"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
«Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo.»
Conversa “à la Avante!” (façam uma pesquisa ao termo "Birmânia"), órgão oficial dos que reclamam por tudo e por nada por mais Democracia e nos estão sempre a atirar à cara com a luta anti-fascista e com os tribunaisplenários.
“Quantos papagaios do imperialismo informaram os seus leitores de que «Dalai Lama» significa Deus-Rei? Ou de que em 1959, quando da sua última tentativa contra-revolucionária para impedir a abolição da escravatura no Tibete, a família do Dalai-Lama possuía três mil escravos?”
A tentativa contra-revolucionária a que se refere, e pela data, só pode ser a revolta tibetana contra a ocupação de 1950 pelo exército de Mao. As violentas repressões de 1987 e 1989, levadas a cabo pelo exército vermelho contra a população que contesta a ocupação comunista chinesa, também não interessam nada. Assim como também não interessa nada a meticulosa política de genocídio cultural exercida pela China sobre o Tibete e a sua população. O que importa é que em 1959 haviam três mil escravos, contra os actuais 2, 81 milhões…
Este partido, publica este jornal, que como se sabe não é deste mundo. É que até hoje nem um parágrafo, uma palavrinha sequer sobre a Birmânia, ou sobre as recentes manifestações pacíficas violentamente reprimidas pela ditadura / junta militar. No entanto não se coibiram de enviar uma mensagem de saudação ao congresso do PC chinês, aproveitando para fazerem umas queixinhas do género: “Em Portugal, deparamo-nos hoje com a mais violenta ofensiva contra as conquistas democráticas da revolução de Abril de 1974 e os direitos dos trabalhadores” (link aqui). À China, esse exemplo das liberdades, a tomar como referência por todas as nações do planeta.
Camarada Vilarigues, talvez não fosse má ideia pedir asilo político à China; é que em Portugal a liberdade está pela hora da morte…
Adenda: Sobre as liberdades na China, relatório da Human Rights Watch aqui, e dos Repórteres Sem Fronteiras, aqui.
Sobre a Birmânia, continuar a seguir a Amnistia Internacional aqui, com gravações video e audio.
Está em marcha na web uma iniciativa pela Birmânia. No próximo dia 4 de Outubro blogues de todo o mundo vão colocar um post, acompanhado de um banner exigindo liberdade e democracia na Birmânia.
Para aderir à iniciativa clicar aqui; para obter um banner, aqui.
Pela liberdade na Birmânia, escreva uma carta, envie um fax ou um e-mail.
A Amnistia Internacional disponibilizou uma carta modelo (aqui) dirigida a Nyan Win, ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia; pela liberdade de expressão, pela liberdade de reunião, pela liberdade de associação.
Estes homens, e desde hoje estas mulheres também, uma vez que as freiras budistas se juntaram ao protesto, são o símbolo máximo na Birmânia quando se fala em ética e integridade. Protestam contra uma junta militar que há 45 anos oprime um povo e um país.
Ontem Condoleezza Rice disse que «o povo da Birmânia merece melhor. Tem o direito de viver em liberdade, como toda a gente». O que é que a ditadura militar da Birmânia fez mais que a ditadura do partido único na China não tenha feito, para receberem tratamentos diferenciados?
(Uma pergunta desnecessária para uma resposta que toda a gente sabe).
Adenda: Activista dos Direitos Humanos preso em Pequim (Aqui).