"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Esteve mal o Presidente da República quando salomonicamente dividiu os louros da saída do Preocedimento por Défice Excessivo entre o Governo da direita radical e o Governo da 'Geringonça' ignorando o papel dos blogues, liberais de pacotilha, na doutrinação do pagode e na disciplina do Estado. Quando já pensávamos que tínhamos visto de tudo...
Por falar em "pulhas", ainda sou do tempo dos briosos deputados PSD, na rotunda do Marquês a aplaudir e cumprimentar Mário Nogueira, o líder responsável, na descida da Avenida com um ror de profs e afins atrás de si. Mas, como entre os presentes, não consta ter havido alguma "reacção vagal", já [quase] ninguém se lembra disso.
Verdadeiramente surpreendente, neste Dia da Raça do Ano da Graça de 2014, é o comissário Nogueira não ter estado entre os comendados e medalhados, pelo camarada conivente do Governo na cadeira presidencial, por altos serviços prestados à causa da destruição da escola pública.
Na imagem, e no lugar do "Desculpe, essa página não existe!", devia estar um lamento por o deputado João Galamba não ter sido uma das vítimas mortais do massacre de 22 de Julho de 2011 na ilha de Utoya, onde 68 jovens do Partido Trabalhista Norueguês foram executados pelo activista de extrema-direita e fundamentalista cristão Anders Behring Breivik. Devia estar mas não está porque foi apagado.
Um lamento de @manuelparreira, no Twitter, posteriormente captado pela bloga da direita-liberal-neoliberal-tirar-o-peso-do-Estado-da-economia-contra-os-canhões-privatizar-privatizar e que já foi maoísta-revolucionária-controlo-operário-e-a-terra-a-quem-a-trabalha, e apresentado ao mundo como Vítor Cunha, o "grande educador" do tuita [podem tirar uma pessoa do maoísmo tirar o maoísmo da pessoa é que são elas] e "mestre" do sarcasmo, a ocupar o lugar que lhe é devido ao lado de personagens da intervenção política, não menos educadores e não menos mestres, como Helena Matos, José Manuel Fernandes ou o deputado da Nova Democracia Carlos Abreu Amorim.
A direita que entra em estado de choque e desata a rasgar as vestes e arrancar cabelos por haver quem não ache que Jaime Neves, Maria José Nogueira Pinto, António Borges, ou o cónego Melo, assim de repente estes, sejam dignos de elegias fúnebres e odes post mortem e sinos a repique e os anjos nos céus a bater as asinhas, pela sua mui grande personalidade e vulto e serviços à pátria, a direita que não teve tento na língua e chamou de tudo menos pai a Álvaro Cunhal e José Saramago, estes dois assim de repente, só se salvando Miguel Portas e por respeito à família do chefe, e lamenta que alguém não tenha sido executado, a sangue frio e com um tiro na nuca, só porque pensa de maneira diferente.
Como escreveu João Miguel Tavares nas páginas do Correio da Manha [sem til], outro na pole position para reforçar o blog da bovinidade, "demasiados homens de esquerda olham para demasiados homens de direita como inimigos a abater". Pois.
Fascistas sim, apesar de não se poder chamar fascistas aos fascistas porque os fascistas ficam ofendidos, não por serem fascistas mas por serem cobardes. Na Brigada Helena.
Ainda que com outros predicados, a argumentação, na sua essência, é a mesma da dos carecas de Doc Martens, envolta num papel de embrulho neoliberal e respeitadora das instituições e da legalidade democrática. Há os ideólogos e há a tropa de choque. Sempre houve.
A imigração que contribuiu para que a Suécia fosse ultrapassada por Portugal no Pisa 2012 não é a mesma imigração, a do boom, que nos mesmíssimos anos Portugal recebeu, por via das obras públicas e dos estádios do Euro e das pontes e barragens e da Expo e etc., os tais empregos para moldavos e brasileiros de Manuela Ferreira Leite, e que contribui para que Portugal ultrapassasse a Suécia no Pisa 2012. Os nossos imigrantes não faziam filhos. Ou se os faziam não os punham na escola, vá lá. E os imigrantes dos suecos gastavam o cheque-ensino em bebedeiras e em luxo ocidental.
Arame farpado para os que chegam e um barco de volta para os que estão, na Brigada Helena.
