"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Não se lhe conhece uma ideia digna desse nome para reter "capital humano" qualificado de forma a parar a sangria de jovens altamente qualificados para o estrangeiro, mas quer captar "capital humano qualificado" no estrangeiro, necessário ao desenvolvimento do país, como contraponto ao fluxo migrante de baixas qualificações. E foi aplaudido de pé. Um pantomineiro é isto.
Abre o congresso a dizer que "não é herdeiro de pântanos e bancarrotas", podia ter continuado que também não é herdeiro da desindustrialização, e da liquidação da agricultura e das pescas, mas agora que a tralha cavaquista está de volta isso não dá muito jeito ao homem por ora empenhado a renegar "o meu passado chama-se Passos". Termina o congresso, feito sonso, com um "não insultámos nem diminuímos ninguém, não passamos culpas", só 24 horas passadas. Descontando a turba acéfala que salta da cadeira em aplausos como se tivesse molas debaixo do rabo, o que é que isto acrescenta ao debate? É que herdeiros somos todos, quer pela decisão tomada no boletim de voto no dia das eleições, quer pela desistência de participar e deixar as decisões na ponta da esferográfica de outros.
Francisco Mota, conselheiro nacional do CDS, ex líder da Juventude Popular, candidato a vereador na Câmara de Braga por abaixo-assinado, no Facebook apela a um golpe de Estado que ponha fim ao regime democrático.
Hugo Soares, apoiante de Montenegro e critico de Rio, aproxima-se de Rio porque acha que em caso de vitória nas eleições para a comissão política do partido o nome a indicar para integrar a lista de candidatos a deputados por Braga nas próximas legislativas deve ser o dele.
Uma, duas, três vezes, com fotografia e tudo, a conta Twitter da coligação PSD/ CDS. Três mil pessoas num auditório com capacidade para 1 204. Mentir, mentir, mentir até nas coisas mais banais.
Teoricamente "existe sempre forma de o Estado garantir um recurso ao tribunal por parte de qualquer pessoa que não tenham rendimentos para ver fazer-se justiça no tribunal" mas como na prática há cada vez mais uma justiça para os ricos e outra para os pobres, e com a reforma da camarada von Hafe dos tribunais num raio de 100 km ainda pior [ou melhor, consoante o ponto de vista], "se não têm dinheiro para ir lá, eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal" mesmo que isso possa levar 10, 15 pou mais anos até ser resolvido e mesmo que só esteja a dizer isto porque tenho de dizer qualquer coisa por causa das dezenas de câmaras de televisão e de microfones das rádios que estão atrás de mim e mesmo que daqui a nada já não me lembre do que disse, são tantas que às tantas... Juízo tem o meu camarada Paulo que vem lá atrás escondido e a passar pelos intervalos da chuva, uma coisa que bem tento mas não consigo fazer.
Era desnecessário insultar a juventude com um cargo de embaixador da mocidade. "Mocidade, mocidade, porque fugiste de mim?". O senhor que quando novo já era velho, mesmo para os padrões da juventude, curvada, fardada, ordenada, e obrigado, muito obrigado [cada uma por si ou todas em um] nos idos da sua mocidade.
Absolutamente normal. Eu próprio pago, religiosamente, todos os meses a quota de associado do Vitória Futebol Clube de Setúbal ao meu filho, quando o cobrador do clube me bate à porta. Já agora podiam explicar ao povo ateu das militâncias manigâncias partidárias, se preciso for com um desenho, por que cargas de água é que alguém vai pagar anos de quotização em atraso para poder votar em eleições para o campeonato distrital quando os não militantes e simpatizantes votam de borla para o nacional. É para a venda dos lugares cativos à sombra, debaixo da pala, na bancada central reservada aos associados para o campeonato nacional, ou os militantes têm mais votos quantos mais anos "de casa" como nalguns clubes de futebol?
A importância de uma distrital, longe da "elite lisboeta", como diria António José Seguro, ou como oferecer argumentos aos Marinhos e Pintos, presentes e futuros
Vamos pois abstrair-nos das ideologias, do sofrimento infligido e sofrido, das mortes provocadas e sofridas, das vidas desfeitas e das famílias destruídas, das lágrimas derramadas, e substituir o nome do patriota dos "sete costados" por um outro nome qualquer, de outro patriota qualquer, à escolha do freguês, na infindável lista de patriotas : "Esta é uma homenagem ao cidadão _______________, que era um _______________ dos sete costados. Tudo o resto deve ser abstraído". É fácil, não é? Não custa nada.
Devemos ser a única democracia europeia onde um fascista-bombista é elevado à categoria de combatente da Liberdade, tratado com honras de Estado, e estátua na praça pública por proposta de um executivo socialista, com um argumentário de defesa, no mínimo, fantástico.
E era organizada pelas senhoras das "boas famílias" em lanches de chá, à vez na casa de cada uma, como forma de ocuparem o tempo com qualquer coisa de útil para a sociedade, que desconhecia, pela inexistência, o Estado social. É, mas não é principalmente, a destruição do Estado social, até porque isso lhes está nos genes, é antes a criação e o fomento de milhares de desempregados, como primeira etapa para a miséria, que os devia fazer pintar a cara de preto, ao invés de aparecerem, com orgulho, a dizer que a caridade, rebaptizada de economia social, gera riqueza e dá emprego. Este Governo faz negócio com tudo, até com a miséria alheia. Já experimentaram alugar ou vender as próprias mães?
Por certo estão todos lembrados da actuação da PSP e da GNR, contra tudo o que mexesse, durante o consulado de Dias Loureiro no Ministério da Administração Interna? Esse mesmo, o Dias Loureiro que enquanto o BPN não anda nem desanda, vai de férias para o Brasil com o dô-tôr Miguel Relvas, nos intervalos de aconselhar o primeiro-ministro. Se calhar sobre a forma "correcta e adequada" de usar a polícia na protecção aos cidadãos, com o "ensaio geral" no dia da greve geral frente à Assembleia da República. Agora é só aguardar as explicações do ministro Macedo sobre os profissionais da provocação na manif frente à Escola Secundária Alberto Sampaio em Braga.
Um povo que elege um penteado com voz para primeiro-ministro; um povo que dá a 3.ª maior votação nas urnas a um partido liderado por um vazio de ideias com uma dentadura reluzente num corte italiano com botões de punho, que depois vai fazer maioria num Governo com um ministro que é doutor sem ter andado à escola; um povo que dá 5 – cinco – 5 maiorias a um homem que se rodeou ao longo do percurso político de individualidades que promoveu, primeiro a ministros, depois a conselheiros de Estado, e que construíram uma rede de influências e usaram o curriculum adquirido ao serviço da cousa pública para fundar uma cosa nostra com o nome de um banco; um povo assim do que é que se queixa, do que é que está à espera? Toda a gente sabe que fato de macaco, jorra e biqueira de aço dá mau aspecto, aspecto de romeno, e não cria riqueza. O que cria riqueza é ser doutor, usar fato, ser bem-falante, ter um belo dum penteado e ir a eleições defender o "supremo interesse nacional", e oferecer de bandeja o saque do Estado a personagens sem rosto, doutores com dentaduras reluzentes em cortes italianos com botões de punho. Never ending story.