"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Zelensky "não pode querer tudo", e se calhar é melhor deixar a Crimeia para os russos e não se fala mais nisso, disse Lula da Silva antes de viajar para Pequim, onde vai dizer que o camarada Jinping "não pode querer tudo", deve deixar Taiwan seguir o seu caminho, e que tirar a bota cardada de cima do Tibete talvez não fosse má ideia. Não, não vai. Lula só quer a paZ.
Ver na televisão do militante n.º 1, SIC Notícias, aquele que em tempos chegou a ser considerado o ideólogo da nova direita, o que quer que essa treta possa significar, conjugar novidade e modernidade com direita, dizer que o ataque das hordas de hooligans alucinados de Bolsonaro à casa da democracia em Brasília era mau para a direita brasileira, que ia afastar irremediavelmente eleitorado, que não ia recuperar tão cedo, uma desgraça. A esperança da direita brasileira personificada num fascista que não tem pejo em elogiar os torturadores da ditadura militar, negacionista da pandemia, homofóbico, misógino, racista, com uma base de apoio de terraplanistas, gente que de Bíblia na mão implora a intervenção de extra-terrestres como forma de salvar o Brasil do comunismo, que reza em círculo virada para um pneu que arde no meio, pessoas que foram esquecidas por Deus quando distribuiu a inteligência pela humanidade, seguidores e crentes acéfalos das redes WhatsApp e Telegram propagadoras de fake news e teorias da conspiração a cargo dos filhos do capitão. A nova direita portuguesa e a esperança da direita brasileira é o vale tudo Bolsonaro por ter Paulo Guedes na Economia, aquele que se propunha levar a cabo no Brasil as "reformas" que Pinochet fez no Chile, os fins justificam os meios. Infelizmente isto é para levar a sério.
Quarenta e oito horas depois Bolsonaro, sem felicitar o vencedor e sem assumir a derrota, piou. Quarenta e oito horas depois de líderes mundiais terem felicitado felicitam Lula pela vitória em eleições livres, justas e credíveis. De Marcelo e Costa a Pedro Sánchez, de Macron a Boric, de Arce a Obrador, de Biden a Putin, de Trudeau a Ramos-Horta. Bem sabemos que a história não é feita de "ses" mas e se a comunidade internacional, em todas as latitudes e em todas as famílias políticas, não tivesse rapidamente congratulado Lula qual teria sido o pio de Bolsonaro quarenta e oito horas depois de derrotado nas urnas?
[Link na imagem "Brazil's President and presidential candidate Jair Bolsonaro speaks after the results of the first round of Brazil's presidential election, at the Alvorada Palace in Brasilia , Brazil. Reuters/ Ueslei Marcelino]
Vitória da civilização sobre a barbárie, dia triste para o neo-fascismo e sobretudo ilusionistas liberais, sonsos, que na vergonha de se declararem bolsominions não sabiam escolher entre um democrata e um fascista.
Um exercício para fazer nos dias que correm: perguntar, por esta ordem, a um pantomineiro de direita, e/ ou liberal, o que acha da múmia de Lenine, na Praça Vermelha em Moscovo, e depois o que pensa sobre o coração de D. Pedro na Igreja da Lapa no Porto; repetir a pergunta a um ignorante comunista, ignorante no sentido histórico, da barbárie de 1917 até à morte de Estaline, sobre o coração de D. Pedro e a múmia de Lenine, também por esta ordem. Há coisas fantásticas.
[Na imagem, relíquia de S. Francisco Xavier, autor desconhecido. Título do post fanado]
Cuba, Venezuela, heróis cool, Che Guevara, blah-blah-blah, os valores liberais na pessoa de um rei do séc. XIX transpostos e assumidos por pessoas no séc. XXI, directamente sem "evolução das espécies".
O excelentíssimo presidente da câmara municipal da antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto é genuinamente pateta ou é só mais uma vítima da silly season e do sol a mais na moleirinha?
"Após se terem filiado ao Chega, o partido de extrema-direita que nas últimas eleições conquistou 12 lugares no parlamento português, vários imigrantes brasileiros teriam sido vítimas de atitudes racistas e xenófobas por parte dos seus próprios companheiros."