É a ver os "puros", a esquerda "verdadeira"/ "verdadeira" esquerda, como gostam de se denominar, recuperar uma medida emblemática do Estado Novo de Salazar nos 60s do século XX, então a cargo da Caixa de Previdência, os famosos "bairros da caixa" que povoaram o país de norte a sul, e em que trabalhadores [na altura não havia "colaboradores"] de uma mesma empresa se juntavam e construíam um prédio, normalmente com 4 andares, rés-do-chão incluído, e ficavam a pagar uma renda fixa durante 25 anos, renda fixa sim, sem variáveis "taxas de juro" e/ ou aumentos salariais vs. inflação, e ver a direita, herdeira directa mas descendente envergonhada do Estado Novo e da "primavera marcelista", saudosa da ordem e do respeitinho e das coisas arrumadinhas nos seus devidos lugares, que trata Salazar por "o doutor Salazar" com um temor e um tremor reverencial na voz, recusar essa mesma ideia com o argumento dos "custos" e das "implicações" e das "desvantagens para os trabalhadores", para os trabalhadores, leram bem.
Ou é preciso estar de muita má fé ou é preciso ser muuuuuito estúpido [e estou a ser educado] para não perceber que os protestos no Brasil não têm nada a ver com keynesianismo mas com a corrupção e a promiscuidade entre o público e o privado [que idolatra Hayek]; com os negócios milionários do sector privado à sombra do guarda-sol do Estado; com quem jurou servir o povo e defender a Constituição e usa o cargo para o qual foi eleito para daí tirar proveito e enriquecer do dia para a noite. Dito de outra maneira, têm a ver com keynesianismo na medida em que as pessoas nas ruas se manifestam contra a forma como o investimento público é feito, o país do futebol não quer investimento público em estádios de futebol, quer investimento público em saúde e educação. Quer keynesianismo sim, mas noutra direcção e transparente. Não há cão nem gato que não fale de Keynes, que é como quem diz, toda a merda fala de Keynes.
A gente conhece um fascista retardado, de tardio/ atrasado e também de alguém cujo desenvolvimento intelectual está aquém do índice para a sua idade, quando a timeline argumentativa tem início no governo de Marcello Caetano, precisamente quando começaram, a ser dados, ainda que timidamente, os primeiros passos para a erradicação do analfabetismo em Portugal.
O resto é um vómito de invenções causa-efeito, e a explicação do conceito "marcelismo" não é tentativa falhada de humor, é mesmo uma explicação infantil de um bebé adulto para bebés adultos.
Esta gentinha não presta e não tem vergonha na cara.
Que de burra não tem nada [diga-se em abono da verdade benza-a Deus], “ignora” que a Europa tem uma história, que a Igreja Católica tem uma história, que é praticamente impossível dissociar uma história da outra, e “ignora” os milhões de perseguidos, torturados e mortos, na Europa e no resto do mundo [em nome de Jesus ‘O Salvador’ Cristo], até chegarmos aos dias de hoje. Dá-me música que eu estou a gostar de ouvir.
Nos anos de ouro do “triunvirato Pintista” (Adriano, Lourenço & da Costa), quando a Federação Portuguesa de Futebol era joguete nas mãos das Associações Distritais de Aveiro, Porto e Braga por via do poder de voto adquirido na base de quantos mais clubes nos principais escalões do pontapé na bola, mais votos nas assembleias-gerais, e que foi a “base de trabalho” dos sucessivos alargamentos de divisão, de forma a que por cada clube da zona Norte que descesse – ou por cada clube da zona Sul que subisse – de divisão, pudessem entrar dois satélites do FC Porto, assim se construindo a tão propalada “hegemonia” no futebol, nunca destasbocas se ouviu uma palavra de indignação.
Se calhar é porque não havia blogues (nem Twitter) …
Ou o Blasfémias em formato TVI: Largam-se umas bojardas (é “o polvo” é “o polvo” e a puta da asfixia) e isto agora também não interessa nada. (Afinal havia outra...).
Preocupo-me é quando o Estado e o partido são a mesma coisa. Se o partido ganha eleições e forma governo como é que vamos resolver este aparente conflito; recorrendo à heteronímia? No partido somos (são), por exemplo, Ricardo Reis, no Governo, por causa das confusões, somos (são) Álvaro de Campos.