"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Em cima o print screen da conta da superstar trauliteira do PCP no Twitter no elogio ao propagandista luso às ordens de Putin com a capa de "jornalista", aquele que acha, diz e escreve, que o 25 de Abril tem dono e que o PS é inimigo da revolução, seguido da notícia da execução a sangue-frio pelas tropas russas do fotojornalista Marks Levin. "a cobrir uma zona de guerra. Mas mesmo na zona de guerra". O PCP que diz não apoiar e invasão russa da Ucrânia, até porque não há invasão coisíssima nenhuma, é uma "operação", magister dixit pela boca de Jerónimo de Sousa, o PCP indignado com o ataque à liberdade de expressão e de imprensa que foi a proibição em espaço da União Europeia das agências de propaganda russas Sputnik e Russia Today, o PCP de onde não sai um pio sobre a proibição da Novaya Gazeta pelo regime de Putin nem sobre os jornalistas que caem como pardais a mando do Kremlin. É a diferença entre jornalismo e propaganda e propaganda e jornalismo numa zona de guerra. Mas mesmo na zona de guerra,
Todos os órgãos portugueses de comunicação social (Rádio, Televisão e Jornais) estiveram, para cima de dois meses, durante todos os dias e por mais de 5.000 horas de emissão a insultar um cidadão português, Bruno de Carvalho, casado, pai de filhos e presidente do Sporting.
O lado positivo desta coisa é que sirva de lição para quando, no futuro, as pessoas sejam chamadas a decidir pelo voto, seja para um clube desportivo seja para o Parlamento.
"Sentido de responsabilidade". A culpa da comunicação social. Eu. A culpa do sobrinho do BESA, do BES, de Angola, do dinheiro do contribuinte ali empatado, não é a marca ideal para prestigiar o Sporting. O Sporting antes de mim. A culpa do Ricciardi, primo do outro, do Ricardo Salgado, não sei se estão a ver, consegue andar aí pelos ontervalos da chuva. A minha família. Os cartilheiros do Benfica. A corrupção no Benfica. A comunicação social ao serviço do Benfica. Eu. A comunicação social, compreendo, atacada na assembleia em Alvalade, querem vingança, mas se puserem a mão na consciência percebem porque é que foram atacados. Não nos deixam trabalhar em prol do Sporting. A minha vida privada e o Sporting e a minha família e eu. Chamei a atenção do Patrício, que até tem uma camisola no museu do clube, e dos outros atletas, que não se insulta nem responde torto a um membro da claque. A minha ex-mulher fugiu com a minha filha mais nova por culpa da comunicação social. O Rogério Alves e o Renato Sampaio. O Presidente da República que andou comigo ao colo e o presidente da Assembleia da República. Eu. O Sporting. O Sporting antes de mim e o Sporting depois de mim. Nunca disse aos membros da claque para não insultarem a atacarem jogadores, pelo menos do próprio clube. Os actos indiundos [sic]. Eu. O Sporting e a minha família e eu e o Sporting e a minha família. O Miguel Sousa Tavares que me quer ver morto á nascença na primeira página do Expresso e o Sol que me põe a dar ordens para o ataque a Alcochete quando estava com a minha mulher a lutar pelo nascimento da minha filha, aquela que mandei anunciar nos ecrãs de Alvalade antes de um jogo de futebol. O Jaime Marta Soares, dinossauro autarca, diz-me uma coisa e faz outra, coitado nem desliga o telemóvel para dormir. Eu e a minha família e eu e a minha família. Bardamerda para quem não é do Sporting! "Sentido de responsabilidade".
Nunca, mas nunca diz, ou sequer levemente admite, que as coisas são merecedoras dos actos praticados, só justifica, subtilmente, os acontecimentos com as coisas que levaram aos actos, sempre alheias à sua pessoa, sem qualquer causa-efeito.
O curioso, ou sinónimo de patologia grave, é a constante mistura dos planos familiar, profissional e clubístico para justificar cada acção ou como vitimização.
