto de cabeleira loira ou um branco de carapinha não é natural. O que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu", rezava o comercial da Olex, a preto-e-branco na televisão única nos idos do fascismo. Hoje, que a televisão é a cores, e são muitas e até há "polígrafos" para confirmar as merdas que são ditas e escritas no Facebook, os pretos usam tranças com missangas, os jamaicanos, pretos ou brancos, usam rastas, os japoneses o cabelo escorrido e tiram muitas fotos de vários ângulos para decorar as paredes das barbearias, e o bigodinho debaixo do nariz, a mosca, popularizado pelo austríaco de tamanho pequeno e cabelo escuro, é de uso democrático, seja por homens ou por mulheres.
Gwen Stefani accused of cultural appropriation in music video for 'Light My Fire'
Rita Pereira muda de visual e é acusada de apropriação cultural
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Não fosse a tacanhez de espírito e o sectarismo ideológico e tinham percebido a ironia de um post escrito em 4 minutos, incluindo os 30 segundos para descobrir uma imagem no Google.
Se os sintomas persistirem escrevo outro post a relacionar o título deste com a imagem do outro e os comentários na caixa.
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Foi assim com os hippies nos 60s e com as ondas de choque no Portugal, sempre-uns-anos-atrasado-em-relação-ao-que-acontecia-lá-fora, nos 70s pós 25 de Abril, foi assim com as cristas moicano e os arrepiados do punk à "viste o senhorio?", foi assim com os cabelos estilizados e futuristas "Espaço 1999" da new wave, é assim com o cabelinhos à "foda-se" dos betos do CDS, prolongados até à idade da reforma até naqueles que nunca mais se reformam, ler "nunca deixam de andar a saltitar por aí", com excepção dos que vão ficando sem cabelo, era assim nos idos do velho de Santa Comba com quem ousasse ter um dedo mindinho de cabelo por cima da orelha a ser invectivado "vai cortar o cabelo guedelhudo!" nas portas das tabernas. O cabelo sempre foi uma forma de rebeldia e/ ou uma marca identitária e, apesar de o cabelo do camarada Grande Sucessor, filho do camarada Querido Líder, neto do camarada Grande Líder, ser cool e underground, digo eu que nem sou grande fã dos The Smiths, há cabelos e há cabelos e há que cortar veleidades pela raiz e passar o cabelo a ferro como faziam os palhaços Sigue Sigue Sputnik. Eu prefiro fazer coro no pop-samba, com guitarras à la Shadows [que já usavam cabelo à "foda-se" antes de haver CDS e como forma de rebeldia] e com laivos de ye-ye, de José Roberto: "Deixa meu cabelo em paz, Deixa meu cabelo em paz".
«Norte-coreanos obrigados a ter penteado igual ao líder»
[The Smiths na imagem]