"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A gente vê as imagens do Tour de France pela televisão, com as paisagens de cortar a respiração, floresta autóctone e biodiversidade, e fica a pensar "Foda-se que os francius são mesmo burros! O dinheiro que eles podiam ganhar com o "petróleo verde", a plantar eucalipto!"
De uma coisa ninguém pode acusar o CDS, que é a de não ter um modelo de "desenvolvimento" económico para o país. Ou quando Pires 'soldado disciplinado' de Lima, pelo S. Martinho de 2013, anunciou no Parlamento investimentos na ordem dos 150 milhões de euros, 120 milhões pela Portucel e 26 milhões pela AMS Goma Camps, pensavam que os castanheiros iam ficar en su sitio, a dar castanhas para acompanhar a água-pé, e que os eucaliptos vinham por mar, importados em porões de navios, ou que, pelo contrário, se iria liberalizar a plantação do eucalipto e assistir à eucaliptização do país, do Minho ao Algarve?
O ambiente, a biodiversidade e o ordenamento do território têm de ficar para depois que a prioridade é fomentar a desertificação do terrirtório e desertificação humana e aumentar a mais-valia aos accionistas é tirar o país da crise e criar emprego. Os incêndios ficam por conta do Orçamento do Estado que por sua vez fica por conta do bolso do contribuinte.
Adenda: Há dados relativos ao emprego criado pelo investimento de 150 milhões de euros por parte das empresas de celulose? Há dados sobre qual a percentagem da riqueza criada por esse investimento de 150 milhões de euros que foi aplicada novamente na economia e sobre qual a percentagem que foi distribuída pelos accionistas?
As chamas vão continuar a consumir hectares de floresta; o combate às chamas vai continuar a sair do bolso dos contribuintes, para gáudio dis combatentes privados e luto dos combatentes públicos; o combate à desertificação do território, num futuro próximo, também vai sair do bolso do suspeito do costume – o contribuinte; as vidas humanas e a miséria do dia seguinte ficam a cargo dos mesmos de sempre – os que já pagam o combate às chamas e vão pagar a guerra contra a desertificação do território; a biodiversidade fica por conta dos contribuintes das gerações futuras [onde é que eu já ouvi isto?]; as televisões vão ganhar shares de audiência, assim que mudarmos para a hora de Verão, com directos do local do crime e bate-papos da treta com especialistas da tanga; o lucro, esse, já se sabe para quem fica, porque o crime compensa e está consagrado em papel de Lei e tudo. É toda uma indústria à roda do património natural, comum a milhões para benefício de algumas dezenas.