Luís Filpe Vieira estava a par de tudo, desde Setembro de 2017, data do início das suspeições dos e-mails, dos vouchers, das toupeiras, do caralho, e data em que o campeonato nacional de futebol 2017/ 2018 nunca devia ter iniciado até ficar tudo em pratos limpos. Bruno de Carvalho não sabia de nada, o braço direito do presidente do Sporting era maneta.
E não só assistem todas as noites aos programas de insulto futeboleiro nas televisões como ainda ligam para chamadas de valor acrescentado a responder a merdas tipo "Rui Santos Pergunta" que só existem na cabeça do imbecil que as coloca à votação.
O presidente-adepto faz a "jota" do futebol nas claques que aplaudem quando o clube ganha e que saem de casa a altas horas da madrugada, faça chuva ou faça frio, para estarem no aeroporto e na porta do estádio a apupar jogadores e apedrejar carros e o autocarro do clube.
O presidente-adepto toma como primeira medida municiar-se de um jornalista-mercenário, bem colocado no meio da comunicação social e com uma boa agenda de contactos, como ministro da propaganda para as redes sociais e para os media.
O presidente-adepto, como todos os irracionais de bancada, acha que o clube tem de ganhar sempre tudo, em todas as modalidades, em todas as provas e competições em que está envolvido.
O presidente-adepto quando a realidade não se ajusta à sua visão fanático-clubista, como todos os bons irracionais de bancada, direcciona a sua raiva e frustração, de forma primária como primário é o seu raciocínio, para os jogadores e equipa técnica.
O presidente-adepto açula os antigos camaradas de armas, os hooligans da claque, como forma de pressão sobre os jogadores e equipa técnica, no pressuposto, básico, de que se sentirem pressionados e com o olho do cu apertado desatam a jogar como foras-de-série e a ganhar jogos desalmadamente.
O presidente-adepto não sabe que o futebol é uma industria que move milhões e que dá emprego, directo e indirecto, a profissionais que honram a entidade empregadora e o salário que recebem no final do mês, e que o tempo do amor à camisola foi no tempo dos pais do presidente-adepto.
O presidente-adepto não sabe, nem quer saber, que depois de toda esta envolvência as marcas e os patrocínios abandonam o clube e as receitas da publicidade e televisões vão pelo cano e que a quotização a pagar as despesas do clube foi coisa nos idos da baliza às costas.
O presidente-adepto desvaloriza activos, jogadores e treinadores, e não cria mais-valias com as respectivas vendas, antes lhes paga indemnizações chorudas por rescisão de contratos com justa causa.
O presidente-adepto, em última instância, consegue que uma hipotética aquisição, jogador ou treinador, pelo historial de "estabilidade e segurança" pense duas ou mais vezes antes de assinar pelo seu clube.
Para mim, para quem "pimenta no cu dos outros é refresco", como dizem os camaradas brasileiros:
- Jorge Jesus merece isto e muito mais, foi esta a sua escolha ainda era funcionário do Benfica.
- Os sportinguistas merecem isto e muito mais, não só elegeram Bruno de Carvalho, em eleições livres e democráticas, como lhe reforçaram os poderes num plebiscito à autoridade do presidente.
- Os sportinguistas merecem isto e muito mais porque a sua equipa ganha todos os jogos, à rasquinha mas ganha, porque Bruno de Carvalho agiu como agiu a seguir à derrota com o Atlético de Madrid para a Liga Europa e porque o Bruno de Carvalho tem razão e ainda foi brando com os jogadores e equipa técnica como ficou provado com o empate caseiro na recepção ao Benfica e na derrota em casa do Marítimo.
- Como não amar um presidente de um clube que não perde oportunidade para invocar a sua condição de sobrinho-neto de Pinheiro de Azevedo, uma irrelevância da revolução de Abril, que fica para a história na alínea "Anedotário Nacional, Capíttulo PREC", tal e qual o sobrinho-neto para o pontapé-na-bola lusitano.
