"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Parece que a Autoridade Nacional de Protecção Civil adoptou como norma para os bombeiros aquilo que é a norma para todas forças de segurança, militares ou civis, em todo o mundo civilizado: haver uma única fonte. autorizada e documentada. para fazer a ligação com os órgãos da comunicação social. Como vão deixar de cair aviões Canadair por dá cá aquela palha e a pedido da urgência do directo e do ser o primeiro a dar a notícia, os palermas, que têm de fazer prova de vida e aparecer às horas certas nos noticários a dizer qualquer coisa por mais imbecil que seja, vêm falar em "lei da rolha".
É eticamente aceitável que Marcelo Rebelo de Sousa, na pele de Presidente da República do Estado laico [como o próprio sublinha no início do spot], a propósito de uma boa causa – ajudar os bombeiros, não se limitar a dar a cara e a voz pela campanha mas também fazer publicidade, todos os dias e a todas as horas, a uma rádio, entidade privada propriedade de uma confissão religiosa?
Vejo na televisão as imagens de um incêndio em Chaves ao mesmo tempo que o repórter em voz-off vai informando que os bombeiros não tiveram descanso durante toda a noite a deixar arder pinhal porque a prioridade é proteger pessoas e bens e depois se ainda houver forças e água e pinhal logo se vê. Logo depois entra a entrevista a um dos defendidos pelos bombeiros durante a noite: “infelizmente temos pinhal por todo o lado”. Por estas horas já deve estar mais “felizmente”, já só há casas. Se isto não é o mundo ao contrário…
“Sorte a deles, que assim têm para onde ir, o Governo ainda não começou a mandar fechar os cemitérios… ainda têm para onde ir… é aproveitar agora para falecer!”