Bruno de Carvalho chama sonso e idiota a Madeira Rodrigues, Bruno de Carvalho chama labrego, trolha e aldrabão ao presidente do Braga, Bruno de Carvalho chama labrego a Rudolfo Reis, Bruno de Carvalho chama bêbado a Miguel Sousa Tavares, Bruno de Carvalho insulta Renato Sanches, Bruno de Carvalho insulta Rui Santos, Bruno de Carvalho insulta Luís Filipe Vieira, Bruno de Carvalho insulta Octávio Ribeiro, Bruno de Carvalho "bardamerda para quem não é do Sporting".
Bruno de Carvalho "assobiar sim. chamar nomes não, vão chamar nomes às famílias deles."
Bruno de Carvalho utiliza os ecrãs do estádio de Alvalade para anunciar que vai ser pai.
Bruno de Carvalho sai do Facebook, Bruno de Carvalho reactiva a sua conta no Facebook.
Bruno de Carvalho vai ao balneário em Chaves pedir satisfações aos jogadores, Bruno de Carvalho acusa jogadores após derrota em Guimarães, Bruno de Carvalho treina Gelson da bancada sobre fuzilamentos para a esquerda e toques em jeito para o lado direito.
Bruno de Carvalho apela aos sócios para não verem televisão nem lerem jornais, Bruno de Carvalho entra em directo num canal de televisão, Bruno de Carvalho fala de improviso aos jornalistas na sala de imprensa a seguir ao jogo com o Paços de Ferreira.
Bruno de Carvalho acusa ex-secretário de Estado da Cultura de não saber ler nem escrever.
Bruno de Carvalho admite sair se não for campeão.
Jaime Marta Soares pede demissão de Bruno de Carvalho, Bruno de Carvalho pede demissão de Jaime Marta Soares.
A haver coluna vertebral no jornalismo de dentro de portas estas coisas eram de resolução fácil: blackout noticioso total a toda e qualquer referência, por mais leve que fosse, à agremiação de Alvalade. Jornais, rádios, televisões, em todas as modalidades e, sobretudo no futebol, na chamada apresentação do jogo, nas flash interviews após o apito do árbitro e na análise ao jogo na sala de imprensa.
Adenda: Não deixa de ser curioso não se ter ouvido da parte do Sindicato dos Jornalistas uma referência, uma única referência ao facto de por detrás desta estratégia se encontrar um seu associado, noutros tempos um paladino da liberdade de expressão e da imprensa livre.
Parabéns a Nuno Saraiva, o jornalista director de comunicação do Sporting, que conseguiu meter Bruno de Carvalho todos os dias a todas as horas em todos os jornais, rádios e televisões numa delineada estratégia de vitimação e pressão sobre os sócios desde o dia da abortada assembleia-geral até ao dia da assembleia-geral do triunfo e do apelo ao boicote à comunicação social.
Parabéns a Nuno Saraiva, o jornalista do Diário de Notícias, anos e anos de pena afiada em libelos pela liberdade de expressão, pela independência da imprensa e dos jornalistas, contra os ataques à liberdade de imprensa, contra os caudillos instalados e no alerta para os aprendizes de ditador à roda do globo.
"No princípio, Deus criou os Céus e a terra. A terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: «Faça-se a luz.» E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas". Génesis, 1.
O personagem que nestes últimos anos deliberada, voluntaria e metodicamente nestes melhor encarnou ["enverdou", para o caso] o que de mais perverso o Facebook tem, abandona a espelunca a lastimar-se da perversidade das "redes sociais".
O personagem que quando acordava de manhã o primeiro pensamento que lhe ocorria era "ora vamos lá ver como é que hoje vou chatear o meu vizinho do lado..." abandona a espelunca a pedir que o deixem em paz.
Adenda: Como alguém escreveu na outra rede, a que não teve o prazer de receber as iluminadas e eruditas dissertações do presidente do Sporting CP, Bruno de Carvalho abandona o Facebook na mesma altura em que as pessoas deixam de assinar a Sport TV.